CAPÍTULO 13 UM TRAIDOR ANUNCIADO O - TopicsExpress



          

CAPÍTULO 13 UM TRAIDOR ANUNCIADO O colégio ainda não tinha sido liberado, o prazo era um mês, os estragos foram muitos e precisavam trocar toda a fiação de eletricidade, o sistema hidráulico, reconstruir várias paredes que foram queimadas e tiveram que derrubar, trocar mesas e cadeiras, fazer novas cantinas e banheiros, entre outras coisas. Caio acordou cedo no dia seguinte, Nay ainda dormia. Levantou e foi até a cômoda, pegou a carta na primeira gaveta, e para sua surpresa, não havia mais nada escrito no papel, estava completamente branco. Não se surpreendeu mais por que viu muita coisa estranha desde que descobriu o que era, mas ficou curioso, queria reler a carta pra tentar descobrir se o remetente era realmente seu pai. Depois de um tempo virando e desvirando o papel, desistiu e se levantou da cama e foi ao banheiro se banhar. Saiu do quarto e foi à cozinha onde sua irmã já estava sentada à mesa tomando café da manhã. Nay chegou pouco tempo depois, também já banhado. Após o café, os dois retornaram ao quarto enquanto Cássia continuou na cozinha. –Caio, será que teria problema eu ir para o Refúgio? –perguntou Nay quando chegaram ao quarto. –Eu também vou. –Mas, é que eu estou me sentindo um prisioneiro e você não é meu servo pra ficar todo tempo atrás de mim... Você me entende? –Entendo Nay, mas eu vou assim mesmo... Já estava pensando nisso, só vim ontem pra ver como estavam as coisas por aqui. –Entendo... Você vai voltar ao Império? –Só se for necessário, estão acontecendo coisas muito esquisitas ultimamen-te... Quatro Vales destruídos, vários guardiões mortos e não mandaram nin-guém atrás de mim, quero dizer, se Singrer encontrou um dos guardiões que fugiram, ele com certeza diria que ainda há um Skider de Fogo vivo que esta tentando destruí-lo não acha? –Tem razão, e também não apareceu mais ninguém atrás de mim, e Zuyan falou que eu só teria real valor aos dez anos... –E como Singrer pode não saber que eu existo se ele tem um Velho sábio lá no Castelo? –disse Caio interrompendo Nay. –Quem é que sabe? Vai ver tem um traidor entre nós que tem medo de contar tudo que sabe. –É Isso! –disse Caio de supetão assustando Nay. –É isso o quê? –Você se ouviu? Um traidor entre nós, acho que é isso mesmo, não vimos Al-fredo ontem no Refúgio, e o seu Vale só foi destruído depois que ele descobriu como se abria um portal até lá, antes estava tudo bem, um dos guardiões sempre ia buscar a gente no Refúgio. –Caio você ficou louco? Alfredo trabalha com Sarty, vive no Refúgio, ele nunca faria isso. –Não tenho tanta certeza da lealdade dele, nunca o achei confiável e a primeira vez que o vi senti uma coisa diferente dentro de mim. –Você só não gosta muito dele, mas acho que não é pra tanto. –Não sei não, vai ver ele não queria nos entregar e apenas informou ao exército de Singrer como abrir o portal, mas não disse quem estava lá. –Nay se levantou foi até Caio e tocou em sua testa. –É, acho que você esta com febre, esta tendo alucinações! –Para com isso, você sabe que não, pensa direitinho e você vai ver que eu estou certo, você é inteligente, pensa. –Depois eu penso nisso, vamos logo para o Refúgio. –Tá, vou só avisar a Cássia. Caio entrou em contato com Eduardo que veio busca-los abrindo um portal no mesmo lugar da noite anterior. Chegaram ao Refúgio e deram de cara com He-lena, parecia irritada, explicou que seus pais lhe deram a maior bronca por ter ido ao Império. Entraram e foram para o Salão de Cass, onde Sarty estava. Will, Danilo, Zuyan, Mário e Narílio estavam no salão junto com Sarty, que parecia empolgado contando alguma coisa. Nay não arredou o pé pra longe de Caio, mesmo tendo dito todas aquelas coi-sas. Caio ainda estava desconfiado de Alfredo que não estava no Refúgio, o que poderia estar aprontando? Pensava ele. Preferiu não contar seus receios a ninguém, nem a Danilo, pelo menos não por enquanto. Sentou-se numa das poltronas vazia e tentou escutar o que o grupo dizia. Não estava ouvindo nada do que diziam, estava absorto em seus pensamen-tos, só saiu dos devaneios quando seu nome foi chamado. Todos o olhavam e a única coisa que disse foi “O que foi?” Perguntaram se ele estava bem e ele disse que sim, Nay sabia o que era, estava pensando em Alfredo e as possibi-lidades de ele ser um traidor, mas ele também não falou nada. * * * Nada de estranho aconteceu naquele dia. No fim da tarde Caio retornou pra casa com Nay, Alfredo não apareceu em nenhum momento. Voltaram pra casa sem problema nenhum, a noite foi tranquila e no outro dia os dois voltaram pro Refúgio. Os dias seguintes foram iguais, iam para o Refúgio de manhã, retor-navam à noite para dormir, nada de guerras, nada de conflitos, destruição de Vales, guerreiros perseguindo e nada de Alfredo também. No quarto dia Caio resolveu perguntar a Sarty onde Alfredo estava. –Achei que você não tivesse reparado, ele esta no Centro dos Guardiões Su-premos recebendo treinamento especializado e exaustivo. –respondeu Sarty. –E o que é esse tal Centro dos Guardiões Supremos? –perguntou Caio um pouco confuso e desconcertado, estava quase acusando Alfredo. –É onde vivem os Guardiões Supremos, eles treinam os guerreiros que rece-bem uma missão pra qual ainda não estão preparados, ou quando a missão é de extrema importância... São doze, como nos Vales, a diferença é que esses guardiões são simplesmente os mais poderosos que se pode encontrar, ape-nas os melhores se tornam Guardião Supremo. –E onde fica esse centro? –Em algum lugar, na verdade somente o primeiro Guardião sabe, ele escolheu o lugar, é muito protegido e só se pode entrar através de portais, e somente os Guardiões Supremos sabem como abrir. –E vocês não têm medo que Singrer capture esse primeiro guardião que sabe onde fica o Centro? –Não, ele morreu há quinze anos. –Ah, nossa... E se eles só treinam guerreiros que vão cumprir uma missão que não estão preparados pra fazer, por que eu não fui mandado pra ser treinado lá? –perguntou Caio capciosamente. –E você recebeu alguma missão que não possa cumprir? –perguntou Sarty meio assustado. –Acabar com o reinado de Singrer. –respondeu Caio parecendo óbvio. –Ah, sim, isso não é uma missão impossível... –Então por que vocês não acabaram com ele ainda? –perguntou Caio ofendi-do. –Pra você! Não é uma missão impossível pra você. –E se eu morrer tentando, o que vocês vão fazer? –perguntou Caio maliciosa-mente. –Chorar sua morte, velar seu corpo, ir ao velório, enterrá-lo. –disse Sarty natu-ralmente. –Assim tão fácil! –disse Caio sarcasticamente. –E tem mais alguma coisa que possa ser feito por alguém que morre? –Esquece o que eu disse. –O que eu quero dizer Caio, é que as coisas com você acontecem naturalmen-te, já vem de você, como se tivesse passado a vida inteira treinando e só esti-vesse mostrando tudo que sabe fazer... Como é o meu nome? –É o quê? –perguntou Caio sem entender. –Não, pelo menos que eu saiba não é o “QUÊ” o meu nome. –Sarty, é o seu nome. –Isso eu sei! –E por que perguntou? –Quero saber o meu nome, o de batismo. –Ah, é Heiviuarly, não é? Mas o que isso tem haver com o que a gente tava falando? –Exatamente tudo a ver, as informações parecem grudar na sua mente e se-rem soltas quando necessárias. Você consegue guardar tudo e põe em prática na hora certa, é algo meio imprevisível, mas eu pelo menos prefiro confiar... Se perguntar a qualquer uma deles o meu nome verdadeiro, nenhum deles vai saber responder, com exceção de Alfredo, que está presente quase todas as vezes que me apresento a alguém. Caio se martirizou interiormente por ter acusado Alfredo, via as coisas por outro ângulo depois da conversa com Sarty, entendeu melhor algumas coisas que ainda não compreendia, parecia que sua mente tinha sido aberta. Saiu da cozinha, onde estava com Sarty e foi a Salão de Cass, procurar Nay e os outros, mas antes que chegasse lá, encontrou Auro que lhe pediu para fazer uma coisinha. –Preciso que vá ao Império, minha irmã sofreu algumas queimaduras na inva-são do Vale, água da lua iria curá-la mais rápido. –Mas eu não posso ir só, e não seria arriscado? –Dá licença garoto, você é um Skider do Fogo. –Só que Singrer não sabe disso, o único guerreiro dele que sabia, está morto. –Sei que você é capaz, reparou que eu sou um Guardião e estou pedindo a você que faça isso? –Caio pareceu considerar. –Tudo bem, mas vou precisar de algumas pessoas pra me acompanhar. –Sem problemas, seus amigos estão no Salão de Cass. Caio entrou no salão e encontrou Danilo, Eduardo, Will, Narílio, Helena, Zuyan e mais quatro guerreiros adolescentes que não conhecia. Ele os chamou em particular e falou do pedido de Auro. Os amigos entenderam e todos disseram que o acompanhariam, Caio rebateu, não queria todos. –Zuyan, por mais que você seja útil, quero que fique, aqueles três guerreiros o viram e já devem ter espalhado a notícia de que ainda está vivo e esta nos aju-dando. – disse Caio e Zuyan concordou. –Helena também fica, você é uma garota... –Uma garota Skider, sou mais esperta que você e sei abrir portais pra muitos lugares. –revidou a garota. –Tudo bem, Danilo e Eduardo, vocês ainda estão com hematomas do que aconteceu a você na última vez... –Caio, até agora você só conseguiu dar um bom motivo pra Zuyan ficar, está tentando arranjar desculpas pra não irmos por que não quer que nada nos aconteça, mas todos nós somos guerreiros, já é um risco. –disse Danilo. –Se ajudar a diminuir o peso das suas costas e a preocupação, eu fico. –disse Narílio. –Obrigado por entender –agradeceu Caio –Mas já que todos vão, se quiser ir não tem problemas. –Querer, eu até quero, mas prefiro ficar com meu irmão, não quero ficar longe dele e não quero leva-lo. –Sem problema então, Will... –Não adianta arranjar desculpas, meu irmão já está metido em muita encrenca por estar ao seu lado, então não tenho nada a perder... Só não ajudo a por fo-go em escolas. –A ideia foi do seu irmão. –disse Caio e todos caíram na gargalhada. Caio encheu uma bolsinha com pó de portal, e em outra pôs as pedras de sol que estavam com ele. Os seis saíram do Refúgio em direção ao bosque ali per-to para abrir o portal até o Campo do Fogo, Zuyan ensinou a eles como abrir portais em todo o território do Império. Atravessaram o portal e estavam perto da caverna, não se podia abrir portais próximos ao Lago de Vidro, as propriedades sobrenaturais de um lago cheio de água da lua impediam isso. Certificaram-se de que não estavam sendo obser-vados antes de seguirem caminho até o Lago. A caminhada foi bastante rápida. Olhavam sempre ao redor desconfiados e andavam a passos largos. Passaram pelo campo aberto e foram praticamente correndo em direção aos pinheirais. Não houve problema algum. Adentraram por entre os pinheiros e foram em direção ao lago, sabiam que ali estavam seguros, os guerreiros ne-gros não podiam ver aquela área e nem ouvi-los, mas eles poderiam saber muito bem se alguém estivesse rondando a área. Não viram movimento algum ao redor dos pinheiros e nem no campo de fogo, estava tudo terrivelmente calmo. Encheram um vaso preparado magicamente pra suportar a água da lua. Antes de saírem da área, deram uma olhada pra ver se não tinha aparecido ninguém de surpresa, continuava calmo. Caio e Nay iam à frente levando o vaso, os outros vinham enfileirados atrás deles. Quando os dois puseram os pés fora do perímetro protegido, foram surpreendidos por vários guerreiros negros. Como os dois eram pérolas preciosas, os que vinham atrás correram em auxí-lio, eram muitos e não tinha como saírem dali, lutar talvez não fosse adiantar muito, além de que denunciaria Caio. Os outros quatro se puseram ao redor dos dois e começaram a atacar. Danilo se juntou com Helena e atacavam dan-do choques elétricos nos guerreiros, um lançava água, enquanto o outro man-dava carga elétrica. Will e Eduardo também atacavam juntos, usavam o campo de força como uma bomba, a enchiam de terra e lançavam contra os guerreiros, mas a força do exército era bem maior, mas não desistiam. Até que um homem surgiu entre os guerreiros, e ficaram paralisados, não conseguiram se por em ação tamanha a surpresa. Auro estava indo em direção a eles calmamente, como se tivesse controle da situação, enquanto passava, os guerreiros iam parando os ataques. Quando estava a cinco metros, ele parou de caminhar e começou a olhá-los como se fosse a primeira vez que fizesse isso. Os guerreiros os cercavam, mas pareci-am estar sob suas ordens, pararam de atacar mas estavam prontos pro ataque assim que necessário. Ele ergueu a mão direita e um dos guerreiros próximo aos garotos fez surgir uma enorme e grossa corda que parecia ser feita de troncos e cipós, mas firme como concreto. Os seis foram juntos num só golpe e foram amarrados, o vaso se quebrou e derramou toda a água quando Caio ergueu as mãos antes de ser totalmente rendido e jogou uma bolsa com toda a força por entre os pinheiros. Ninguém pareceu se preocupar muito com o que pudesse ser o conteúdo da bolsa. –É incrível! –disse Auro com voz de triunfo – Tantas pessoas morrerem e prati-camente se entregarem à morte por causa de crianças. Ah, mas são preciosos, são eles que livrarão o nosso povo de Singrer. Será? – os garotos apenas ob-servavam, tinham no rosto uma expressão de surpresa – Não quero me tornar um prisioneiro de meninos, não vou me tornar um escravo simplesmente pra protege-los. Tenho algo maior em mente. –Por que você esta fazendo isso? Um guardião traidor é pior do que um guar-dião... –Covarde, eu sei – completou Auro interrompendo Will – Mas um Guardião traidor, é melhor do que um Guardião fraco. Não vou me matar por causa de vocês, todo mundo acha que são a última esperança. Você acha que eu real-mente iria entregar a minha vida por causa de um garotinho de dez anos que é bem mais poderoso que eu e não sabe? Seria um risco para mim. –Você não precisava fazer isso, por que simplesmente não fugiu, como os ou-tros? –perguntou Caio. –Eu tenho visão de futuro, fugir me faria ficar malvisto entre os meus. –disse o homem extremamente contente. –E trair fará com que seja muito elogiado então? –perguntou Helena. –Mas quem vai precisar saber que eu traí? –disse Auro mostrando uma imita-ção de ofensa – Até onde todos ficarão sabendo, vocês saíram pra fazer um favor e foram pegos, e mortos. Ninguém vai precisar ficar sabendo de traição nenhuma, e trair é algo muito feio. –Mentir também! –disse Will agora furioso. –Eu sei, mas ninguém vai precisar ficar sabendo não é? Quando mandarem alguém atrás de vocês, já estarão longe e provavelmente até mortos. –Acho que já chega de enrolação – disse Um dos guerreiros que estavam perto de Auro. –Tem razão, é melhor os levar logo até o castelo. Singrer vai ficar realmente satisfeito. –Mais uma coisinha – disse o mesmo guerreiro –Singrer nos passou mais uma ordem além de levá-los. –E qual foi? –perguntou Auro ao homem. –Essa – disse o homem enfiando uma espada no tórax de Auro – Ele falou que não gosta de traidores, mesmo que traga benefícios a ele. Os garotos estavam mais surpresos ainda, foi uma reviravolta imprevisível. Um dos guerreiros negros se aproximou e criou uma enorme bola com os seis no centro. Sentiam o ar faltando aos pulmões e finalmente desmaiaram. Estavam perdidos agora, não teriam como escapar, seriam levados ao Castelo Negro e a única pessoa que tinha acesso ao Refúgio e sabia dessa informação estava morto, além de ser um traidor. * * * Caio acordou com uma baita dor na cabeça, estava sobre um chão gélido e duro dentro de uma cela, a única luz que havia, vinha de uma pequena abertura no alto da única parede que havia ali. Ao seu redor só havia grades, e volumes em cada uma das outras celas, com certeza seus amigos. Ele se sentou e sentiu o mundo girar, não havia nenhum guerreiro os vigiando, achou estranho, mas talvez não fosse necessário, estavam numa área bem protegida e não conseguiriam fugir. Ele chamou os nomes dos amigos e viu os volumes se mexerem, todos res-ponderam. À sua direita estava Helena, à esquerda estavam Danilo, Will e Eduardo, Nay não estava ali. Caio se sentiu culpado, o menino agora não estava seguro, e nem ele. Tinha medo do que poderia já ter acontecido ao garoto, pensou que Will fosse o martirizar e o condenar por tal coisa ter acontecido, mas a única coisa que falou em relação ao assuntou foi: “a culpa não foi sua”. Cada um tentou uma maneira de como sair dali, mas parecia não ter jeito. Tramaram planos pra quando algum guerreiro aparecesse, mas acharam que não ia dar certo, e tudo se confirmou quando tentaram usar seus poderes, es-tavam totalmente neutralizados, como a salinha escura que Caio acordou na noite em que descobriu que era um Skider. Não tinham noção de tempo, a luz que adentrava nas celas através das aberturas parecia ser artificial e não a luz solar. Estavam cansados, doloridos e famintos. De repente ouviram um barulho, um ranger de porta e passos que eram ecoados. Três guerreiros surgiram trazendo comida. –Comam, Singrer disse que seria golpe baixo lutar com esfomeados. –disse um deles zombando. Os cinco comeram e se fartaram. Caio tentou se comunicar com Sarty através de holograma, mas parecia ser protegido contra isso também. Só restava espe-rar o que poderia acontecer. Ficaram conversando preocupados, tinha que haver algum jeito de saírem dali, não poderia ser impenetrável, não poderiam acabar daquele jeito e nenhum deles parecia querer se render facilmente ao fato de terem sido capturados e estarem à beira da morte. Zuyan sabia como chegar ao castelo, pensaram eles, mas ele não sabia que eles estavam lá, mas sabia que tinham ido ao Campo do Fogo, ele e Narílio sabiam, e se demorassem muito a voltar, alguém poderia pensar na probabili-dade de terem sido capturados, já que tinham pó de portal e sabiam fazer co-municação extravisual. Mas e se Auro tivesse feito algo com eles antes de sair do Império também? Depois do que pareceram horas, cinco guerreiros apareceram e os pegaram para levar até Singrer. Foram vendados pra que não vissem o caminho. Subi-ram escadas, várias escadas, como certeza as celas estavam no nível mais baixo do castelo. Foram desvendados quando estavam numa sala bastante ampla e com uma única e enorme cadeira que estava entre duas janelas altas com vidraças verde-esmeralda, as paredes eram cobertas por cortinas verme-lhas e pretas, doze guerreiros estavam posicionados como soldados em cada lado da sala, e junto à cadeira havia uma jaula com um pequeno ser dentro embalado num sono tranquilo. Foram colocados perto da enorme cadeira que ainda estava vazia, todos amar-rados por correntes presas ao chão. Cinco minutos depois as enormes portas imperiais da sala foram abertas sem qualquer cuidado, os garotos não viram, mas por ela passaram sete pessoas, uma delas com roupas de couro pretas, e uma capa farfalhante também preta. Ele se sentou na cadeira de uma maneira teatral e graciosa. Singrer. Todos olhavam pra ele, os garotos o olhavam admi-rados, nenhum deles o tinha visto antes só ouviam falar. Era um homem alto e robusto, com cabelos louros e bem cortados, a pele branca parecia ser feita de mármore, as sobrancelhas iguais e olhos, eles esta-va bastante próximos e podiam vê-los bem, azuis, da cor do céu. Ele os olhava com curiosidade. Ao seu lado estavam dois homens, os dois da mesma altura e também vestidos de preto. O dois com cabelos escuros, e um deles, o da direita, tinha os olhos verdes, enquanto o outro tinha olhos escuros como a roupa que vestia. Ele ficou observando os garotos, de um por um ele foi analisando. Caio não tinha certeza se Singrer sabia que ele era um Skider, mas estava totalmente privatizado, desde a floresta, não tinha certeza quanto ao tempo que passou inconsciente, mas em todo o tempo que esteve acordado, esteve também pri-vatizado. Depois de um tempo os olhando e analisando, Singrer resolveu falar. Sua voz era grave e melódica, tinha um tom calmo e sereno, parecia um encantador, mantinha um ritmo ao falar, não era apressado e nem lento demais, parecia pensar em cada palavra que sai da boca e tinha um contato visual direto com eles quando falava. –Boa noite, rapazes, e moça! Espero que estejam bem, meus guerreiros não foram cruéis com vocês foram? – disse ele, e parou esperando uma resposta que não veio – É feio deixar alguém falando sozinho sabiam?– e parou de falar novamente – Estou tentando ser educado com vocês, seria honroso de vossa parte se assim o fizessem. Alguém se prontifica a falar comigo? Não? Ninguém? – o homem inspirou profundamente e demonstrou tristeza – Que pena, capturamos guerreiros mudos. Algum de vocês sabe se comunicar através de libra? –perguntou ele se dirigindo aos seus soldados, que riram. Ele levantou da cadeira e se aproximou deles. Passou por entre eles obser-vando cada detalhe. Parou perto de Eduardo, era o primeiro enfileirado da es-querda pra direita. Olhava-o, mas parecia estar querendo ver além do físico, parecia contemplar o interior de Eduardo, além da carne, via a alma, via o dom, via a força e a potência que o rapaz podia transmitir. Ele estava de joelhos acorrentado os pés a as mãos. –Força mística hein?!– disse Singrer em aprovação – Seria bastante útil no meu exército, as bombas de terra que fez com seu amigo foram espetaculares pelo que meus guerreiros contaram. Você parece comigo, loirão. Os loiros são mais atraentes sabia? – Ele passou a mão pelos cabelos de Eduardo, depois o pegou pelo maxilar inferior apertando as bochechas dele e o olhava diretamente nos olhos. Tinha o olhar firme e destemido. –Por que não quer falar comigo? Estou sendo o mais educado que posso, até elogiei. É tão difícil agradar os seres humanos. Ele largou Eduardo e se dirigiu à pessoa seguinte. Helena. Ela estava olhando para o chão, tinha uma expressão feroz no rosto. O homem se aproximou dela e tocou seus cabelos delicadamente, passando também a mão no rosto feroz dela. Ele se abaixou para ficar da altura dela, levantou seu rosto delicadamente com a ponta do indicador da mão esquerda fazendo com que ela pudesse olhá-lo nos olhos. –Você é bastante intrigante. –disse ele com os olhos semicerrados como se a estivesse analisando interiormente – Delicada e feroz ao mesmo tempo, dona de um poder incrível. Eletricidade não é? Ah, e nem adianta tentar fazer privatização, tenho truques ótimos para descobrir a força de um guerreiro, anos de prática entende. – Caio sentiu seu coração gelar, o homem podia enxergar além da privatização, então ele estaria perdido, mas não se rendeu rapidamente, decidiu esperar por sua vez – Tenho certeza de que você também não quer falar comigo. Uma pena! Acho que sua voz deve ser linda e suave. Ele se levantou e continuou a acariciar os cabelos de Helena, passava a mão em suas bochechas, usava apenas a mão esquerda, Caio notou, só depois percebeu que em sua mão direita tinha uma espécie de munhequeiras de cou-ro preto. Afastou-se da moça ainda olhando pra ela e se dirigiu e Will. Parou abruptamente na frente dele, que ao contrário de Helena, tinha o olhar firme e olhava pra cima. Ele não o rodeou, o encarava de frente e sem se mexer. Will tinha o olhar enfurecido, e Singrer o olhar bastante calmo. Abaixou-se e ficou com os olhos no mesmo nível dos olhos de Will. O olhava com divertimento. Depois de um tempo ele se levantou e passeou em volta dele. –Acho que argumentar com você não vai adiantar, nem elogiar também. –disse o homem tranquilamente – Mas você tem um poder incrível quando zangado. Rinoceronte não é? Parece ser bem treinado. –Ele se afastou de Will e come-çou a rodear Caio, que era o próximo. Rodeou bastante e parecia intrigado. Abaixou-se diante de Caio e o encarava. Ao contrário dos outros, ele não estava com o olhar e nem a expressão demos-trando fúria ou algo do tido. Estava calmo e tranquilo, preocupado, mas não zangado. Curioso pelo fato de não terem sido mortos ainda, e mais curioso ainda pelo fato de Singrer estar com demostrando curiosidade também. Passou um bom tempo o encarando e depois se levantou. –Intrigante! –disse o homem, e pela primeira vez demonstrou seriedade – Auro não me falou nada acerca de um humano estar acompanhando os guerreiros adolescentes. –Caio sentiu todos os olhares nele, inclusive os de seus amigos – O que um ser tão inferior faz junto a guerreiros Skiders? Ou será tão podero-so que possa conseguir me enganar? –perguntou ele a ninguém em particular – Acho descobriremos. Um Skider zangado não consegue se privatizar conse-gue? O homem se levantou e Caio o ficou observando, tentando não demonstrar raiva ou medo. De repente Singrer lhe esbofeteou no rosto, ficou surpreso, mas não enfurecido. Sentiu a queimação da pancada no rosto. O homem lhe bateu novamente do outro lado do rosto dessa vez. Nada aconteceu. O homem parecia estar controlando uma fúria interior. Caio estava admirado consigo mesmo, estava se controlando. Talvez ficasse rapidamente enfurecido quando via seus amigos sendo machucados. O ho-mem pegou uma espécie de chicote e acertou Caio nas costas. Ele se esticou com a dor, mas não se enfureceu. O homem pelo contrário estava furioso. De-pois largou o chicote, pareceu se recompor e decidiu falar. –Não gosto muito de matar humanos, mas odeio mais ainda quando alguém consegue se manter controlado quando quero atingi-lo. Mas tudo bem. Ele Se dirigiu a Danilo, o último da fila. Ainda olhando para Caio ele se pôs diante de Danilo. Parou de andar assim que o encarou, pareceu ver um fantasma, mas não se assustou, apenas se surpreendeu. Encarou-o, rodeou-o, analisou-o. Só falou depois de um tempo, mas não falou com Danilo, se dirigiu a seus servos. –Chamem Getty, ele vai ficar tão surpreso quanto eu, façam isso rápido.
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 05:09:13 +0000

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