CATEQUISANDO (Leia a Bíblia) Providência Divina e desgraças - TopicsExpress



          

CATEQUISANDO (Leia a Bíblia) Providência Divina e desgraças humanas 12, setembro, 2013 Deixar um comentário Ir para os comentários 11PERGUNTA «Como se conciliam a Providência Divina e a existência de tanta desgraça no mundo? Meu filho morreu em trágico desastre. Não terá Deus errado, ao permitir isso?» OUTRA PERGUNTA «Dizia-me um amigo: ‘Não perca seu tempo, procurando saber quais são os pretensos desígnios da Providência; procure, antes, dar execução às suas providências. Não confie na moral do ‘Deus é grande’, pois sabemos que Ele é infinitamente grande, mas que isto não impede sejam infinitamente inflexíveis as leis que regem o universo’. Desejo, em consequência, saber como se relacionam a Providência e as leis fixas do universo». As questões acima ser referem à Providência Divina e da sua ação neste mundo, focalizando dois aspectos: “Deus e o sofrimento do homem” e “Deus e os meios de prover à felicidade humana”. Para não alongar a explicação, trataremos apenas de dois pontos: 1) a realidade da Providência Divina; 2) Providência Divina e felicidade humana. 1. A realidade da Providência A Providência é o atributo divino que preside ao governo de todas as coisas, fazendo que cada qual se encaminhe para o respectivo fim, ou seja, para Deus. Deus é o Autor do mundo e do homem. Neste caso, tendo criado em vista de determinado fim, Ele acompanha as suas criaturas até a consecução desse fim. Portanto, a solicitude do Senhor para com as criaturas se concilia com as tragédias e sofrimentos, bem como a existência do mal ou de pessoas más, no mundo. 2. Providência Divina e felicidade humana Antes de tudo, é bom recordar, sumariamente, em que consiste o mal. Distingue-se assim: - o mal ou a carência na ordem física: o mal físico (doenças ou deficiência); - o mal ou a carência na ordem moral: o mal moral. Consiste na falta de harmonia de determinado ato humano com o seu Fim Supremo ou com Deus. Todo ato oposto à Lei de Deus – portanto, o pecado – é um mal moral. Deus outorgou, originariamente, a cada criatura o grau de perfeição correspondente à sua essência. O mal entrou no mundo por obra do homem, que por isso foi castigado. O homem abusou da faculdade de livre arbítrio: em vez de a dirigir para Deus, Bem Supremo, o primeiro homem a dirigiu conscientemente para uma criatura. Rompendo a harmonia da natureza humana com Deus, o primeiro pai fez que se rompesse a harmonia de sua alma (inteligência, vontade e sensibilidade) e dos elementos inferiores materiais existentes dentro do homem e em torno dele. Daí a ignorância, os erros da inteligência, os transtornos psicológicos, as más tendências, bem como os desgastes de saúde, a dor e a morte que todo homem padece; daí também as calamidades naturais, como secas, enchentes, incêndios, etc. De todo o mal (moral e físico), assim desencadeado, a Sabedoria Divina está isenta de culpa. A raiz das desgraças é o mal uso da liberdade humana, faculdade que Deus outorgou ao homem para o dignificar, mas que este usou indevidamente. Deus Nosso Senhor não quis entravar nem canalizar o uso dessa liberdade, pois isto seria contraditório e indigno do Todo-Poderoso. Deus devia ter, e de fato tinha, recursos suficientes para não permitir que o mal vencesse o bem, sem que fosse necessário cercear a liberdade humana. Justamente tais recursos constituem o objetivo em torno do qual se exerce a Providência Divina… Deus jamais haveria permitido à criatura humana desencadear o mal neste mundo, se Ele não tivesse a Bondade, a Sabedoria e o Poder necessários para fazer dos males a ocasião de bens, e bens ainda maiores! Eis como Santo Agostinho exprime essa verdade: «O Deus Todo-Poderoso…. sendo sumamente bom, de modo nenhum permitiria aparecesse algum mal em suas obras, se Ele não tivesse o poder e a bondade para fazer sair do próprio mal o bem» (Enchiridion XI). Qual os tipos de bens que Deus Nosso Senhor pode retirar a partir dos males que as suas criaturas acarretam no mundo? . a)Em primeiro lugar, observa-se que não são bens materiais (saúde, dinheiro, emprego, isenção de tribulações, etc.), porque tais valores são muito relativos; satisfazem apenas a uma parte do ser humano, ou seja, ao corpo.Na verdade, o homem só atinge a sua verdadeira grandeza mediante o desenvolvimento da sua personalidade, a qual é marcada principalmente pelos valores da alma.Aliás, não raro os bens temporais causam detrimento, pois embotam a alma, fazendo-lhe não perceber ou esquecer que há bens maiores: os bens da vida eterna.Em lugar de favorecer a formação da personalidade humana, que é essencialmente voltada para o infinito, tendem a fechá-la na mesquinhez e no amor próprio. É, antes, evitando, por amor de Deus, o afeto desregrado a si e às criaturas, que o homem se engrandece.b) Por conseguinte, os bens que a Providência Divina visa (se não exclusivamente, ao menos primariamente), são os bens da alma e da vida eterna, pois é somente mediante estes que a criatura humana se torna perfeita. Ou seja, se santifica. A concessão dos bens eternos vem a ser assim o critério primário, embora não exclusivo, para se aquilatar o acerto da Providência Divina. Enquanto a Sabedoria de Deus vai oferecendo ao homem os meios de santificação ou de consecução da felicidade eterna, ela não lhe nega, em doses oportunas, os bens temporais (saúde, solução de crise financeira, boa fama…); o bom católico, porém, deve ter consciência de que esses valores temporais são consolações passageiras (devidas ao fato de sermos corpo e alma, e não unicamente alma). São consolações destinadas apenas a alentar o homem mortal na obtenção do que é Eterno. Nosso Senhor Jesus Cristo propôs a seus discípulos não propriamente consolos e compensações temporais. Convidou-os a «abraçar a cruz e segui-Lo abnegadamente» (cf. Mt 16,24s); este é certamente um dos traços marcantes de qualquer ideal de vida cristã; a fidelidade a Deus não garante necessariamente felicidade terrestre. As graças temporais não hão de faltar ao católico, mas ser-lhe-ão dadas em função de bens maiores. Em consequência, uma vida que, humanamente falando, seja pouco afagada por bens materiais, pode, não obstante, estar perfeitamente nos planos da Providência Divina. É perfeitamente lícito uma pessoa desejar bens temporais (a riqueza, a compra de um imóvel, a obtenção de um emprego ou de um cargo, a cura de uma doença, a sobrevivência de esposo ou filho…), na medida em que corresponde a um progresso na vida e favoreça a salvação de sua alma ou pelo menos não constitua um entrave nesse sentido.Considerando-se sob esse aspecto, o discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo pode pedi-los ao Pai do céu. Mas não deve fazer da obtenção dos mesmos a “pedra de toque” para julgar a Providência Divina. Mal sabemos o que, na verdade, nos convém.Uma pessoa verdadeiramente piedosa deve ter presente que não é o centro do mundo, de modo que tudo deva acontecer de acordo com o que ela julga oportuno. O critério que há de nortear nossos juízos e desejos, é sempre o seguinte: «Será que, mediante a consecução de tal ou tal bem temporal, me tornarei homem mais perfeito, menos apegado a mim, com mais amor de Deus e desejo da vida eterna?». É certamente este o critério que a Providência Divina aplica ao distribuir os seus bens, denegando por vezes o que nos parece vantajoso e permitindo o que nos causa repulsa momentânea. A situação do católico que nesta vida temporal julga tudo à luz da eternidade, pode muito bem ser ilustrada por duas imagens que o escritor Antonin Eymieu propõe: “A vida neste mundo é apenas um começo, não é o todo. É um meio, e não o fim. O plano da Providência não consiste em colocar o céu sobre a terra, mas em dar aos homens sobre a terra os meios de merecer o céu”. “Tal é o ponto de vista de Deus. Para compreender algo da Providência, é preciso ver o mundo nesta perspectiva. Não entenderemos coisa alguma se considerarmos essa grande questão apenas em seus aspectos laterais, em seus pormenores, pormenores que impedem a visão do conjunto, como uma árvore diante dos olhos de alguém pode encobrir a floresta. Muito menos nos havemos de deter sobre o mau aspecto da questão, ou seja, sobre o ponto de vista terrestre; a realidade apareceria então como um tapete visto às avessas. Se consideramos o mundo presente independentemente do mundo futuro, ele se torna incompreensível”. Portanto, quem considera a história deste mundo do ponto de vista meramente humano ou terrestre, é facilmente levado a julgá-la um absurdo, em que tudo parece frustrado e fracassado. A eternidade, e não o tempo, eis o ponto de referência do modo de pensar e desejar do autêntico cristão. Dessa forma, uma perda temporal, uma calamidade particular ou pública, pode nos aparecer como desastres que desconcertam. Não é assim, porém, que Deus os julga. Ao contrário do que comumente se pensa, a experiência ensina que, em vista do egoísmo congênito do homem, a dor é a escola de engrandecimento da criatura. A Providência, por isto, não a dispensa (dado que Ela queira proceder ordenadamente: ou sem milagres). Deus nem sempre recompensa a virtude com a longevidade, nem pune o pecado com a morte prematura ou trágica. A justa sanção se exerce primariamente no plano espiritual, que é o plano onde se situam os verdadeiros valores. Deus não precisa necessariamente de tal ou tal instrumento humano para realizar seus desígnios. Ele pode permitir a morte aparentemente precoce de benemérito personagem sem que com isto o plano da Providência sofra o mínimo detrimento. Nosso Senhor é assaz poderoso para suprir, como de fato supre, por outra via. A responsabilidade do reino de Deus, em última análise, é d’Ele!Quanto à existência, às vezes prolongada, dos homens maus neste mundo, S. Agostinho apresenta as seguintes considerações: «Deus se serve dos homens maus, não atendendo à má intenção dos mesmos, mas à reta intenção do próprio Deus. Na verdade, assim como os maus fazem mau uso da natureza humana, ou seja, da obra boa de Deus, assim o Deus bom faz uso bom até mesmo das obras más dos homens iníquos, a fim de que de modo nenhum fiquem frustrados os desígnios do Todo-Poderoso. Se Ele, bom como é, não tivesse o poder de fazer servir os maus à causa da justiça e da bondade, de modo nenhum permitiria que nascessem ou vivessem. Tais homens, Deus não os fez maus; Ele simplesmente lhes deu a natureza humana. Criou a natureza de cada ser, mas não criou os pecados, que são algo de contrário à natureza. É verdade que em sua presciência Ele não podia ignorar que tais indivíduos haviam de se tornar maus, contudo, assim como sabia quais os males que eles haviam de cometer, sabia também quais os bens que desses males Ele havia de tirar» (Serm. 214,3). As leis da natureza são geralmente respeitadas e aproveitadas pela Providência Divina. Isto, porém, não quer dizer que sejam inflexíveis. Deus as dobra ao seu poder, produzindo milagres segundo seus sábios desígnios. Os portentos, porém, supõem uma finalidade grande e importante a ser atingida. (Setembro, mês da Bíblia, Leia!) (eglconsultee@hotmail)
Posted on: Thu, 12 Sep 2013 16:20:40 +0000

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