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CARTA ABERTA À POPULAÇÃO, AO CREMERJ E À IMPRENSA SOBRE A MATERNIDADE MUNICIPAL MARIA AMÉLIA BUARQUE DE HOLLANDA Como Cidadãs, Mães, Famílias, profissionais com formações diversas e ativistas do Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento no Brasil em função da busca pelo melhor atendimento no nascimento dos nossos filhos, vimos através desta carta tornar público nosso REPÚDIO às notícias distorcidas que tem sido veiculadas nos últimos dias sobre os óbitos de bebês na Maternidade Municipal Maria Amélia Buarque de Holanda no Rio de Janeiro. A forma como essas notícias tem sido veiculadas enfatizam que a forma de atendimento da Maternidade foi a causadora da morte dos bebês e esse fato não é verdadeiro. Somos todos solidários às famílias que perderam seus bebês na Maternidade, não conseguimos imaginar dor maior do que esta e apoiamos a investigação dos fatos pela Comissão de Investigação de óbitos do Hospital e demais órgãos competentes como já está sendo feito e que servirá para esclarecer a real causa dessas tragédias, porém, enfatizamos que o parto normal não foi causa da morte desses bebês. Esse tipo de notícia veiculada pela imprensa (DE QUE A MATERNIDADE MARIA AMÉLIA “FORÇA” O PARTO NORMAL) e repetida por pessoas que desconhecem a atual realidade da assistência obstétrica e demonstram uma lamentável falta de conhecimento das evidências científicas que se encontram disponíveis e um desconhecimento do que é um modelo de atendimento humanizado e centrado na Mulher e suas necessidades e não na conveniência médica. Mais ainda, vai contra as diretrizes do Ministério da Saúde e a Política Nacional de Humanização da Saúde. O atendimento que recebemos na Maternidade durante o nascimento de nossos filhos é alinhado com as práticas humanizadas que demonstram com dados científicos que o mesmo é eficiente e diminui a chance de partos com várias intervenções de rotina, como a aplicação do sorinho (soro com ocitocina sintética), os repetidos exames de toque, o ato de subir na barriga (manobra de Kristeller), o corte do períneo (episiotomia) e outros. Rotinas essas que hoje são características de um atendimento violento e desumano. As afirmações da obstetra e conselheira do CREMERJ, Vera Fonseca, de que o Hospital força o parto normal para manter números não é verdadeira já que no atendimento que recebemos não fomos forçadas a ter nossos filhos por parto normal para manter um número e sim foram utilizadas as técnicas e conhecimento médicos necessários para que o parto ocorresse dentro dos parâmetros de segurança para nós pacientes e nossos filhos. A afirmação da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ) de que encaminhará carta formal pedindo a investigação dos casos de mortes de bebês na unidade hospitalar é procedimento de rotina e deve ser instaurado todas as vezes que a taxa de mortalidade de uma unidade hospitalar seja alterada e não somente em função de nota publicada na imprensa sensacionalista. Outra afirmação que contestamos é a do presidente da SGORJ, Marcelo Burlá, informando que um trabalho de parto considerado normal dura de 8 a 12 horas, quando na verdade este prazo não é padrão para todas as mulheres e o atendimento humanizado busca justamente tratar cada parto como único e por isso o monitoramento é contínuo e individual. Não é o fato de um trabalho de parto durar 12, 20 ou 70 horas que vai determinar se o bebê virá à óbito ao final do mesmo. Lembramos ainda que já foram realizados mais de 3.000 partos nesta Maternidade neste semestre e que essas mortes aconteceram ao longo do ano inteiro e NENHUMA MATERNIDADE TEM TAXA DE MORTALIDADE ZERO. Toda vida é preciosa, e não dizemos que as mortes não tiveram importância, porém é necessário encaixar estes números no contexto correto! A Maternidade Maria Amélia é uma das poucas da Rede Publica Municipal que se tornou uma opção segura para as mulheres (mesmo para aquelas que tem plano de saúde) e que querem trazer seus filhos ao mundo com segurança e respeito ao seus corpos e seus desejos de não receber intervenções desnecessárias. Além disso, grande parte da Equipe de Enfermagem Obstétrica é atualizada e respeitosa e o Hospital incentiva a presença de Doulas Voluntárias, profissionais que com seu trabalho oferecem suporte contínuo durante o parto e com isso aumentam as chances de partos vaginais espontâneos, diminuem o riscos de relatos de insatisfação com a experiência de parto, assim como o risco de cesariana e o nascimento de bebês com baixo Apgar. Mais uma vez repetimos que somos todas e todos solidários à dor das famílias que perderam seus bebês e exigimos que as mortes sejam investigadas assim como as queixas por mal atendimento, má assistência e outras barbaridades ocorridas no âmbito desta Maternidade e de TODAS AS OUTRAS DA REDE DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Essa é a única forma de garantir que os direitos das mulheres e suas famílias a um bom atendimento seja respeitado e cumprido por todos os profissionais da área de saúde neste momento tão importante para tantas famílias. Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2013 Organização da Marcha pela Humanização do Parto no Rio de Janeiro
Posted on: Sat, 19 Oct 2013 20:54:06 +0000

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