CARAS DE PAU 17/07/13 05:00 - Opinião 1 Será preciso - TopicsExpress



          

CARAS DE PAU 17/07/13 05:00 - Opinião 1 Será preciso desenhar? Alfredo Enéias Gonçalves d´Abril Quando a política deu sinais de preocupada ao sentir na pele o movimento surgido de uma hora para outra nas ruas em defesa da bolsa popular, contestando a tarifa do transporte público de São Paulo, crescendo de maneira assustadora com seus tentáculos lançados em outras capitais do País, passeata iniciada em protesto aos 20 centavos de acréscimo na passagem do transporte urbano e desdobrado em clamores por outros justos interesses da sociedade desassistida pelo Estado, episódio que marcou o momento em que os políticos foram instados à reflexão pelo levante das vozes anônimas revoltadas com tanto descaso, senão abandono de alguns serviços públicos, no mesmo momento em que ouviam o povo em passeata a pedir menos gazeta no Legislativo e o destravamento da pauta dos trabalhos para imprimir um ritmo menos vagaroso. No mesmo instante em que o descontentamento do povo soava como aviso de ameaça e perigo aos seus representantes inertes, eis que o mesmo povo, ainda sentindo o gosto acre do interminável desdém, foi surpreendido pelos presidentes das Mesas que compõem o Congresso Nacional, ambos com ficha suja, mais um ministro de Estado, em viagens pelos céus do Brasil nos aviões da FAB por eles próprios requisitados, cônscios que não faziam jus a esse tipo de regalia e indiferentes aos apelos de seus irmãos brasileiros saturados do péssimo funcionamento de alguns serviços públicos. Esses políticos protagonizaram o cenário da mordomia desenfreada, mostrando o descontrole das ações praticadas sem escrúpulos. Dos três políticos, cada um deles animado por interesse pessoal, porém comum ao tratar com escárnios a sociedade que os colocou no poder pelo voto de cabresto, ou pelo voto dos ingênuos que neles acreditavam possuir no espírito de brasilidade a melhor das intenções no zelo aos anseios de seu povo e no interesse da pátria, era esperada conduta a impressionar pelos bons exemplos de parlamentar dedicado às causas mais acertadas. São, entretanto, políticos manjados, velhas raposas farejadoras das vantagens contidas nos elevados cargos. Sabiam que o uso de aeronaves para o atendimento de interesse estritamente pessoal é tão proibido como a prática de qualquer outro ato de improbidade. Mas essa lição de casa alguns maus políticos não conseguem fazer pela incapacidade de resistir à tentação da pompa e do desfrute dos benefícios que estejam ou não na proteção legal, máxime quando a vantagem não custa sequer os 20 centavos suplicados pelos paulistanos diariamente espremidos nos transportes públicos. O presidente do Senado requisitou à FAB um jato que o conduziu de Maceió à Trancoso, na Bahia, para participar do casamento da filha de um senador com o qual mantém laços de amizade e identidade partidária. Calou-se quanto ao meio de transporte utilizado, pois é ladino por experiência, todavia, destoldado o episódio pela imprensa, respondeu ter ido representar o Senado Federal no matrimônio, fazendo valer esse direito como chefe de poder e como se tratava de direito inerente ao cargo, nada havia a ressarcir. Pressionado pela imprensa, fez o que aprendeu rápido no meio político: voltou atrás. Segundo o presidente do Senado, o convite foi ao Senado como instituição estatal e não a ele, pessoa física, explicação que leva a crer que os 81 senadores não cabiam no jatinho, fato que explica ter o Senado comparecido ao casório representado pelo seu dirigente. Já o presidente da Câmara Federal voou para o Rio de Janeiro acompanhado de sete convidados para assistir o jogo de futebol entre Brasil e Espanha, duelo final da Copa das Confederações. Assim justificou a fancaria depois de descoberta: “Foi um erro, mas vou ressarcir os gastos do voo”. Esse jogo de futebol também atraiu o ministro da Previdência Social, homem simpático, de fala mansa e pausada. Para o Maracanã se mandou num jato da FAB, garantindo que as despesas do deslocamento seriam repostas. Todos admitiram o desfalque causado à União, mas só depois que a máscara caiu. A norma autoriza o uso de aviões da FAB pelos presidentes dos três poderes e outras autoridades, adstrita nestes casos: 1) motivo de segurança e emergência médica; 2) viagens a serviço; 3) deslocamentos para local de residência permanente. O uso de avião da FAB para recreação e justificativas bisonhas lembram a resposta do debochado deputado federal Sérgio Moraes (PTB/RS) ter assim disparado numa bravata com jornalistas: “Estou me lixando para a opinião pública.” A despeito da clareza solar do texto legal, Renan Calheiros fingiu não entendê-lo e, para evitar embaraços e cobranças em futuras incursões à FAB, falou em convocar o Conselho de Transparência do Senado para disciplinar essa matéria, a propósito, já disciplinada. Pode? O autor, Alfredo Enéias Gonçalves d´Abril, é professor universitário aposentado É MUITO CINISMO E SAFADEZA JUNTOS.
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 09:14:03 +0000

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