Chico Buarque de Holanda *Certa vez escrevi isso UM CICLO - TopicsExpress



          

Chico Buarque de Holanda *Certa vez escrevi isso UM CICLO FECHOU-SE PRA NÓS Sob o pretexto da governabilidade, Lula se alia à direita política brasileira, afugenta importante ala de membros fundadores do Partido dos Trabalhadores – os éticos e ideológicos – que saem do PT. Alguns fundam o PSOL, outros se abrigam em diferentes agremiações partidárias, e muitos só se frustram mesmo com o rumo que tomou o prodígio rebento político forjado no movimento sindical e crescido em cima de palanques de campanhas eleitorais para Presidente da República. Na Presidência, Lula se vale do Fome Zero, adota a política econômica de FHC, e, ao transformar os programas sociais do Governo anterior no Bolsa Família, se torna o “pai dos pobres do Brasil”; atrela-se de vez à extrema direita e inventa Dilma Rousseff sua sucessora à revelia do PT, de todos os seus aliados e de qualquer outro ser vivo no planeta Terra. Por último, o Governo Lula, sem limites e sem pudor, alicia Chico Buarque de Holanda, laureando-lhe com o Jabuti – mais tradicional prêmio de literatura no Brasil, pela autoria de seu “Leite Derramado”; e batiza um navio petroleiro da Petrobrás com o nome do historiador Sérgio Buarque de Holanda, de saudosa memória e pai de Chico, este ainda considerado como uma reserva moral, capaz de inspirar os últimos lampejos de esperança por reconstrução de um país melhor: justo, livre e pelo menos com um pouquinho de ética sequer. O ciclo se fechou para nós que éramos jovens, quando Lula era apenas um líder sindicalista pelego. Sim, pelego, pois essa era condição sine qua non para os que se aventuravam liderar um sindicado de qualquer categoria profissional no Brasil. Cognome de resistência, uma das grandes referências de toda uma geração de fomentadores culturais, poetas, músicos, atores, cantores, e de enorme contingente de anônimos urbanos de diferentes setores da sociedade: estudantes secundaristas, universitários, professores e formadores de opinião de tantas vertentes anti-ditadura. Chico Buarque capitulou. E capitulou numa hora difícil para a democracia no país. Daqui a pouco, teremos um Governo novo de Dilma Roussef de quem não se sabe quase nada. Não é por isso que se deva torcer contra. Ela venceu; é a Presidente, tem mais é que governar e bem. Quanto a Chico apoiá-la ou não, isso agora não tem a menor relevância para aqueles que estão cada vez mais loucos pelo Poder. Logo que tiverem que dar o “pulo do gato”, nem vão se lembrar de que o poeta de Vai Passar, Apesar de Você, Roda Viva e tantas mais, é aliado político declarado deles e, como tal, certamente terá crises de cólera e até de cólicas dado ao que eles vierem a aprontar. Mas Chico Buarque é somente a grande baixa na corrente dos que sonham com a recuperação humanista do Brasil onde assassinos, hoje em dia, não se contentam em apenas matar pessoas. Agora, eles mutilam suas vítimas mesmo depois de mortas. Os atuais companheiros de Chico, entre os quais alguns Zés poderosos, ainda que lhes agraciem com o Ministério da Cultura, o que poderia vir a ser um desastre, não o levarão em conta sempre que pretenderem pôr os pés pelas mãos em decisões sobre “negócios” da República. Neste ponto deste texto, até me surpreendi com o rumo que o mesmo tomou. O tema não seria sobre Chico Buarque, mas sobre a desesperança que se apodera dos que sonham com um país livre até de inescrupulosos – tipo aqueles que desviam dinheiro da saúde pública para o próprio enriquecimento. Desesperança de toda gente que se doou contra o “sinal fechado” pelos gorilas de coturnos, que ironicamente nos permitiam mais esperanças, já que eram o inimigo evidente. Tanto é que apesar da tirania, eles não nos impossibilitaram Edu Lobo, Vandré, a Tropicália, Zé Kéti, João do Vale, Cesar Teixeira e principalmente Chico, entre outros tantos. Hoje não resta quase nada de dignidade. “Não tem dança, não tem mais menina de tranças, nem cheiro de lança no ar”. Hoje, em vez “do ouro, da prata, da praça e da paz”, tem de sobra o crack, a coca, a cana e o gás. O pano fecha, o ciclo também. *Iranildo Azevedo Novembro de 2010 (Tribuna do Nordeste/S.Luís-MA)
Posted on: Wed, 09 Oct 2013 18:49:01 +0000

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