As ruas revelaram a biodiversidade da insatisfação: Dos raivosos políticos aos indignados partidários. Da classe média revoltada aos movimentos sociais. Dos jornalistas sobreviventes aos ninjas. Mesmo a violência dos black blocs. Todos cabem no espaço democrático das manifestações e protestos. A rua sempre foi um espaço generoso, como aprendi com o mestre Amir Haddad. Com discursos desafinados, alguns até contraditórios, um traço de identidade une as muitas vertentes: frutos de uma geração que cresceu no silêncio, no consumo e construiu frágeis referências humanas e coletivas, parece que cada qual pretende, para si, o monopólio da verdade. É fácil identificar o problema quando limitado às velhas dicotomias da inclusão e exclusão. Mais tênue, no entanto, quando as reações partem dos próprios grupos que deveriam se irmanar em busca do fortalecimento, como o recente episódio das longas postagens do eixo e fora do eixo. Já entendi que as palavras são "desconstrução" e "instabilidade". Só não entendi, e acho que não vou conseguir entender é que tipo de sociedade cresce nessa fragmentação. O que emerge, nesse caldo, é um discurso moralista. Ou um pior: o egoísta que termina qualquer discussão com o ponto final: "É a minha opinião e cada um pensa como quer!" Por mais que eu insista na esperança de uma sociedade fraterna e livre do jugo do autoritarismo, vejo crescer a arrogância que só a ignorância produz. Conviver, compreender e não julgar o outro. Podem ser bons comandos pra começar a conversa.
Posted on: Tue, 13 Aug 2013 18:47:16 +0000
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