COMO OS HOMENS OUSAM SE REUNIR E NOMEAR UM REPRESENTANTE DE DEUS - TopicsExpress



          

COMO OS HOMENS OUSAM SE REUNIR E NOMEAR UM REPRESENTANTE DE DEUS NA TERRA? ISTO ME PARECE OUSADIA DE MAIS E FALTA DE JUÍZO DE QUEM SE DEIXA NOMEAR. PENSANDO NISSO, ESCREVI UM CONTO QUE TRATA, EXATAMENTE, DESSA SITUAÇÃO. VOU TRANSCREVÊ-LO ABAIXO. O Lavador de Latrinas Antônio Ângelo era reconhecido por todos os Iniciados como um grande estudioso das questões esotéricas. Praticava várias modalidades de Yoga, conhecia os dogmas e os rituais de todas as tradições religiosas do planeta, exceto o Islã, que ele considerava uma distorção Judaico/Cristã, coisa de gente fanática. Vasculhou os fundamentos do Kardecismo, do Xamanismo, do Candomblé, dos Rosa-Cruz, dos Templários e dos Mantos Amarelos. Estudou os mistérios do antigo Egito, da Grécia, dos Caldeus e dos Celtas. Além disso, sabia o segredo dos cristais, das cores, das cartas, da cura pela água, pela imposição das mãos etc. Hipnotismo, Mesmerismo, Shiatsu, Acupuntura e Reich também eram técnicas dominadas por ele. Tinha o título de Doutor em Teosofia. Médico psiquiatra, por dever de ofício conhecia as mais variadas escolas filosóficas e psicológicas ocidentais. Em resumo: um sábio. Sempre requisitado a apresentar palestras, era aplaudidíssimo e aqueles que o escutavam se maravilhavam diante de tanto conhecimento. Depois de muitos anos de sucesso, Antônio Ângelo finalmente montou a sua própria Escola, dando a ela o nome de Centro de Estudos Esotéricos Doutor Antônio Ângelo. Rapidamente, conquistou muitos discípulos, todos seguros de que estavam sendo encaminhados por um grande mestre espiritual. Não era assim que Antônio Ângelo se conhecia. Apesar de sua notória arrogância intelectual, nos seus momentos de solidão, ele pensava: “não passo de um impostor. Na verdade, falo a essa gente do que ouvi falar, do que os outros disseram ser verdade. Jamais tive uma vivência espiritual profunda. O que eles imaginam que sei, aprendi nos livros”. Sendo um homem honesto, ele vivia em busca de solução para este problema que tanto o angustiava. Quanto mais o aplaudiam, mais ele se sentia envergonhado. Certo dia caiu em suas mãos um curioso livro, escrito por um homem que mantinha, no interior de Minas Gerais, uma instituição muito parecida com a que ele, Antônio Ângelo, montou no Rio de Janeiro. O que estava escrito no livro era parecido com o que ele pregava, mas havia algo de sutil que o intrigava. Ele percebia que o escritor, ao contrário dele, acrescentava algo além daquilo que era facilmente encontrável nos livros do mundo inteiro. O que ele observou no livro desse homem foi uma espécie de conhecimento original, não aprendido de outros. Não conseguiu mais abandonar a idéia de conhecer o autor pessoalmente. Durante a noite, mal pode conciliar o sono. No dia seguinte, chamou seu discípulo mais próximo e lhe disse: “Assuma o comando da Escola. Vou afastar-me por uns tempos em busca de novos conhecimentos.” Feitas as despedidas, rumou ele para o interior de Minas Gerais, em busca de contato com o escritor que tanto o impressionou. Na noite anterior à chegada de Antônio Ângelo, o autor do livro, após suas orações habituais, ouviu um anjo lhe dizer: – Amanhã você vai receber a visita de um homem muito importante para o nosso Trabalho. Dedique a ele toda a tua atenção. Atenção real. Chegando lá, Antônio Ângelo encontrou uma comunidade semelhante à que ele deixou no Rio, na qual foi calorosamente recebido pelo chefe, que lhe pareceu muito mais interessante do ele havia imaginado. Poucos instantes após o primeiro contato, Antônio Ângelo perguntou: O senhor me aceita como discípulo? O Chefe da Comunidade aquiesceu imediatamente, convidando-o a ficar. Travou-se, então o seguinte diálogo entre eles: – Preciso preencher alguma ficha com nome, endereço, número da Carteira de Identidade, CPF, referências, currículo etc.; e apresentar comprovante de residência, atestado de bons antecedentes, certidões negativas, folha corrida etc.? – Não, simplesmente fique, se este for o desejo de teu coração. – Quando inicia o meu treinamento espiritual? – Agora mesmo. Na nossa comunidade, todos têm obrigações. A você cabe o encargo de zelar pela limpeza das instalações sanitárias. Pegue teus instrumentos de trabalho e inicie tuas atividades. Este é o principal exercício para o teu aprimoramento espiritual. Você deve dedicar-se a ele com todo o afinco. Antônio Ângelo estranhou muito, pois pensava que iria receber toneladas de livros para ler e complicados rituais a cumprir, dada a sua qualificação anterior. No primeiro impacto, imaginou não aceitar a tarefa, considerada muito abaixo do seu preparo intelectual, cujo nível era manifesto em sua erudição publicamente reconhecida. Mas, alguma coisa mais forte que sua vaidade o forçava a aceitar. Ele estava certo de que o chefe daquela comunidade dispunha de conhecimentos que ultrapassavam a sua capacidade de entendimento. Assim, aceitou a tarefa e pôs-se a trabalhar, procurando fazer tudo no limite máximo de sua competência. Os dias se passaram. Passaram-se também os meses. Durante esse tempo, nenhuma palavra a mais lhe foi dirigida. Antônio Ângelo via o Chefe passar, conversando alegremente com os outros discípulos, e nem ao menos lhe dirigia um olhar. Começou a ficar triste. Apesar da tristeza, não esmoreceu no seu trabalho. Os aparelhos sanitários da comunidade estavam sempre reluzentes. O trabalho era diuturno, pois seus aposentos eram contíguos às instalações sanitárias. Sempre que eram usadas, durante o dia ou à noite, lá ia ele limpá-las, para que o próximo usuário tivesse a impressão de que, antes dele, ninguém passara por ali. Para fugir da tristeza e da solidão, Antônio Ângelo passou a cantarolar uma melodia inventada por ele mesmo, para ajudar a passar o tempo. Enquanto trabalhava, cantava. Estando sem trabalho, cantava. Para acompanhar a melodia, Antônio Ângelo criou um versinho curto, muito sonoro, para ele sem significado algum, que pode ser assim expresso: AL – RAM – DU – LI – LÁ LÁ – ILA – RA – ILA – LÁ Trabalhar e cantar foi tudo o que Antônio Ângelo fez durante um ano inteiro, ao final do qual o Chefe da Comunidade o procurou, acompanhado dos outros discípulos. – Antônio Ângelo, você está indo muito bem. Estou muito orgulhoso de você. Continue teu trabalho. Você é o meu discípulo mais querido – disse-lhe o Chefe da Comunidade, voltando-lhe as costas e retirando-se, em seguida. Antônio Ângelo continuou firme no trabalho, sempre acompanhado de suas cantorias intermináveis, destinadas a aliviar o sofrimento. Na noite anterior ao dia em que completaria dois anos de retiro, Antônio Ângelo pensou: “Será que não estou apto a fazer outra coisa além de lavar latrinas? Por que todos recebem a atenção do chefe, conversam, riem com ele, enquanto não me é dedicado sequer um olhar? Algo deve estar errado nisso”. Dormiu com esses pensamentos. No dia seguinte, Antônio Ângelo viu o Mestre vindo em direção a ele, trazendo nas mãos um enorme e lindo jarro de pedra sabão. Ele estava acompanhado dos outros discípulos. Dirigindo-se a Antônio Ângelo, disse-lhe: – Dentro deste jarro está guardada a relíquia mais preciosa de nossa comunidade. Hoje, sairemos para um passeio no campo. A relíquia ficará sob tua guarda. Zele por ela empenhando a tua própria vida. Passou o grande jarro às mãos de Antônio Ângelo e partiu com os outros em direção ao campo. Antônio Ângelo apertou o jarro contra o peito e levou-o para o interior de seus aposentos, prometendo guardá-lo com todo cuidado. Pensou: “Finalmente me foi confiada uma tarefa digna do meu nível social, intelectual e espiritual.” Com o passar do tempo, Antônio Ângelo percebeu que de dentro do jarro brotava um barulhinho esquisito. Começou a ficar intrigado. Tantas vezes o barulho se repetiu que ele não conseguiu se conter. Inteiramente dominado pela curiosidade, resolveu abrir o jarro para saber o que ele continha. No instante em que retirou a tampa, uma enorme barata abriu as asas e voou para bem longe. Antônio Ângelo, agora desesperado, tentou pegá-la, mas não conseguiu. Todas as tentativas se tornaram infrutíferas. “E agora? – pensava ele. – O que vou dizer ao Mestre?” Com essa pergunta, mortificou-se até a volta do grupo. Quando chegaram, vendo a cara acabrunhada de Antônio Ângelo, o Chefe da Comunidade abriu um sorriso e, dirigindo-se a ele, falou amistosamente: – Não te preocupes. Era só uma barata sem valor algum. Mas, preste atenção! Se você não é capaz de guardar uma barata voadora, como pretende ser guardião dos segredos de Deus? Pare de se dar importância e atenha-te ao teu trabalho. Tenho dedicado a você toda a minha atenção. Atenção real. O que você está reclamando é atenção mundana, atenção formal, porque ainda não desenvolveu a sutileza necessária para perceber a atenção verdadeira que vem recebendo. Ela é sutil e requer refinamento espiritual para ser percebida. Lavar latrinas é o melhor que você pode fazer em favor de ti mesmo neste momento. Por isso, indiquei este exercício espiritual a você. Empenhe-se em lavar latrinas. A medida do seu sucesso espiritual será dada pela medida de sua dedicação ao trabalho que te foi recomendado. Dito isso, o Chefe da Comunidade se foi com seus discípulos, deixando Antônio Ângelo completamente só e envergonhado. Então, voltou ao trabalho. Trabalhava e cantava sem parar. Na comunidade inteira, sua melodia era percebida como se fosse entoada por uma gigantesca orquestra vibrando do infinito, acompanhada de um coro monumental: AL – RAM – DU – LI – LÁ LÁ – ILA – RA – ILA – LÁ Mais um ano se passou. Na véspera de completar um ano, durante a noite, Antônio Ângelo voltou a ser assaltado pela dúvida, passando a se lamentar de sua triste situação: lavador de latrinas. De qualquer forma, sonhava também com a visita do Chefe da Comunidade, como ocorrera em anos anteriores. No dia seguinte, nada. O Mestre parecia tê-lo esquecido completamente. Terminado o dia, a decepção tomou conta de Antônio Ângelo. Em pouco tempo, ele estava completamente transtornado. Na verdade, parecia ter enlouquecido. Em sua loucura, dizia para si mesmo: “Mestre coisa nenhuma, este homem é um tirano recalcado. Tem inveja dos meus conhecimentos e, por isso, me submete a tamanha humilhação. Nada tenho o que aprender aqui. Jamais faria isto com qualquer dos meus discípulos. O que ele fez comigo foi pura maldade. Fui um idiota. Como me deixei submeter a tanto castigo? Na certa, deveria estar louco!” Emaranhado neste cipoal de idéias, Antônio Ângelo abandonou a Comunidade sem se despedir de ninguém. Poderia ter telefonado para o seu discípulo, que deixou administrando o Centro de Estudos Esotéricos Doutor Antônio Ângelo durante o seu afastamento, e este viria buscá-lo imediatamente, mas estava envergonhado demais para fazê-lo. Não queria encará-lo depois de tamanha derrota. Resolveu, assim, andar sem destino, desde que fosse para bem longe daquele lugar maldito. Antônio Ângelo andou, andou, andou... e perdeu completamente a noção de tempo e de lugar, sempre com a cabeça e o coração carregados de pesadas nuvens negras, símbolos de sua trágica decepção. Depois de muito andar, Antônio Ângelo acabou entrando no Vale do Jequitinhonha, ainda no Estado de Minas Gerais, uma das regiões mais pobres do País. Lá chegando, encontrou a vegetação estorricada, muitas carcaças de animais mortos de fome e de sede, além de multidões humanas maltrapilhas, esfomeadas e doentes. Embora não percebesse, Antônio Ângelo, agora, fazia parte desse quadro desastroso. Sozinho, seguia seu destino. Ele não percebia seu estado deplorável, perdido que estava na sua loucura. Mas isso não passava despercebido aos urubus, que já faziam vôos rasantes sobre o que restava dele. Num instante último de lucidez, Antônio Ângelo percebeu que estava a ponto de morrer. Com muita raiva de tudo, principalmente do insucesso, não conseguiu entregar sua alma a Deus, considerando-se prejudicado por Ele. Pretendia morrer em desgraça, e disso não tinha medo, imaginando que, no inferno, não haveria pena maior que as já sofridas aqui. Quando percebeu que sua vida se esvaía, sentiu cheiro de comida. Com isso, ganhou novo ânimo. Guiado pelo faro, tal como um animal faminto, Antônio Ângelo chegou a um pequeno povoado, onde foi muito bem recebido. Não demorou muito e já estava limpo, alimentado e confortavelmente instalado para um bom descanso. Aquele lugar parecia mágico. Rapidamente, Antônio Ângelo ganhou novas forças. Sentiu vontade de viver novamente. Dirigindo-se aos anfitriões, comentou: – Não consigo entender essa fartura em meio a tanta miséria. Em que, afinal, difere o povoado de vocês dos demais que o circundam?” – Nem sempre foi assim – responderam. – Nosso povoado era igualzinho aos outros, cercado de mazelas por todos os lados. De uns anos para cá, tudo começou a mudar em nossas vidas, sem que fizéssemos qualquer coisa para que isso acontecesse. O fato é que passamos a ouvir uma canção divina e a nossa fortuna e saúde vieram junto com ela. Hoje, estamos bastante preocupados, porque vivemos das reservas. De uns tempos para cá, nunca mais ouvimos a melodia que vem do infinito, trazendo riquezas e saúde. Antônio Ângelo achou aquilo tudo muito estranho e perguntou a eles: – Vocês sabem cantar essa melodia, podem cantá-la para mim? Toda a população pôs-se a cantar: AL – RAM – DU – LI – LÁ LA – ILA – RA – ILA – LÁ Cantaram exatamente como ele cantava para afastar a tristeza e a solidão, enquanto lavava as latrinas da comunidade, segundo recomendação do seu Mestre, como exercício destinado ao aprimoramento espiritual. Após ouvir os primeiros acordes, Antônio Ângelo desmaiou. Permaneceu desacordado durante 786 segundos. Assim que se recobrou, caiu em pranto. Entre uma lágrima e outra, lembrava a figura do Chefe da Comunidade, reconhecendo que lhe devia muitas desculpas. Agradeceu muito, despediu-se do grupo e, imediatamente, pegou o caminho de volta, carregando dúvidas se seria ou não readmitido na Comunidade. “O que diria ele ao Mestre?” – Pensava. Lá chegando, nada precisou falar. O Chefe, assim que percebeu a sua presença, abriu um enorme sorriso e lhe disse: – Que bom tê-lo de volta. Sentimos muito a tua falta. A ausência do discípulo mais querido doeu no coração da comunidade. Não há necessidade de explicações. Dirija-te às instalações sanitárias e reinicie o teu trabalho. Depois que você se afastou, os mictórios e os vasos sanitários nunca mais ficaram tão limpos. Só você sabe fazer esse trabalho com perfeição. Antônio Ângelo pegou os apetrechos de limpeza, dirigiu-se às instalações sanitárias e tratou de lavar as latrinas, conforme recomendado. Além de trabalhar, Antônio Ângelo cantava: AL – RAM – DU – LI – LÁ LA – ILA – RA – ILA – LÁ Agora, cantava com alegria, pois passou a saber que a melodia que imaginou ter criado para aliviar sua tristeza, na verdade, provinha do infinito e era benfazeja. Os meses passaram rápido após o retorno de Antônio Ângelo. No dia em que comemorava um ano de sua volta, ele recebeu a visita de seu discípulo substituto na administração do Centro de Estudos Esotéricos Doutor Antônio Ângelo. Ao encontrar seu mestre lavando latrinas, ele estranhou e foi logo questionando: – Este trabalho não é próprio para alguém como o senhor. Olhe a posição de honra que o senhor possuía antes de chegar aqui e compare-a com a que o senhor tem agora, limpando vasos sanitários! Isto é inadmissível! Sinto vontade de chorar. Então, disse-lhe Antônio Ângelo: – Situação miserável era aquela em que me encontrava antes de chegar aqui, completamente tomado pelo orgulho de um conhecimento que verdadeiramente não tinha. Eu era um erudito de livros pregando a verdade que não conhecia, um embusteiro. Hoje, sou um buscador do verdadeiro conhecimento. Os Mestres autênticos podem impor a seus seguidores tarefas consideradas vergonhosas para reduzir o tamanho de seus egos, porque os egos, especialmente os das pessoas cultas, são muito orgulhosos, e o orgulho é somente para o Criador, não para a criatura. Mal acabou de pronunciar estas palavras, o Mestre e seus discípulos vieram em sua direção, dançando e cantando animadamente, como se participassem de uma grande festa. Antônio Ângelo foi chamado a tomar parte e, logo em seguida, se viu dançando e cantando junto com os demais. Neste momento, ele e o Chefe da Comunidade foram arrebatados e transportados em espírito para a Cidade Sagrada, onde esperavam por eles os 124.000 Profetas e o mesmo número de Mestres Maiores, reunidos ali para glorificar a Deus e conferir a Antônio Ângelo o título de Mestre. Terminada a cerimônia espiritual, os dois se viram, novamente, no centro da Comunidade. Encerrados os festejos, o Chefe da Comunidade dirigiu-se aos presentes com as seguintes palavras: – Meu mandato terminou. Deixo vocês com meu sucessor. Antônio Ângelo é o novo condutor desta Comunidade. Esta condição não lhe foi dada por nenhuma convenção humana. Ela nasceu de sua intimidade com o Criador e lhe foi conferida diretamente por Ele. Em seguida, abraçou a todos e lhes disse: – Amigos, não lastimem a quebra da gaiola. Eu não sou este corpo. Ele tem sido minha prisão. O pássaro se vai agora para a Cidade Sagrada, sua verdadeira e definitiva morada. Vocês não estão diante da morte, mas da realização da vida. Dito isso, gritou bem alto: “O Senhor Seja Louvado. Não Há Deus, Senão Deus.” Terminada a fala, deitou-se no chão e expirou.
Posted on: Thu, 25 Jul 2013 16:54:23 +0000

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