Casimiro, o fenómeno: “Gressives pá” Criado em - TopicsExpress



          

Casimiro, o fenómeno: “Gressives pá” Criado em 13-10-01 Casimiro Teixeira é hoje um dos homens mais famosos de Cabo Verde, ao lançar a moda “gressives, pá”, quando entrevistado sobre a justiça no país. Para este “cidadania”, como se apelida, a violência está aumentar por causa dos “jovas gressives”. Afinal, quem é Casimiro Teixeira? A vida de Casimiro Teixeira, 59 anos, teve uma reviravolta desde que, entrevistado, por um canal de televisão, os seus desabafos correram o mundo. Nesse dia, este “migrante, cidadania”, “ora lá, ora cá”, estava sentado à porta da sua casa, na Várzea, quando um repórter quis saber a sua opinião sobre a justiça em Cabo Verde. Calmamente, com o ar mais sério deste mundo (o assunto era sério), foi dizendo o que pensa, num português misturado com crioulo, acabando por lamentar que os jovens hoje em dia estejam, como diz, “gressives pá, gressives”... Lançado nas redes sociais, no Youtube, logo o seu depoimento tornou-se viral, correndo o mundo. Neste momento, por exemplo, até um rap, com as suas palavras, a circular por aí. Qualquer que seja a conversa, não importa onde, ou ambiente social, raro é aquele que não remata com um inevitável “gressives, pá”. Enfim, a fama deste cabo-verdiano é tanta que duas empresas, uma de publicidade e outra de telecomunicações, procuraram Casimiro Teixeira para as suas campanhas publicitárias. A NAÇÃO foi encontrar este “migrante, cidadania”, na Várzea, seu pouso habitual. Ele diz que não tinha noção da sua fama já que não é homem de “facebook” e muito menos de “Youtube”. Pôde aperceber-se todavia do que se estava a passar a partir do momento em que uma empresa publicitária o procurou, a convidá-lo para fazer duas campanhas do refrigerante “Trin”, uma de limão e outra de morango. E como a água sempre corre para o mar, quase ao mesmo tempo, apareceu uma outra empresa, esta de telecomunicações, também com propostas publicitárias, para além de outros mais convites que não quis especificar. “Não posso tirar fotos com outras pessoas, por causa da publicidade”, explica o nosso entrevistado. “Inclusive no dia que o pessoal do Trin esteve aqui, o jovem da Tmais estava presente e até me ofereceu 400 escudos de saldo e tirámos uma foto juntos encostado no carro da empresa. Também uma pessoa me ligou e disse que vai abrir uma casa e que queria entrevistar-me, mas não sei que tipo de negócio. Até em Angola estão a fazer publicidades em camisolas com as minhas palavras ‘gressives pá’”. Aborrecido com a exploração abusiva da sua imagem, Casimiro avisa os oportunistas que está disposto a acabar-lhes com a mama. “Ainda não dei autorização a ninguém para usar das minhas palavras em publicidade”. O nosso entrevistado deixa também claro que esta sua fama é sem proveito e que se fosse nos EUA ou no Brasil, a esta hora, estaria a nadar em dinheiro. E desabafa: “Não estou satisfeito, as pessoas andam a tirar vantagem menos eu. Sou migrante há muito tempo, e sei o que é vida. Uma pessoa não pode usar uma minha imagem sem eu passar licença ou confiança. É proibido em qualquer parte do mundo”. Vida de migrante Natural do Fogo Santa Catarina, mais precisamente na localidade de Achada Furna, nem tudo na vida do nosso fenómeno foi fácil. Em 1973, com 17 anos, emigra para Portugal à procura de vida melhor. Chegando lá, diz não ter cruzado os braços diante das dificuldades. Trabalhou em minas, como ajudante de marteleiro, na construção civil, como pintor e condutor, no Porto, Coimbra, Aveiro e Lisboa, tendo aqui conhecido uma professora portuguesa com quem tem dois filhos. Como bom crioulo, Casimiro tem mais dois outros filhos fora do casamento e que nasceram em Cabo Verde, quando conheceu uma “linda jovem” numas férias como “cidadania”. Homem verdadeiro, o nosso “migrante” confessa que tinha que contar a verdade à esposa portuguesa sobre os filhos em Cabo Verde, e ela, “simpática e pacífica, aceitou”. “Na vida de migrante foi sempre a trabalhar, a minha família mora numa renda; com o dinheiro que consegue nessa vida comprei uma casa na cidade da Praia, na Várzea, tem 200 metros. Tenho três inquilinos, sobrevivo dessa renda e de uma pensão que recebo dos anos de trabalho em Portugal. Mas o que eu gostaria mesmo é de conseguir um empréstimo para remodelar esta casa, construir outros andares e dar uma vida melhor aos meus quatro filhos”. Casimiro conta também que há dois anos pediu empréstimo num banco dando como garantia a própria casa mas que ainda não obteve resposta. A sua expectativa é que agora que se tornou conhecido o tal banco aceite, finalmente, conceder-lhe o empréstimo. Tubarão Azul/Futuro do país A NAÇÃO quis saber de Casimiro a sua opinião sobre o assunto que mais angustia os cabo-verdianos neste momento, a desclassificação inesperada dos “Tubarões Azuis” da corrida à Copa 2014, no Brasil. O nosso fenómeno acha “muito gressives” a posição da FIFA. “Fiquei triste com a notícia”, confessa, no que aproveita para lançar este apelo à FIFA: “Perdoa Cabo Verde”. E sobre o problema da violência na Praia, assunto que ajudou a catapultá-lo para as redes sociais, Casimiro revela que já foi atacado duas vezes por “jovas gressives” e que a violência em todos os lados está um “bocadinho complicado”, e que por isso sente saudades do tempo em que era milícia, cujo uniforme conserva até hoje, dormia na varanda da sua casa, sem medo, na Várzea. “Nesse tempo havia respeito”, diz, “hoje não, os ‘jovas’ não respeitam ninguém, estão todos ‘gressives’”. E qual analista social avança com a seguinte teoria: “Há muito problema de ‘jovas’ em Cabo Verde. Hoje por volta das sete horas não pode sair na rua por causa do ‘thug’, mas pergunto: o que é isso? A situação está feia para os migrantes, e para os estrangeiros, e o Governo tem que tomar uma iniciativa. O problema do ‘jovas’, eles têm de ter mais ‘acautela’, mas também não há trabalho, as pessoas têm que comer, mas viver aqui é complicado, às coisas estão muito ‘gressives pá’...” Antes de terminar a conversa com A NAÇÃO, Casimiro Teixeira deixa escapar a sua vontade de rever a família na Europa. “Estou há meses, vim tomar conta dos negócios”, pois, como sabemos, “tô cá, tô lá”...
Posted on: Thu, 03 Oct 2013 07:52:58 +0000

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