Capítulo 12 - TopicsExpress



          

Capítulo 12 OS GUERREIROS PERDIDOS Caio acordou com uma terrível dor de cabeça. Estava tudo girando, sua visão estava turva e estava meio escuro, apenas ouviu quando alguém gritou: “ele acordou”. Alguém estava vindo em sua direção. Era Helena. Ao seu lado havia outra pessoa deitada. Narílio também fora acertado na cabeça. Nay apareceu de repente, acompanhado por Will e Zuyan. Estavam numa caverna, não tão grande quanto a outra e era mais iluminado ali. Tinham chegado ao Campo do Fogo, uma floresta que ficava à beira de uma montanha, não ficava exatamente no Império, mas tinha acesso. Não era tão conhecido e Zuyan disse que nenhum servo de Singrer os encontraria ali, disse também que não tinha fugido pra lá ainda, por que não tinha o pó que abria os portais, quando Helena lhe jogou a bolsinha de pó, foi o primeiro lugar que pensou. –Cadê o resto do pessoal? Danilo e Eduardo, onde estão? –perguntou Caio fazendo tentativas pra se levantar. –Não dava pra eles nos acompanharem, estavam do outro lado. –disse Helena quase em tom de súplica. –Eles vão ficar bem. Eduardo sabe abrir portais e ele tinha pó, com certeza devem ter feito a mesma coisa que nós, se acalme. –disse Will segurando o ombro de Caio e fazendo ele se sentar. –E Narílio, vai ficar bem? –perguntou Caio olhando pro garoto ao seu lado. –Vai, ele vai ficar bem. Já acordou e dormiu de novo, a pancada que vocês levaram foi feia. –disse Helena. –Vamos para o Refúgio assim que ele acordar, precisamos saber se todos es-tão bem. –disse Caio. –Não podemos, é muito arriscado. A gente não sabe o que realmente aconte-ceu quando fugimos e mesmo assim, eu não sei abrir o portal para o Refúgio. –disse Helena se sentando numa pedra. –Will e Narílio também não sabem e Zuyan muito menos. Caio estava inquieto. Sentia fome também, já era quase cinco horas da tarde e não se lembrava de ter comido nada ainda naquele dia. Helena, Will e Zuyan saíram pra caçar alguma coisa pra comerem, enquanto Nay ficou na caverna com Caio e Narílio. Nay estava calmo, parecia não querer falar, estava um pouco diferente. Talvez tenha se abalado com o que viu no Vale em que viveu desde que nasceu. Nenhum dos dois parecia querer falar, Caio estava absorto em seus pensa-mentos. Estava escurecendo quando os outros voltaram trazendo peixes e fru-tas. Will pediu que Caio fizesse uma fogueira pra assarem os peixes. Narílio acordou e se levantou para comer também. Quando terminaram tudo o sol já tinha se ido há tempos. –É melhor fazermos guarda. Um de nós vigia enquanto os outros descansam, pra não sermos surpreendidos à noite. –disse Will meio preocupado. –Eu fico de vigia, já dormi demais. –disse Narílio se levantando. –Você não pode, esta ferido, eu fico essa noite. –disse Caio. –Mas considerando que eu não tenho mais uma gotinha de sono pra aprovei-tar, vou ficar acordado assim mesmo, posso fazer companhia. –disse Narílio. Os dois ficaram na saída da caverna. Observavam tudo ao redor e ao menor sinal de ruído, levantavam e davam uma inspecionada. Ficaram conversando quase a noite toda, que foi bastante tranquila. Todos acordaram ao nascer do sol. Caio e Narílio entraram pra se deitar um pouco enquanto o restante do pessoal saiu à procura de comida. Depois que terminaram, Caio resolveu sair e andar um pouco. Narílio e Nay acompanharam-no. Zuyan ficou reclamando da atitude deles, dizia que não estavam numa colônia de férias pra ficarem passeando. Saíram por entre as árvores conversando. Passaram por um riacho e chegaram num espaço aber-to, a grama era bastante verde e parecia ser um campo bem cuidado. O atra-vessaram e chegaram ao pé de outra montanha. Estavam numa floresta de pinheiros. Não havia nenhum outro tipo de árvore, apenas pinheiros de todos os tamanhos. Caminharam pelos pinheiros e avistaram um lago bastante pequeno, mas com a água clara, cristalina, parecia mais com diamante líquido. Refletia a luz do sol como um espelho. Narílio e Nay, que eram treinados e ensinados, ficaram mais admirados que Caio, com certeza sabiam de alguma coisa que ele não sabia. –Esse lago tem alguma coisa de especial não é? –perguntou ele. –Esse lago contém água da lua –disse Nay – deveríamos ter desconfiado dos pinheiros. –O que os pinheiros têm a ver com a água? – perguntou Caio se aproximando da água. –É que ao redor de um lago com água da lua só crescem pinheiros, nenhuma outra árvore tem força suficiente pra permanecer de pé num solo banhado com essa água. –explicou Narílio – Pega um pouco da água. Caio achou esquisita a ordem, mas com certeza nada de ruim aconteceria. Ele se aproximou do lago e se abaixou, pegou um pouco da água na mão e se as-sustou. A água era bastante gelada, mas ao erguer as mãos a água pareceu se transformar em gelo, mas não estava gelado e tinha o formato de uma bola. Narílio e Nay também fizeram a mesma coisa, mas a água de Nay pareceu se transformar num gafanhoto e a de Narílio num tubarão. Nay explicou que a água costumava endurecer e se transformar no Moz do Skider que ergue a água no ar. Disse que a água podia ser curativa, mas só servia em queimaduras. Caio se levantou e avistou de longe um volume no chão do outro lado do lago perto de uns pinheiros. Ele falou aos outros e foram até lá, bastante desconfiados. De longe perceberam que era um homem, parecia ferido. Correram até onde ele estava deitado. Era um homem da mesma altura de Zuyan, um metro e se-tenta e cinco. Era loiro, pele clara, os cabelos um pouco grandes, chegavam aos ombros e estava sem roupas. Quando se aproximaram, o homem abriu os olhos e ficou os encarando. O homem não demostrava emoção nenhuma, nem parecia curioso. Caio se aproximou dele e perguntou seu nome, mas ele não respondeu, apenas ficou olhando-o. Narílio chegou perto do homem olhando-o nos olhos, não movia a boca e acompanhava cada movimento que faziam. Caio e Narílio levantaram o homem pelos braços, resolveram leva-lo para a caverna. O homem começou a andar, parecia precisar apenas de uma ajudi-nha. Tomaram o mesmo caminho que fizeram para chegar ali. Foi mais difícil com o homem que parecia não lembrar as coisas. Ao chegarem à caverna não havia ninguém, Caio pegou uma de suas roupas de couro que tinha na mochila e o vestiu depois o colocaram em cima das folhas que usavam para dormir, o homem se levantava e tentava sair, mas não agredia, nem tentava bater, apenas ia em direção à saída da caverna. Narílio e Nay ficaram na abertura da caverna enquanto Caio ficava impedindo o homem de se levantar. Narílio avistou alguém vindo de longe, depois percebeu que era Zuyan, parecia molhado e vinha só. Antes que chegasse à caverna, Nay correu até ele e falou o que tinha acontecido, voltaram correndo e entraram na caverna. Zuyan ficou paralisado ao ver o homem, ficou o olhando e o homem fazia o mesmo, só que sem curiosidade alguma. –É o Carlos César, onde o encontraram? –perguntou Zuyan se aproximando do homem. –Perto dos pinheirais, depois de um enorme campo gramado. –disse Caio que segurava o homem impedindo-o de se levantar. – Estava ferido e sem roupas, os ferimentos pareciam queimaduras e tem um lago com água da lua... –Encontraram o Lago de Vidro? –perguntou Zuyan admirado. –Como assim “O” Lago de Vidro? –perguntou Narílio intrigado. –Sabe qual a probabilidade de se encontrar um Lago desses? Só existe um Lago de Vidro nesse continente sabia disso? – disse Zuyan se levantando e encarando Narílio – Com certeza Singrer não sabe disso, se soubesse já o te-ria destruído, ou então esta protegido como os Vales. –Eu não sabia disso, como se destrói um lago desses? –perguntou Nay. –Vai saber, Singrer consegue descobrir como se destrói tudo. –disse Zuyan – Temos que dar um jeito de prendê-lo, não podemos larga-lo nem deixa-lo fugir. –Onde estão Will e Helena? –perguntou Caio. –Sei lá, eles saíram antes de mim, achei que já tivessem voltado... Devem estar se conhecendo – disse Zuyan dando uma risadinha no final. –Se conhecendo? –perguntou Nay sem entender – Mas eles já se conhecem. –Esquece que eu disse isso garoto, não significa nada. –disse Zuyan. –Ele não é burro Zuyan, pra falar a verdade, de todos nós ele é o mais inteli-gente. Singrer até mandou um guerreiro atrás dele sabia? –disse Caio. –Você é o Precioso? –perguntou Zuyan mais admirado que quando falaram do Lago da Lua. –Precioso? –Nay e Narílio perguntaram ao mesmo tempo. –Como sabe disso Zuyan? –perguntou Caio. –Ainda era servo de Singrer na época, e foi por causa disso que fugi, contei a Sarty o que eu sabia... Nunca suportei a ideia de maltratar crianças desde que meu filho foi morto... O Velho Sábio do Império contou a Singrer sobre um ga-rotinho que nasceria e que teria a inteligência de vinte sábios juntos –contou Zuyan – Ele falou que o menino controlaria três dons e teria uma força incom-parável, Singrer mandou dois servos irem atrás desse menino... Eu e Carlos César. –Quer dizer que vocês foram caçados por causa de mim? –perguntou Nay. –Sim. Quando Singrer descobriu que não estávamos fazendo o que ele orde-nou, mandou que nos procurassem e nos matasse, ele já desconfiava de Car-los César que ajudou um prisioneiro a fugir, antes de ser pego ele me contou sobre seu amigo Mário e disse pra eu me esconder na caverna. –disse Zuyan que estava sentado e parecia meio triste. –E por que vocês simplesmente não capturaram Nay para Singrer, ou então não desistiram logo da missão de ser um servo dele? –perguntou Caio, Zuyan olhou pra ele e tinha nos olhos lágrimas. –Singrer teria nos matado se tivéssemos nos exonerados. Não fazíamos mais nada por ele, estávamos no castelo apenas pela segurança... Jamais teríamos entregue o menino a Singrer. Carlos César teve um filho morto por ele e foi obrigado a servi-lo. Meu filho morreu tentando impedi-lo de me matar... O garo-to tinha apenas quatro anos quando o crime do fogo começou, Singrer estava procurando os melhores guerreiros pra servi-lo... Ele invadiu minha casa e me bateu por recusar, meu filho viu e correu pra me abraçar, batia em Singrer que apenas ria da atitude do menino... Em determinado momento o garoto o mor-deu e ele se zangou, não teve dó por ele ser uma criança, levantou-o pelo pes-coço e... Simplesmente... –Acho que já entendemos tudo, não precisa contar o que presenciou. –disse Caio se ajoelhando perto dele e lhe entregando um lenço. –Ao recebermos a ordem, tanto eu quanto ele tivemos a mesma reação, não faríamos aquilo e nos esconderíamos pelas florestas, mas ele obrigou o velho a dizer por que estávamos demorando e ele contou o que fizemos.– contou Zuyan– Depois o velho disse que o menino só teria real valor quando comple-tasse dez anos e já tivesse mais controle. –Acho que vocês se enganaram, não tenho três dons, só controlo o poder ver-de. –disse Nay. –Não, pelo que o velho disse, você só teria real valor aos dez anos, idade em que descobriria tudo e teria consciência de seu poder. –disse Zuyan. –Mas eu tenho dez anos e... –Acabou de descobrir a verdade. –disse Zuyan interrompendo Nay. –Quem é esse velho sábio? –perguntou Caio. –É um Skider velho do vento, acho que é pai de Singrer e tem o Moz águia, vê o futuro e o presente melhor que ninguém, e é obrigado a dizer tudo... Só não entendi uma coisa, os Guardiões do seu Vale e Sarty sabiam disso, eu fiz com que soubessem, mas sem me apresentar a eles – disse Zuyan olhando de um para o outro – Por que não deram uma proteção ao garoto? Ele deveria estar cercado de guardiões e guerreiros poderosos. –Me disseram que se ele não estiver seguro ao meu lado, não estará mais se-guro com ninguém – disse Caio com um pouco de orgulho. –Acho que não entendi, explica de novo, devo ter cochilado no momento exato da explicação. –disse Zuyan um pouco confuso, Narílio parecia não ter enten-dido também. –Fui eu quem salvou Nay do guerreiro de Singrer, foi eu quem o destruiu. –disse Caio – Eu sou um Skider do Fogo – Narílio já sabia da última informação, mas Zuyan apenas boquiabriu-se e paralisou-se ao ouvir tudo. –Eu sei, a in-formação demora um pouco pra ser digerida, mas você se acostuma. –Você é um Skider do Fogo? Como? –perguntou Zuyan. –O “como”, eu não sei, mas sou. Você não prestou atenção quando eu acendi fogo ontem pra assar os peixes? –respondeu Caio. –Estava fora da caverna, quando voltei vi o fogo aceso, mas não perguntei co-mo o fizeram. Naquele momento Will e Helena apareceram à entrada da caverna e param ao ver o homem amarrado. Caio explicou o que tinha acontecido, onde encontra-ram o homem e quem ele era. Depois explicou sobre Nay e sobre a missão de Zuyan e Carlos César, contou-lhes o que aconteceu e como Singrer sabia so-bre ele. Falou do pinheiral e do Lago de vidro com água da lua. * * * Era quase três da tarde quando Caio retornou com a comida. Alimentaram-se e depois deram um pouco de comida ao homem, que incrivelmente sabia muito bem o que fazer com ela. Will ficaria de vigia àquela noite, ao terminar de co-mer foi deitar pra dormir um pouco. O resto da tarde foi bastante tranquilo, não estavam tendo nenhum problema e não viram vultos ou nada de anormal nos arredores da caverna. Os dois dias seguintes foram normais e com a mesma rotina dos anteriores. Saiam para procurar comida, conversavam, às vezes saiam um pouco andando aos arredores procurando alguma coisa diferente e dormiam. Tudo muito normal e parecia não estarem correndo perigo algum. Caio estava preocupado, não sabia se os outros estavam realmente bem. Queria ter certeza. Pediu a Helena que os levasse até o Refúgio, mas ela falou que não sabia abrir o portal, nenhum deles sabia. Caio estava à beira do Lago de vidro na tarde do quarto dia quando Helena apareceu e disse que queria ir ao Vale do Magyer. Os dois voltaram juntos à caverna e encontraram os outros esperando, as mochilas prontas. Seguiram à procura de duas árvores iguais para abrir o portal. O pó foi jogado e atravessa-ram-no, do outro lado encontraram um Vale devastado. Helena até achou que tivesse aberto um portal para o Vale do Follyng, mas não. Seu Vale também fora destruído. Resolveram olhar se não havia ninguém, dessa vez ficaram juntos, não se se-pararam. Não encontraram ninguém. Não sabiam o que fazer, o Vale de Will estava acabado e não tinha ninguém lá, tinham esperança de encontrar um guardião no Vale de Helena que os dissesse como abrir o portal até o Refúgio, mas não havia ninguém ali. –Zuyan você não sabe abrir portal pra nenhum lugar fora do Império ou dos Vales? O mundo normal, quero dizer. –disse Caio um pouco irritado. –Nunca estive lá. –respondeu ele – Tem uma maneira de se comunicar, mas é necessário saber o local exato onde a pessoa se encontra. –Podemos tentar falar com Sarty, ele nunca sai do Refúgio. –disse Narílio. –Como se faz? –perguntou Caio a Zuyan. –É uma espécie de holograma que você cria, pensa na pessoa com quem de-seja conversar e no local onde ela esta, e aparecerá uma pequena imagem sua onde a pessoa estiver, é necessário bastante concentração e treino. –explicou ele. –Caio pode tentar, nada do que já fez teve treino antes, foi tudo natural. –disse Will. Caio se concentrou, pensou em Sarty e no Refúgio. Mas não aconteceu nada, na terceira tentativa, foi invadido pelo pânico, e se tivessem destruído e Refú-gio e matado Sarty? Estava com medo, mas continuou tentando. De repente ele parecia estar em dois lugares ao mesmo tempo, via Zuyan, Will, Helena, Nay e Narílio no Vale devastado e via também uma sala vazia e uma pessoa sozinha nela. Era Sarty. Caio sussurrou seu nome como se não acreditasse no que via, e ele se virou para ver de onde vinha a voz. Caio ficou admirado por ter conseguido fazer aquilo e era espetacular aquela maneira de se comunicar. Sarty parecia incrédulo, ao se virar e ver quem fala-va com ele, ficou sem ação e boquiaberto. –Sarty, você esta bem! –disse Caio tão aliviado que não perguntou, afirmou. –Caio, como conseguiu fazer isso? Onde você esta? Achei que tivesse sido capturado. –disse Sarty – Eduardo falou comigo há quatro dias e me contou o que aconteceu. –Onde esta ele, Eduardo e os outros, estão aí? –perguntou Caio sem conse-guir se conter. –Não, eles não vieram pra cá, estão numa floresta ao Sul do Império pelo que entendi, não sei como conseguiram chegar lá, mas só ele e Danilo estão lá, os outros não estão com eles. –Como não, eles ficaram juntos quando nos separamos? –Não sei, mas onde você esta? –perguntou Sarty ainda bastante animado. –Nesse exato momento estou no Vale do Magyer, mas estávamos no Campo do Fogo, Zuyan nos levou até lá. –Zuyan? Você disse Zuyan? Ele esta vivo ainda? Achei que tivesse sido pego por Singrer. –Encontramos com ele quando fomos ao Império na Terça. Como estão os pais de Will e Nay? –Estão bem, vão ficar felizes em saber que vocês também estão. O que vocês irão fazer? –Vamos nos encontrar com Eduardo e Danilo e procurar os outros, precisamos ter certeza que esta tudo bem com eles. –Tome cuidado Caio, nos últimos dias estão acontecendo coisas estranhas, quatro Vales destruídos e onze guardiões mortos, não confiem em ninguém e desconfiem de tudo que virem por aí. –Encontramos o Lago de Vidro, e um guerreiro encarcerado perto dele. –O Lago de Vidro? Nossa! Vocês foram longe, nem mesmo Singrer conseguiu encontrá-lo, e ao redor, cheio de pinheirais, nenhum Skider de Fogo consegue usar o dom, se Singrer os perseguir, estarão seguros perto do lago. –Eu também sou Skider de Fogo, aconteceria o mesmo comigo. –Ou não, você não é um Skider comum. –Tenho que voltar, será que você poderia informar à minha irmã que eu estou bem e que talvez só volte na próxima semana? –Claro, pedirei a Alfredo pra fazer isso... Foi um prazer revê-lo Caio. –Digo o mesmo Sarty. Caio se moveu e Sarty sumiu junto com a sala, só via o Vale e seus amigos. O olhavam curiosos. –Vocês ouviram, eles estão na caverna. –disse Caio. –Não ouvimos nada, apenas você estava falando com Sarty e o vendo, estava no portal sem passagem. –disse Zuyan. –Apenas quem faz o contato é quem escuta. –Nesse caso, Sarty disse que Eduardo e Danilo estão na outra caverna, os outros não estão com eles, Vamos pra lá e depois procuraremos os outros. –Peraí, e os meus pais? –perguntou Helena– Preciso saber onde estão e se estão bem. –Você não pode ir sozinha, não sabe por onde começar –disse Caio –Vem com a gente e eu prometo que os acharemos também, ok? Caio passou dez minutos tentando convencer Helena de ir junto com eles, de-pois que conseguiu, foram em direção à floresta e Zuyan abriu o portal, atra-vessaram e chegaram a uma floresta diante de um lago, e do outro lado do la-go, uma caverna. Contornaram o lago e chegaram à caverna. Foram devagar e silenciosamente, não sabiam se a floresta estava vazia, ou se seus amigos ainda estavam na caverna. Caio chegou à entrada da caverna e olhou pra dentro, estava escuro, mas ele pode ver dois volumes no chão, quase sussurrando chamou pelo nome de Danilo e viu os volumes se mexerem. Entrou na caverna e correu para os amigos que estavam bastante feridos. Os outros entraram na caverna também, depois Caio disse que tinha falado com Sarty e ele lhe informou onde estavam. Danilo explicou que no dia em que se separaram, os outros fugiram primeiro e eles dois foram pegos pelos guerreiros, mas antes que os levassem para o Castelo ou os matasse, conseguiram escapar num campo de força feito por Eduardo e aberto um portal até ali, tinham dúvidas se o Refúgio estivesse se-guro e ficaram com medo de ir até lá. Caio perguntou se eles não tinham nenhuma ideia de onde os outros pudes-sem estar, disseram que achavam que estivessem ali na caverna, mas não tinham ido pra lá e Mário não sabia abrir portal pra nenhum Vale, só esteve no Refúgio e no Império. Sarty garantiu que no Refúgio não chegaram, e o Império era enorme, se estivessem em algum lugar por ali, demorariam no mínimo duas semanas pra encontra-los se permanecessem parados no mesmo local. Zuyan disse os prováveis locais onde pudessem estar, já que ele foi salvo por Carlos César uma vez, e também o conhecia, sabia todos os lugares que dava pra se esconder e fugir dos servos de Singrer. Ficaram o resto do dia e a noite naquela caverna armando um plano e escolhendo os lugares onde procurar. No outro dia voltaram pro Campo do Fogo, onde era mais seguro. –Acho que não é necessário ir todos. –disse Caio. –Eu vou com você. –disseram Danilo, Eduardo e Will juntos. –Eu também vou. –disse Helena. –Também quero ir. –disse Zuyan. –Eu não vou ficar aqui sozinho. –disse Narílio. –Não pode ir todo mundo. –disse Caio – Danilo e Eduardo ficam, estão muito feridos, e pode ocorrer uma luta. Narílio ainda esta machucado também. –Estou me sentindo ótimo. –revidou ele ao ouvir isso. –Zuyan vai, conhece o Império melhor que qualquer um de nós. –disse Caio retomando a palavra como se não tivesse ouvido Narílio. –É melhor o garoto ficar... –Nay vai estar sempre do meu lado. –disse Caio interrompendo Helena – Zuyan, Will e Helena vêm comigo e com Nay, o restante fica, Narílio, você já conhece as redondezas, se houver algum problema corram para o Lago de Vidro, Sarty falou que Singrer ficaria neutralizado naquela área... Danilo e Eduardo, se cuidem, fiquem na caverna... Vamos. Caio saiu da caverna acompanhado de Nay, Will, Helena e Zuyan. Se dirigiram às arvores e Zuyan abriu um portal, decidiram começar pela zona mais distante do Castelo. Chegaram num campo aberto, podiam ver ao longe várias casinhas, parecia um Vale, mas não havia barracas de madeiras nem nada parecido. Entraram naquela pequena cidade e bateram em todas as portas perguntando se alguém tinha visto seus amigos. Nenhuma pessoa ali parecia ser Skider, e disseram que não tinha passado nenhum estranho ali além deles. Depois de terem batido em todas as portas decidiram voltar à caverna. Caio estava ner-voso, tinha medo que tivesse acontecido algo aos amigos sumidos, ou que estivessem realmente no castelo de Singrer. Encontraram Narílio na entrada da caverna comendo. Entraram e contaram aonde foram e o progresso que não tiveram, perguntaram se tinha acontecido alguma coisa estranha por ali, e responderam que correu tudo normal. Apesar de estar com medo com o que pudesse ter acontecido com Mário e os outros, Caio estava muito feliz em ver dois de seus amigos ali, mais feliz ainda que um deles fosse Danilo, mesmo sabendo que todos confiavam nele e que o consi-deravam um grande guerreiro se sentia mais seguro sabendo que Danilo esta-va ao seu lado. Os dois dias seguintes foram iguais àquele. Saíram pra lugares diferentes, mas não os encontraram. Caio estava ficando insuportável de tão nervoso com o que pudesse acontecer aos amigos, ou que já tivesse acontecido, mas ele preferia pensar no melhor. Nunca sentiu tanto medo quanto sentia agora, nunca se sentiu tão preocupado ou nervoso. Passava parte do tempo à beira do Lago de Vidro, até que um desses passeios ao lago lhe rendeu resultados. Estava com Nay na área dos pinheirais quando viu três Guerreiros Negros cada um puxando um prisioneiro. Danielly, Mário e Charles. Caio gritou, mas os guerreiros pareceram não ouvi-lo. Parecia que não viam os pinheirais. Os guerreiros não ouviram os gritos de Caio, mas pararam ao ver Will, Zuyan, Helena e Narílio vindo na direção deles. Caio aproveitou a distração e mandou Nay ataca-los sem piedade. Foi só o tempo dos outros chegarem perto. Esta-vam encurralados. Zuyan os prendeu num campo de força no momento em que foram jogados ao chão, Caio e Nay correram pra desamarrar seus amigos. Assim como Danilo e Eduardo, os três estavam feridos de batalha. Caio e Nay os ajudaram a levantar, enquanto Zuyan e os outros cuidavam dos guerreiros, abriram um portal pra algum lugar qualquer e os jogaram através dele. Segui-ram todos pra caverna onde cuidaram dos ferimentos dos amigos feridos e ar-mavam um plano de guerra, pois sabiam que os guerreiros voltariam. –Que bom que vocês estão bem, achei que pudesse ter acontecido alguma coisa pior a vocês. –disse Caio – Onde estiveram? –Fugindo, e procurando vocês. –disse Mário. –Antes de sairmos do Vale de Lerny, nos separamos de Danilo e Eduardo, ía-mos para a caverna do Império, mas Mário disse que seria muito perigoso. –disse Danielly. –E seria realmente, abri um portal pra outro lugar que Carlos César me mos-trou uma vez, saíamos todo dia pra procurar vocês, não sabíamos em quantos grupos estavam separados, Danilo estava com Eduardo, vocês se separaram da gente ainda no Vale. –disse Mário. –Ontem demos de cara com os guerreiros de Singrer, só havia um pouco de pó, daria pra mais um portal. –disse Charles – Não sabíamos se o Refúgio era seguro, mas não tinha como abrir portal pra outro lugar... Marianny e César passaram primeiro, mas antes de passarmos fomos atingidos, Mário fechou o portal antes que os guerreiros se aproximassem mais. Depois disso, Caio contou o que aconteceu depois que saíram do Vale, como fugiram, como chegaram ali, o guerreiro perdido, o Vale de Helena destruído, a conversa com Sarty e como encontraram Danilo e Eduardo. Mário ficou surpre-so ao ver Carlos César, e a maneira como foi encontrado. E agora que sabiam onde os dois que faltavam estavam, não havia necessidade de continuarem ali. Caio não queria ficar ali nem mais um segundo. Aprontaram tudo nas mochilas e saíram da caverna, Eduardo abriu um portal para o Refúgio e todos passaram em segurança. Chegaram diretamente no Refúgio, entre duas colunas da entrada que estava vazia. Caio foi à frente pra ver se estava tudo bem, antes que chegasse à porta que dava acesso à sala dos sofás verdes, Marianny apareceu e deu um berro de prazer e susto. Ela correu em direção aos amigos recém-chegados, deu um forte abraço em Caio e se dirigiu aos outros. Depois da recepção calorosa todos entraram e encontraram Sarty no Salão de Cass, na companhia de Yuri, Dário e mais cin-co crianças. Sarty ficou bastante contente ao ver quem havia chegado, Yuri e Dário corre-ram para os irmãos e depois os quatro sumiram à procura dos pais. Os outros cinco garotos se retiraram e os recém-chegados se acomodaram espalhados pelo salão. Caio contou tudo, com a ajuda de Zuyan, Helena, Danilo e Mário. Sarty ficava surpreso sempre nos pontos da história que pareciam ser imprová-veis de acontecer. Passaram o dia no Refúgio, cuidando dos feridos e revendo pessoas que su-punham estarem mortas. Helena encontrou seus pais e Narílio encontrou o irmão. Caio passou a maior parte do tempo com Danilo. Não viram Alfredo ne-nhuma vez durante todo o dia. À noite Caio resolveu voltar pra casa, sabia que Nay gostaria de ficar mais tempo com a família depois de tudo que aconteceu, mas precisava voltar, queria saber se estava tudo bem e o tempo que passou no Campo do Fogo, se lembrou da carta que recebeu há semanas com reme-tente se dizendo seu pai. Danilo e os outros permaneceriam. Apenas Mário quis acompanha-lo na volta pra casa. Atravessaram o portal e chegaram aos fundos da casa onde havia duas colunas. Preferiram arrodear e entrar pela frente pra não assustar Cássia. Ela estava na sala, sozinha assistindo TV, Caio e Nay foram direto ao quarto, tomaram banho e foram se deitar, estavam bastante cansados, foi a semana mais longa e pior de todas que tiveram até o momento.
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 05:08:02 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015