Caros amigos, para quem não sabe, ainda estou na Austrália, - TopicsExpress



          

Caros amigos, para quem não sabe, ainda estou na Austrália, longe de toda a polêmica das manifestações. E vocês não tem idéia o quanto o facebook tem me ajudado a entender toda a perspectiva e a realidade que vem sufocando o Brasil. Me considero nativa de São Paulo, já que passei grande parte da minha vida neste estado – e para quem me conhece bem, sempre lembra das brincadeiras em que eu sempre elevava meu estado com orgulho, pq “São Paulo carrega esse país nas costas” (rs)! Infelizmente, o que tem acontecido recentemente é retrato de décadas de roubalhada e indignação estagnada nas mentes brasileiras. Porque ser brasileiro é estar acostumado e conformado com transporte, saúde, educação, infra-estrutura ruim. Lembro quando logo depois da ocorrência daquele infortúnio incêndio em Santa Maria (RS), um amigo meu falou “Ah, mas é normal, né?”... NÃO GENTE, NÃO É NORMAL!!! Vivemos num país em que o presidente da comissão de direitos humanos da câmara, Marco Feliciano, é contraditoriamente a pior pessoa possível para representar os direitos humanos. Vivemos num estado em que o próprio setor que deveria estar tomando conta da população começa a atirar balas de borracha e gás de efeito contra manifestantes segurando perigosíssimas flores. Se nem a polícia faz sua parte, quem é que defende a gente? Isso aí é retrato do que eles estão acostumados a fazer na periferias do estado, só que ninguém vê isso, já que todo mundo sabe que isso acontece, ISSO É NORMAL PRO BRASILEIRO. É tudo vagabundo mesmo, bora meter bala neles. Ahhhhh, mas pelo menos a gente tá sediando a Copa do Mundo, parabéns galera, vamos nos manter alienados e apoiar essas manifestações pq está na moda (todo mundo tá indo, não tá não? Vamo clicar em “ir” no grupo do facebook só pros outros acharem que eu sou “cool”. Tá chovendo? Ah, vou não, em casa em bolo e novela...). Nesses meses aqui na Austrália pude sentir na pele a diferença de morar em um país diferente do Brasil. Aqui (quase) tudo funciona maravilhosamente bem: professores bem pagos, educação de qualidade, infra-estrutura de outro mundo, e na minha cidade o ônibus é DE GRAÇA – e não é só gente pobre e estudante que usa esse ônibus não, aqui o pessoal não é julgado pelo carro que tem ou a marca de roupa que usa como no Brasil. Outros meios de transporte também são muito eficientes e tem boa manutenção. Aqui há estações de trem que não tem catraca ou ninguém fiscalizando quem compra passagem ou não (teoricamente tem, mas nunca vi); se eu quiser, eu posso pegar o trem de graça. Mas eu não faço isso, pq eu gosto de investir no que merece. Pra quê eu vou deixar de pagar pra ter um serviço de qualidade (é o típico “jeitinho brasileiro”)? Não estou falando que faço tudo certo também, mas nesse quesito eu faço questão de pagar por uma coisa que merece ser paga. Não tenho certeza quanto de imposto os australianos pagam todo ano, mas a verdade é que eles são felizes porque recebem o investimento deles de volta. Não vou ser utópica e falar que a Austrália só tem lados positivos, só estou ressaltando os fatos que cabem ser citados nesse tópico. Esse movimento tem raízes muito mais profundas para estar sendo tão ativo; é sinal que o povo brasileiro começou a entender que essas coisas que eles sofrem diariamente não são coisas normais. Que a gente paga imposto pra ter uma MERDA de transporte, educação, saúde, blábláblá, e que vinte centavos são mais do que justificáveis para esta gota d’água. E que portanto quem apoia o movimento não é só a parte da população que usa o ônibus, pq muita gente que usa o carro em SP (ou vários carros, já que em SP tem rodízio) poderia estar poupando dinheiro e ajudando o meio ambiente e usando transporte público SE ELE FOSSE DE QUALIDADE. Se não precisasse ficar 0938437 horas para chegar no trabalho. Se não precisasse ficar que nem sardinha em lata na hora do rush. Por tudo isso, filmem, tirem fotos, façam tudo o que puder para espalhar o que vem acontecendo no país pra todo mundo. Apoiem a causa, pois mesmo os que não podem estar presentes na passeata (como eu) também podem expressar incentivo e fazer sua parte para ajudar o movimento. Tragam a alegria, uma característica tão intrínseca ao povo brasileiro, façam essa a marca da revolução. Tragam a música para os ouvidos da polícia, digam a todos que é tempo de revolução, como na música de Geraldo Vandré (linda demais!), “Pra não dizer que não falei das flores”, hino dos tempos da ditadura: Caminhando e cantando E seguindo a canção Somos todos iguais Braços dados ou não Nas escolas, nas ruas Campos, construções Caminhando e cantando E seguindo a canção Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Finalmente, aqui vai o link de um ótimo vídeo da Folha (finalmente, um retrato fiel do que realmente aconteceu nas manifestações), com a repórter Giuliana que foi subjulgada no olho por uma bala de borracha, e cuja célebre foto foi estampada nas redes sociais e alvo de indignação da população. Vale a pena conferir. youtube/watch?v=W6QVLE8PQJ8&feature=share O pessoal tentou protestar pelas redes sociais quanto a inúmeras causas públicas, e isso vem dando certo? A gente precisa é se tornar mais ativo. Parar de ser conformado. Vai Brasil, sai pra rua. Me faz ter esperança no povo brasileiro.
Posted on: Mon, 17 Jun 2013 03:22:58 +0000

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