Carioca de nascimento e com espírito verdadeiramente carioca, fez da vida uma grande alegria. Adorava um bom samba,gostava de futebol e embora nunca tenha explicitado,desconfio que era tricolor. Sua varanda era uma festa de colibris. Há uma mandala, evocando a espiritualidade que sempre identifiquei em suas palavras e gestos. Também há um mensageiro dos ventos que, de forma delicada, deu um toque de serenidade às minhas madrugadas insones. Ainda guardo uma foto ( como as fotografias não fazem a mínima falta nessas horas) em que ladeamos um boneco de pano simbolizando Judas em sábado de aleluia. Sabíamos que o perdão imenso de Cristo redimiu Judas e que a Igreja não aprova muito essa coisa da malhação mas,de alma carioca,não pensávamos em abolir a tradição e foi o que fizemos naquele sábado da quaresma. Deixou,além de uma filha única e muito companheira,um casal de gatos pois como gente do bem adorava animais e plantas. Enfim,um ser humano cuja passagem é motivo de tristeza mas também orgulho. Tristeza por não ter mais o prazer de vê-la em sua simplicidade e alegria mas orgulho por ter podido desfrutar de sua presença enquanto vizinha. Ao contemplá-la serena, exibindo uma bela blusa com uma estampa de Maria, orei e tive certeza de que seres humanos como os da sua feitura já nascem com passaporte para uma eterna lembrança.
Posted on: Mon, 19 Aug 2013 18:18:46 +0000
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