Bianca Arruda e Flavia Marina , lembrou-me da nossa conversa de - TopicsExpress



          

Bianca Arruda e Flavia Marina , lembrou-me da nossa conversa de outro dia... “Num passado remoto, o homem deve ter ouvido com assombro o som de batidas que vinham do fundo de seu peito, sem conseguir saber o que era aquilo. Não podia identificar-se com um corpo, essa coisa tão estranha e desconhecida. O corpo era uma gaiola, e dentro dela, dissimulada, estava uma coisa qualquer que olhava, escutava, tinha medo, pensava e espantava-se; essa coisa qualquer, essa sobra que subsistia, deduzido o corpo, era a alma. Hoje, é claro, o corpo deixou de ser um mistério; sabemos que o que bate no peito é o coração, que o nariz nada mais é do que a extremidade de um cano que avança para levar oxigênio aos pulmões. O rosto nada mais é que o painel onde terminam todos os mecanismos físicos: a digestão, a visão, a respiração, a audição e a reflexão. Depois que o homem aprendeu a dar nome a todas as partes de seu corpo, este o inquieta menos (…). A dualidade da alma e do corpo estava dissimulada por termos científicos, isso é, hoje, um preconceito fora de moda, que só nos faz rir. Não basta amar loucamente e ouvir o ruído dos intestinos para que a unidade da alma e do corpo, ilusão lírica da era científica, imediatamente se desfaça.” (excerto de A InsustentávelLeveza do Ser - Milan Kundera)
Posted on: Thu, 05 Sep 2013 14:42:46 +0000

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