Assunto: Prescrição Farmacêutica (baseado em fatos - TopicsExpress



          

Assunto: Prescrição Farmacêutica (baseado em fatos reais) Hoje, estou eu para mais um plantão de sábado e chega um paciente que sempre atendo. Chega perto de mim, aperta minha mão sorrindo e diz: Dr., to tão feliz! e olhando fixo pra mim. Eu começo logo a rir e pergunto: Que bom que tá feliz, mas posso saber o motivo? Ele responde: Agora você pode prescrever, eu vi ontem no jornal e só lembrei de você, porque eu posso chamar de você, né? Você é “o cara”, só tem você aqui e agora vai poder passar remédio pra gente com carimbo e tudo mais. Você já tem o carimbo? Eu continuo rindo, ai digo: claro, pode me chamar de você sim, fique à vontade. Eu tento contestar: Mas olhe isso ainda não está valendo e são só alguns medicamentos, mas por enquanto não pode não. Ele retruca: Pode sim, eu vi ontem, é lei e tudo. Mas isso é muito bom pra você. É o reconhecimento do seu trabalho, porque você pode passar e agora é lei, no papel. Antes você sabia passar e não podia, agora pode. É muito bom pra você. De repente chega uma senhora do lado e ouve a conversa e diz: eu também vi no jornal, fiquei muito feliz, porque sempre que venho aqui você me atende muito bem e agora, meu filho, que não tem médico mesmo, a gente vai se socorrer de você quando precisar de receita. Resumindo a história: eu nem assisti o jornal, nem sei ao certo o que foi divulgado. Levei uma lição de moral do paciente, quando disse que isso era o reconhecimento do meu trabalho, porque até então eu mesmo não achava isso. Uma preocupação: A vigilância precisa divulgar isso com calma, porque pro povo parece que se chegar à farmácia e quiser uma receita eu vou poder meter a caneta pra cima e passar tudo no mundo, daí se eu for explicar que não posso e contar toda a historinha ninguém vai acreditar, no final das contas mais uma vez na “cadeia alimentar” o farmacêutico vai ser o ruim da história porque vai se resumir assim: Fui ao médico não tinha nenhum, quando ele ta não quer me dar a receita, ai a gente vem procurar o farmacêutico, que disse no jornal que já pode passar remédio e ele diz que não pode, a verdade é que não quer dar. Ai a gente tem que morrer, porque ninguém quer ajudar. No final o médico, que deveria estar no plantãozinho dele e não estava é esquecido e o último socorro que seria o farmacêutico é que vai sair por ruim na história. Por isso eu digo mais uma vez, as coisas são feitas de trás pra frente. Eduque primeiro as pessoas, os demais profissionais e depois institua as leis, os direitos e os divulguem na mídia....porque os leigos vêem algo, não entendem e interpretam do jeito que querem e pra gente explicar que não é tão simples assim não entra na cabeça deles gente. Se eu disser ao paciente que prescrever é opcional e que eu optei por não prescrever, vão todos ficar com raiva de mim, dizendo que eu não quero ajudar, ainda mais no interior. É complicado, minha gente! Sabe a vontade que dá? Quando chegarem querendo receita que eu disser que não posso prescrever tal medicamento e o paciente vier chiar comigo dizendo que é porque eu não quero passar ai eu fico logo irado, pego uma folha de papel, passo os medicamentos, carimbo, assino e dispenso. Ai sabe o que vai acontecer? o CRF vem e toma meu registro. Talvez seja até bom! #sacocheio E pra finalizar e deixar bem claro, eu não estou chateado com o avanço da profissão em relação à prescrição, eu apenas acho que a forma com que está sendo divulgada irá gerar péssimas interpretações e, outra aos colegas que disseram que eu tenho medo da prescrição porque não me acho capaz, também não me troco por muitos de vocês, viu? Não tenho medo algum de prescrever, porque meus 5 anos de faculdade, com as disciplinas que tive mais os muitos estágios que passei na vida, citando poucos como a maternidade escola e hemorrio, lidei tanto com dispensação como participando da comissão de controle de infecção hospitalar, lidando com morte e vida diariamente e dentro de uma UTI me ensinaram bastante, inclusive até fazer curativo pós-operatório, atribuição do enfermeiro e não minha. Já dei muito minha cara a tapa para aprender a ser um bom farmacêutico, pois esse sempre foi o meu grande sonho, então calem a boca antes de dizer que não tenho competência para isso ou aquilo, eu apenas sou um crítico daquilo que não julgo correto. O meu maior receio chama-se: banalização da prescrição. Neste momento alguns farmacêuticos serão capacitados, mas em pouco tempo TODOS, mesmo os mais ”fuleiros - sim aqueles assinêuticos” estarão prescrevendo. Mas já que é um avanço, vamos avançar, né? Brasil parabéns pela decisão de ser inglês, espero que o chá da tarde tenha açúcar na medida que o da rainha Elizabeth, porque eu acho mesmo que ou será amargo ou doce demais! Espero, de coração, estar errado! :D
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 19:41:12 +0000

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