Cirurgia bariátrica: será que o critério atualmente adotado - TopicsExpress



          

Cirurgia bariátrica: será que o critério atualmente adotado para encaminhamento cirúrgico está correto? O número de cirurgias bariátricas feitas no Brasil chegou a 72 mil em 2012, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O avanço das técnicas, a diminuição dos riscos, a difusão da cirurgia e das informações relacionadas a ela, fazem com que cada vez mais médicos passem a encaminhar pacientes para o procedimento. O fato é que a cirurgia bariátrica é de alta complexidade, exige sacrifício, disciplina na dieta, mudança comportamental, prática regular de atividade física e acompanhamento médico pelo resto da vida. Sem isso, o obeso pode trocar uma doença grave por outra (desnutrição crônica) e voltar a ganhar peso. Os gastroplastizados também estão mais sujeitos a alterações importantes como distúrbios metabólicos, depressão, alcoolismo e uso de drogas. Isso sem falar nas intercorrências cirúrgicas que podem ocorrer: lesões vasculares, lesões intestinais, hemorragias e complicações anestésicas. Falar sobre os riscos da cirurgia bariátrica causa certo desconforto aos que já se decidiram pelo procedimento. A justificativa mais comum, quase universal, é a de que toda cirurgia tem risco. Não, eu não sou contra a redução de estômago, mas penso que a cirurgia bariátrica deve ser indicada com extrema cautela. Considero casos de exceção quando a pessoa, com um peso corporal acima da faixa de 150 quilos a 160 quilos, tem diabetes, hipertensão, já passou por todas as alternativas clínicas, como endocrinologia, nutricionista, psicólogo, e não obteve êxito. Pela minha experiência clínica, posso afirmar que em muitos casos não é o estômago que precisa de cirurgia, mas sim o cérebro. No dia a dia vejo pessoas agendando cirurgias com graus de obesidade facilmente reversíveis com um correto acompanhamento nutricional e programa de exercícios. Mais do que a sensação de fome, o sentimento de descontrole é o principal sabotador da perda de peso. Pessoas que poderiam emagrecer com métodos tradicionais recorrem á cirurgia bariátrica em busca de um emagrecimento rápido. De fato, a cirurgia provoca uma grande perda nos primeiros 12 meses. Em média, depois de dois anos, a balança se estabiliza. Passados três ou quatro, a pessoa pode até engordar se não mudar os hábitos, seu estilo de vida. Ninguém chega ao estágio da obesidade mórbida em meses. Normalmente, são anos e anos pensando gordo, comendo de maneira errada e em excesso. Mudar esse processo leva tempo. Talvez a palavra chave seja PACIÊNCIA. A redução de estômago não é uma solução mágica para todos os problemas. Com ou sem cirurgia, é preciso manter o foco na saúde, buscar formas corretas de se alimentar e praticar atividades físicas. Na ansiedade de ver os números da balança baixando, muitos se esquecem da importância de perder gordura, preservando a massa magra. Por isso, a quem quer emagrecer sempre recomendo a prática da musculação associado a correta atividade aeróbica e nutrição adequada. O problema é que em várias academias o obeso é tratado como doente, sendo induzido a caminhar na esteira três vezes na semana à 1 km/h ou fazer circuitos que não preconizam a individualidade biológica. Quando busca ajuda no campo alimentar, muitas vezes o obeso é induzido a manter dietas muito restritivas à base de biscoito de água e sal com geleia diet. E ainda, para piorar, muitos médicos prescrevem anorexígenos como se fosse a grande solução, sem qualquer tipo de reeducação alimentar em conjunto! Pudera tamanho fracasso na obtenção de um emagrecimento adequado! De acordo com o Ministério da Saúde, das 72 mil cirurgias realizadas no ano passado, apenas 6.029 foram feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para reduzir o tempo de espera por uma cirurgia bariátrica, no início deste ano, o governo reajustou em 20% o valor médio repassado pelo SUS para cobrir honorários médicos e serviços hospitalares em cada procedimento. O enorme esforço do governo é louvável, mas não podemos nos esquecer que a obrigação do Estado é criar condições para que a população não precise fazer cirurgias bariátricas. Investir em políticas públicas para evitar a obesidade mórbida e melhorar a educação nas universidades, para promover melhor formação para os profissionais de educação física e nutrição saberem lidar com essa situação em seu cotidiano profissional. Obesidade se resolve com uma adequação na alimentação associada a uma rotina de atividade física adequada! Uma composição corporal saudável é a consequência de um estilo de vida saudável! Não existem milagres! Fonte: Nutricionista Rodolfo Peres
Posted on: Thu, 31 Oct 2013 16:14:27 +0000

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