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BOM DIA A TODOS Segue mais algumas experiências para concluir a missão em Piraruacá. Espero que gostem. Partimos e sabíamos apenas que quatro famílias vivam lá. Partimos nessa intenção: visitar todas as famílias. A viagem na pequena canoa foi conduzida por dona Antonia coordenadora da comunidade e nos acompanharam a Diele Barbosa, secretaria da comunidade com sua filhinha Suelem. Ao amanhecer vai acordando paulatinamente a floresta. Numa sinfonia maravilhosa escuta-se sair dentre as árvores muitos sons. Pássaros que cantam saudando o astro rei. De repente, uma revoada de papagaios, muito comuns na região. Também a grande garça solitária abre suas asas e faz um voo tranquilo dominando os primeiros raios de sol. Ao chegarmos a terra firme começamos nossa caminhada. Era 6h45min. Entramos em um pequeno espaço de mata. Depois entramos em um grande campo aberto, com vegetação rasteira e muito alagado. Mas era muita água. Eu havia ido de tênis, pois pensei que iria caminhar muito e de sapato seria melhor. Confesso que tentei pular entre os montes de capim, mas não deu pra caminhar. Como os demais, precisei ficar descalço e tirei o tênis. Os outros já haviam ido de sandália e não tiveram dificuldade. A calça logo empossou e seguimos já molhados do joelho abaixo. Depois entramos em outro pedaço de mata, dessa vez um pouco mais densa. Árvores altas de pé que ao subirem em direção ao céu, dão espaço a uma infinidade de outras plantas se alojarem e construírem seu espaço a sombra tranquila. Muitas outras árvores deitadas pelo chão, algumas visivelmente cerradas, outras o tempo e as cheias hás fizeram deitar e agora servem de abrigo para pequenos animais e insetos. Em certo lugar havia muita água e precisávamos atravessar. Uma espécie de riacho, a água era quase na cintura e assim o fizemos. Chegamos ao segundo campo aberto. Longo e mais seco. Este é cercado de tucumãseiras. Muito linda aquela mata de tucumãs. Continuamos a caminhada e logo chegamos a outro estreito de mata, mas dessa vez havia um igarapé de águas avermelhadas e muito fresca. Não resistimos e entramos todos para tentar relaxar um pouco da longa caminhada. Água cristalina, areia branquinha, um cenário paradisíaco, sobretudo para quem já caminhava a mais de uma hora. Depois de nos refrescamos entramos no terceiro campo aberto. Esse bem maior, também de vegetação baixa, mas que por vezes, chegava à altura de nossos ombros. Entre barro e areia branca muitos fios d’água banhavam nossos pés. Se por um lado o sol esquentava nossas cabeças, por outro a água fresca banhava nosso pés. Algo muito cansativo, mas também um cenário de muita contemplação. As imensidões da floresta é um convite a cantar com Francisco de Assis: “Onipotente e bom Senhor, a Ti a honra, glória e louvor. Todas as bênçãos de Ti nos vêm e todo povo te diz amém”. Finalmente, chegamos a casa de dona Antônia, eram exatamente 8h45min. Foram duas horas de viagem. Paramos e, enquanto descansávamos, rezamos. Extraordinariamente o Evangelho do dia era o de Lucas 5, 1 -11, que nos convida a avançarmos para águas mais profundas e, mesmo sem sabermos, estávamos avançando mata adentro, atravessando, rios, lagos, campos e floresta a fim de fazermos uma experiência mais profunda de Deus. A segurança de Cristo nos impulsionou a continuarmos: “Não tenha medo! De hoje em diante, tu serás pescador de homens”. Lanchamos e partimos. Esperávamos andar mais, mas na primeira casa que chegamos não havia ninguém, fomos informados que todos estavam brocando mato para o plantio da mandioca. Seguimos em frente e encontramos uma pequena casa, toda em madeira e suspensa, como é o costume. A primeira coisa que vimos foi uma fumaça subindo ao céu. Era um fogão de lenha, também suspenso, com uma panela de feijão com carne de porco fervendo. Lá encontramos uma senhora que cozinhava para o esposo e tomava conta de uma netinha, de mais ou menos 1 ano e meio. Ela estava febril e se reclamava de diarreia a quase um mês, conversamos um pouco e ela contou um pouco do seu dia a dia. Ao nos despedirmos perguntei se ela aceitaria que eu a desce a “Bênção dos enfermos”, conforme rito da Sagrada Unção dos Enfermos. Ela aceitou e junto com os missionários rezamos. Impus minha mão direita sobre sua cabeça e fiz a bênção. Visivelmente ela se emocionou e percebemos a alegria que jorrava pelos seus olhos. Seguimos caminho e chegamos a uma terceira casa. Era uma pequena casa toda em palha, bonita e interessante de se ver e conhecer, mas sinceramente, não diria interessante de morar. Lá vivem dois irmãos. Um deles tem três filhos e que foi abandonado pela esposa. Lá estava o menor de 9 anos, chamado Alex. Uma simpatia de menino. Todo tempo estava conosco e para onde eu ia ele seguia fazendo perguntas e mostrando as plantas e os animais. Queria que fizesse foto de tudo e a cada foto pedia para ver. Nesta casa funciona também uma casa de farinha, muito rústica e todo serviço é feito manualmente. Encontramos por lá outras duas jovens senhoras que estavam cozinhando, pois ali perto tinha 17 (dezessete) homens que trabalhavam. Depois eles viriam para o almoço. Depois de conversamos um pouco fomos visitar outra casa que também estava fazia, pois todos estavam concentrados trabalhando no mesmo lugar. Conhecemos as instalações com a dona e voltamos todos para casa dos dois irmãos. Como todos os homens da comunidade estava na roça decidi ir até eles para conhecê-los. Ao chegarmos vi que o trabalho é muito pesado. Todos mata adentro, cada um com um facão na mão (que eles chamam de terçado) cortando tudo que viam pela frente. Eram homens casados e solteiros, idosos e jovens, alguns pais e filhos. Após algum tempo observando e fazendo fotos eles pararam e vieram para uma pausa, tomar café e água. Puxei conversa sobre o trabalho. Como eram muitos homens perguntei se um era o proprietário e os demais eram empregados. Um deles então respondeu que ali todos eram vizinhos e que trabalhavam em mutirão. Cada um tinha sua roça, mas para limpar e plantar o roçado todos fazia em mutirão. Todos iam ao terreno de todos, todos ajudavam a limpar o terreno de todos e o trabalho só concluía quanto todos os terrenos estavam limpos. Ninguém cobrava de ninguém e todos se ajudavam reciprocamente. Fiquei encantado com a experiência e um senhor mais idoso explicou que esse costume já vem dos antigos. Os seus antepassados já faziam assim e eles continuavam a tradição. Fiquei tão feliz que fiz uma oração pedindo a bênção e a proteção de deus sobre todos eles e que eles pudessem ensinar a seus filhos e netos essa forma de viver em comunidade e ajuda mútua. Quanto ia me despedindo um deles pediu que não fosse e que esperasse eles terminarem aquele serviço, pois eles já iam almoçar e gostaria que fizéssemos uma oração antes do almoço. Concordei imediatamente, mas voltei para casa. Em casa fui ao igarapé e tomei um bom banho com a água bem fresquinha, quase gelada. Uma delícia com aquele calor, sem contar o cansaço da caminhada. Logo que terminei o banho eles foram chegando e também se banhando para o almoço. Reunimo-nos ao redor da mesa e iniciamos nosso momento de oração. Foi lido o Evangelho do dia, fiz uma pequena exortação e rezamos juntos. Fiquei profundamente emocionado com a atenção deles. Homens bravos, cansados do trabalho pesado, mãos calejadas, pais e filhos reunidos, pessoas com pouco contado com o mundo moderno, mas tive a impressão que a fome espiritual, a fome da Palavra de Deus era igual ou superior a fome física. Nos olhos sentia que olhavam para mim como quem espera algo... Fiquei profundamente comovido... Pensei que ia levar fé para eles e recebi um exemplo de vida em comunidade que quase não se vê mais em nosso mundo. Pensei que estava levando a Palavra e recebi o testemunho da Palavra, pensei que ia dar algo, mas fui eu quem recebeu e saí de lá revigorado na fé e mais animado para a missão. Voltando passamos na casa daquela senhora que estava doente e seu irmã falou que ela ficou muito feliz com a oração que tinha ficado 100% melhor. Fiquei muito feliz e prossegui o caminho. Na casa de dona Antônia, nosso guia, ela falou que o dono da casa em que rezamos ficou muito feliz e muito valorizado, pois nunca pensou que um padre visitaria sua casa.
Posted on: Mon, 09 Sep 2013 13:45:37 +0000

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