Capítulo 8 – Leo Acho que eu nunca pensei que o meu casamento poderia ser do jeito que foi. Agora deve ser umas 5 horas da manhã, e cá estou eu, sem conseguir dormir, só pensando no quanto foi tudo inesperado. A Fani está esparramada ao meu lado, com uma camisola (está calor) e, ao mesmo tempo que eu estou observando seu rosto, tento não olhar pro resto do seu corpo. Apesar dela dormir como uma criança (uma perna pra dentro da coberta e o resto do corpo pra fora) ela ainda é uma mulher. E é a minha mulher. E ainda assim me sinto inseguro quanto... quanto a... a ISSO. Virei de lado para observá-la melhor, com todo o seu corpo perfeito. Passei a mão pelo seu braço, devagar, fazendo com que passasse uma careta pelo seu rosto. Ri dessa reação enquanto pensava que a pele dela era macia e boa de tocar. Se ela era assim no braço, imagino o quanto o resto deve ser ainda mais... “Ai droga.” Estava tendo ilusões de novo. Sim, de novo. Desde que viemos pra esse quarto dormir, enquanto todos nos olhavam sugestivamente, como se soubessem... ou melhor acreditassem que aquilo iria acontecer. É claro, a maior parte dos casais quando acabam de se casar, já que é a lua-de-mel, vão direto pro quarto exatamente pra isso. Mas eu e a Fani não. Nós viemos por outros motivos. Fui pra sala e me joguei no sofá, sem vontade de acordar de verdade, mas sem querer voltar pro quarto. Como não estava com sono, simplesmente dirigi meu pensamento pra noite de ontem. Na festa, logo depois do casamento. Primeiro tocou “Linda” e nós dançamos lentamente... Só que um segundo depois de acabar a música o Alberto colocou a playlist dele, que começava com “Girlfriend – Avril Lavigne”. “Ah, eu gosto dessa!” Fani exclamou me levando junto com ela pro meio da pista, com todos dançando. Era super engraçado vê-la dançando daquele jeito com um vestido de noiva e também perceber que eu também estava me balançando ao ritmo da música, de terno. Ela começou a dublar pra mim “I want to be your girlfriend” e eu só ria. Era uma música mais agitada que a outra. Acho que na quinta música veio a Gabi dizendo que iria roubar ela um pouco pra dançar com ela. Eu assenti e fui tomar algo. Peguei uma coca e me encostei-me a uma árvore observando a Fani dançar junto com as amigas. “As músicas são bem legais né?” disse alguém com os cabelos longos roçando meu braço. “Ótimas. Tanto que eu queria estar dançando lá também. Mas fui expulso.” Disse em tom de brincadeira. A verdade é que estava gostando de vê-las dançando. “E como você conseguiu entrar Katherine?” “Já disse pra me chamar de Kath. E eu só consegui chegar aqui porque eu liguei pra Fani. Se não ficaria vagabundeando pela cidade sem vontade de ir pra casa.” Ela virou-se pra me encarar e eu observei seu vestido preto e branco, com detalhes como se ela estivesse com uma saia e um top ao invés de um vestido. “Sabe, a Fani é uma garota muito legal. Você tem sorte de ter alguém. E é claro, ela de ter você.” Uma expressão que eu não soube decifrar passou pelo rosto dela. Só sei que o sorriso não estava no seu rosto quando eu olhei. E nem o brilho nos olhos. Mas ela logo voltou a sorrir “Gostei muito do vestido da Fani. Combinou com ela né?” Assenti “Bom... Ér... você... vocês... Estão, hum... Ansiosos para... Para essa noite?” Demorei uns dez segundos pra entender o que ela estava falando e acho que percebi tarde de mais, pois o Danilo estava vindo em nossa direção. Provavelmente ela ficou com a impressão errada, já que só viu meu rosto vermelho. “Hey Leo! E quem é a sua amiga?” “Katherine Flynn. Mas me chame de Kath!” “Hum... Kath hein?!” fomos andando para o palco, onde estava mais iluminado. Fui reparando que o vermelho do cabelo dela a noite parecia laranja e que seus olhos eram de uma cor ouro claro. Praticamente amarelo. Pareciam olhos de gato, com uma pequena tatuagem de estrela na bochecha. Quando ela levantou a mão para colocar o cabelo atrás da orelha, reparei que no antebraço havia uma tatuagem de um hieróglifo, a língua egípcia. Pra mim, a personalidade que ela estava mostrando não combinava nada com ELA. Tudo nela tinha um estilo mais intelectual e rebelde, enquanto o que ela falava mostrava uma garota frágil e que usaria um vestido de florezinhas. Ultimamente eu vinha aprendendo a decifrar como a pessoa era só pelo jeito que ela escrevia, se vestia, ou usava a moda. E pelo visto o que ela era por dentro não estava coincidindo com o que estava aparecendo por fora. Uns dos dois jeitos eram falsos nela. Isso eu tinha certeza. E minha segunda certeza, é que se a Fani ainda não percebeu, irá perceber. Se agora eu tivesse mais tempo pra raciocinar, iria perceber mais detalhes. Mas, acontece que é o meu casamento e eu iria prestar mais atenção na minha esposa do que na amiga dela. Cortamos o bolo juntos, comemos pra caramba e vimos os outros ficarem bêbados. Fomos conversar com a Priscila e o Rodrigo e eles nos contaram que voltaram a namorar. A Fani deu um sorriso gigantesco e falou que queria saber a história. Eles disseram e ela começou a exclamar que isso merecia virar um filme, pra depois eles contarem mais da vida deles pra ela... Quando a maior parte das pessoas estava indo dormir, ficando só os mais próximos, combinamos que no dia seguinte depois de almoçar iríamos todos fazer um passeio turístico pela cidade. “Ah Fani, e quem é essa sua amiga ruiva?” disse a mãe dela olhando para Katherine. “A Kath é uma fanática por filmes igual a mim, mãe. Apesar dela ser amiga da Meredith” nesse momento todos fizeram uma careta “ela parece ser bem legal!” então quer dizer que ela não tinha sacado que algo nessa garota não cheirava bem... Kath deu uma risadinha e olhou pro lado, como se estivesse envergonha e depois disse obrigada. Falou que estava cansada e se dirigiu para o seu quarto, parecendo totalmente fofa e inocente. Só que, a cada segundo eu tinha mais certeza de que tinha algo errado em Katherine Flynn.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 17:46:06 +0000
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