BRASILEIROS, CHEGA DE ENGANAREM-SE. A Selic funciona? Na - TopicsExpress



          

BRASILEIROS, CHEGA DE ENGANAREM-SE. A Selic funciona? Na última semana vimos o Banco Central elevar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, fazendo-a atingir o patamar de 9,5% ao ano. O Brasil voltou a ser o primeiro colocado no ranking das maiores taxas reais de juros do mundo, algo de que nenhum país deveria se orgulhar muito. Porém, quando a inflação ameaça sair de controle e quando se escolhe que a taxa de juros é o instrumento para combater a inflação, não há muita saída senão elevar os juros. Mas será suficiente? Por que e em que medida haveria a Selic de afetar a velocidade dos preços da economia, quando a maioria das pessoas sequer sabe do que é que se trata? No Brasil, o regime de metas de inflação passou por algumas provas de fogo e tem sido usado com relativo sucesso desde sua implantação, em 1999. Nos últimos anos, o volume de crédito na economia tem crescido a passos largos e, com ele, o endividamento das famílias brasileiras. Em dezembro de 2011, 59% das famílias possuíam dívidas, proporção que aumentou para 61% em dezembro de 2012, e agora está em cerca de 62%, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio. Cerca de um quinto dessas famílias endividadas brasileiras comprometem mais da metade de sua renda com pagamento de juros, sendo que a média de comprometimento é de 29%. Nos EUA, a média de comprometimento da renda familiar com dívidas é de 10,5%, apesar de as famílias serem, em geral, muito mais endividadas. No Brasil, em mais de 70% dos casos as principais dívidas são de curto prazo, como cheque especial e cartão de crédito, sensíveis à variação de taxas de juros. Quando as taxas de juros aumentam, como deve acontecer daqui para frente por diversas razões, fica mais dura a vida de quem precisa se endividar mais para pagar dívidas velhas ou para cobrir buracos do orçamento. Do ponto de vista do Banco Central, aumentar a taxa Selic tem o intuito justamente de restringir as possibilidades de os agentes econômicos captarem recursos e os despejarem na economia, pressionando os preços, despertando o dragão inflacionário. A ideia de controlar a inflação via taxa de juros é justamente conter a demanda, e um dos mecanismos é justamente o crédito às pessoas físicas. Por conta disso, o poder do Banco Central aumenta à medida que as pessoas se tornam mais sensíveis às taxas de juros. A confiança no poder do Banco Central de influenciar a demanda agregada e a inflação não parece muito abalada: segundo o Boletim Focus, os bancos atuantes no Brasil esperam inflação de 5,8% para este ano, projeção que tem sido mantida já há um mês. Nessa pesquisa, é registrado como atraso tempo superior a 30 de dias de inadimplemento. Artigo em parceria com Alípio Ferreira Cantisani, economista formado pela EESP/FGV. Samy Dana possui Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. Atualmente é professor de carreira na Escola de Economia de São Paulo da FGV, criador e coordenador de do Núcleo de Cultura, Criatividade e Comportamento - GVcult. É consultor de empresas nacionais e internacionais dos setores real e financeiro e de órgãos governamentais. Dana é autor dos livros 10x Sem Juros (Saraiva), em coautoria com Marcos Cordeiro Pires, Como Passar de Devedor Para Investidor (Cengage), em coautoria com Fabio Sousa e Estatística Aplicada (Saraiva), em coautoria com Abraham Laredo Sicsú.
Posted on: Sat, 19 Oct 2013 00:17:11 +0000

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