"Aproveitando o momento em que o mundo atravessa, acho oportuno - TopicsExpress



          

"Aproveitando o momento em que o mundo atravessa, acho oportuno recordar algumas idéias do grande pensador José Inginieiros, a respeito do homem medíocre. Toda moral alicerçada em superstições e dogmatismo é própria de mentes primitivas. O rotineiro nada cria; só dos imaginativos é que a ciência espera as suas hipóteses, a arte o seu vôo, a moral os seus exemplos. Os imaginativos e os criadores são a parte dinâmica e viva da humanidade. Os idealistas são precisamente inquietos com tudo o que vivem, com a própria vida, contra a tendência pacífica dos rotineiros. Essa inquietude observa-se nos heróis, nos gênios, nos filósofos. Os medíocres não se agitam com ideais, pois constituem a informe argamassa da humanidade. Nunca foram débeis os gênios, os santos e os heróis. Para criar uma partícula de verdade e beleza, é mister um esforço violento e original contra toda a rotina e os preconceitos fossilizados. Os homens sem personalidades são inumeráveis e vegetam moldados pelo meio, com cera fundida no cadinho social. Sua moralidade de catecismo quadriculado os constrange a uma perpétua disciplina do pensamento e da conduta. Nos temperamentos domesticados tudo parece superfície tranquila, como nos lodaçais. A falta de personalidade os torna incapazes de iniciativas e de resistências. Os domesticados desfilam no tédio de sua insipidez, são zero à esquerda que nada qualificam, para nada servem, nada aprendem e nada ensinam, vão como barco sem leme, ao saber das correntezas. São os que lotam os estádios, enchem os parques e gritam se todos gritam, agridem se todos agridem, choram se todos choram, riem se todos riem. Flaubert definiu magistralmente o homem medíocre: é o que pensa baixamente. O medíocre aspira confundir-se com os que o rodeiam. O medíocre é uma sombra projetada pela sociedade, é por essência, imitativo e está perfeitamente adaptado para viver em rebanho, aceitando preconceitos e dogmatismos úteis para sua curta inteligência. Ele não decide; outros decidirão por ele. Os medíocres não vibram com as grandes obras, com as artes, com as ciências. São frios, mas são serenos; acomodatícios, mas não equilibrados; incapazes de um gesto altivo ou dignificante. Só são perigosos quando em grande número. O valor autêntico de um homem pode medir-se pela projeção no tempo e no espaço de suas idéias. Existem homens ocupando altos cargos cujas idéias podem ser desmentidas até por duas domésticas, no dia seguinte. O medíocre admira o utilitarismo egoísta, imediato e mesquinho. A mediocridade transforma o amor da vida em pusilanimidade, a prudência em covardia, o orgulho em vaidade, o respeito em servilismo. Conduz à ostentação, à falsidade, à avidez, à simulação; sua miopia o impede de compreender o equilíbrio supremo entre a elegância e a força, a beleza e sabedoria. A amizade do medíocre é sempre uma complacência servil ou uma adulação proveitosa. O medíocre é sempre um adulador, não só de reis e de poderosos, mas, o que é pior ainda, no seu afã de popularidade, prefere frases pomposas para encobrir sua vacuidade interna. Enganando os simplórios e humildes, não possui o equilíbrio emocional para conduzir sua pessoa. A robotização e massificação tem engrossado cada vez mais as fileiras da mediocridade. Nós sabemos que todos os homens são vaidosos, mas o medíocre nunca confessa sua vaidade, querendo, talvez, passar por modesto. Fazendo isso, torna-se mais vaidoso ainda, pois a modéstia é a virtude dos sábios. O homem moderno está se transformando cada vez mais em uma máquina e, o pior disso tudo, é que ele não procura tomar conhecimento dessa transformação." - Nivaldo de Almeida - Rio de Janeiro
Posted on: Sat, 05 Oct 2013 18:51:50 +0000

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