Carta de Confissões de 6 de Agosto Sem os cumprimentos de - TopicsExpress



          

Carta de Confissões de 6 de Agosto Sem os cumprimentos de entrada e com pronomes na frente dos verbos, eu desperto dos nossos idealizados vinte anos. Inclusive, vou encher o texto de artigos. Hoje não serei romântico. Hoje não vou te idealizar, nem falar de coisas metafísicas. Com certeza subestimei a tua capoeira. Uma rasteira me derrubou no caminho inverso da toca do coelho. Não, não vejo problemas quanto a isso, se é o que estás pensando agora. Não fiquei assustado a remoer preconceitos, apenas mais lúcido. Só preciso me situar dentro da nova conjuntura. Traçar um perfil, talvez? Não me arriscaria numa psicologia profunda, mas me arrisco no que tenho. Algumas das peças que eu vinha montando já não servem mais e se faz necessária uma nova análise, dessa vez, livre da irracionalidade onírica. Vamos falar da Andréa de carne e osso. Muito mais ardilosa e tão experimentada em nuances. Confortável quando no controle da situação, com suas inseparáveis frases de censura: “Não se empolgue” e “Só eu posso”., externaliza um desejo secreto por troféus deixando marcas de unha que lhe agradariam mais se fossem permanentes. Algo como ferrar gado. Desejaria que eu lhe implorasse algo? Essa sensação de poder, eu também conheço. Eu sei jogar esse jogo, Andréa. Posso captar mais coisas sobre ti do que imaginas. Tuas mordidas. Tuas mãos. As palavras que escolhe nas respostas e nas perguntas falam sobre o íntimo mais do que gostarias. Esse tom imperativo. Essa maneira de tomar a frente e de se esquivar de mim. Sem falar da ousadia de tentar manipular o que escrevo, para parecer com as histórias que tu lê. Até as minhas criações tu queres, por fim, alienar. Tenho olhos e ouvidos para tudo isso. Tuas habilidades, tão desenvolvidas quanto as minhas -suponho- não me dão escolha a não ser trazer o jogo de sombras para perto de nós. Essas “Cartas de Confissões” serão doravante “Cartas de Sombras”. Esta é a derradeira fonte de informações para que possas mover tuas peças no tabuleiro. Mas não se engane, menina. O quebra-cabeças ainda está sendo montado; só troquei a figura. Você ainda gastará algumas boas-utópicas-nada-declaradas admoestações, sem perceber que estou vendo suas cartas. Nessa altura, o blefe será inútil. -Eu, o náufrago, ia remando na direção de uma ilhota montanhosa. A cada puxada dos remos mais se elevava minha esperança. A sede e a fome, outrora adormecidas, acordaram. Nada existia para mim além dos remos, da ilha e o mar que nos separava. Quando finalmente passei de onde quebravam as ondas maiores e pude chegar mais à margem, saltei do bote e fui nadando. Incansável, ainda escalei aquele primeiro monte que escondia da vista o resto da terra. Ao chegar do outro lado, pasmem. Não havia nada além de uma outra praia. Parei para beber dos cocos? Não; mergulhei na primeira onda que se levantou. Somente depois de escrever boa parte desta carta -digna de ter muitas epígrafes, mas sem nenhuma- é que percebi, que o sonho supracitado fora uma premonição. Se eu creio mesmo nisso? Sucede o mesmo com o tarô. Por se tratar de uma linguagem fria, se adéqua a realidade tão bem quanto os líquidos preenchem as garrafas. Era Morfeu me falando em mistério. Era eu, afogando o superego. Era eu sendo eu e me avisando para acordar sendo ainda eu mesmo. Este é meu manifesto. O meu aviso que sei jogar, para além das palavras, inclusive. É chegada a hora de provar da substância que destilava sob as entrelinhas do monólogo dessas cartas. Se é vinho, vinagre ou veneno; só saberemos levando à boca. Jogando com sagacidade, assinam: Wilhelm e as Srtas. Combinatória, Probabilidade, Estatística e Lei dos Grandes Números.
Posted on: Thu, 08 Aug 2013 17:49:11 +0000

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