Coluna - Carlos Rubeno - TopicsExpress



          

Coluna - Carlos Rubeno Coluna- Carlos Rubeno A IMAGEM DA FORÇA Certa vez ouvi uma piada sobre a PM paulista, mais especificamente sobre a ROTA, era uma competição envolvendo as melhores polícias do mundo, consistia em caçar um coelho no mato e os participantes eram sargentos, primeiro entrou no mato um sargento da polícia inglesa e voltou dois minutos depois com um coelho, depois foi um sargento israelense e voltou também com um coelho um minuto e meio depois, então entrou no mato o sargento da ROTA, voltou quarenta segundos depois, trazia um porco espinho todo ensanguentado, e o porco gritava: “eu juro que sou um coelho”, o enredo era mais longo, mas o final era exatamente esse e mostra o entendimento, o conceito que a população tem de sua força policial a partir do que observam no dia-a-dia somado ao que a mídia divulga. Pode-se dizer que ninguém gosta do policiamento ostensivo, mas não é verdade, a presença do policial fardado sempre transmite sensação de segurança, é a presença do estado em forma de serviço, polícia não tem por objetivo só reprimir crime, mas também prestar informações, controlar o trânsito e muitas vezes encaminhar as providências de resgate em acidentes, a questão do trânsito em áreas urbanas nas mãos da guarda municipal considero um erro, essa guarda deve guardar patrimônio público do município e nada mais, se não for assim a prefeitura usa as multas como forma de arrecadação e vira negócio, a força policial sendo do estado não tem vínculo direto com a cidade e trabalha de forma mais isenta. O trabalho de policiamento é um desgaste constante para a PM, subordinada ao governo de cada estado através da secretaria de segurança pública tem arcado com o ônus das decisões tomadas pelos governadores que nem sempre assumem sua responsabilidade, cito o caso do Ex Governador do Pará Almir Gabriel, já falecido, ele ordenou que a PM retirasse de uma estrada um grupo de sem terras do MST, a PM cumpriu a ordem e houve confronto, como já esperado sabendo-se que o MST portava foices, algumas espingardas, pedras, porretes e nenhuma disposição para negociar. No final o resultado esperado pelo MST foi atingido, vários mortos cuja responsabilidade ficou com o comandante da tropa e um major, a justiça aceitou candidamente a versão de Almir Gabriel de que a ordem era “negociar”, se isto fosse verdade ele mesmo teria feito e ficado com o dividendo político da ação. Mais recentemente tivemos o julgamento da invasão do Carandirú, pela ROTA, que foi determinada pelo Ex Governador Fleury, ele assumiu a responsabilidade pela ordem, havia juízes presentes no momento da entrada da ROTA, mas lá dentro só os policiais entraram em combate com os presos revoltados, o período de tempo em que o presídio ficou no controle dos presos serviu para acertos de contas, execuções e outras ações criminosas entre as quadrilhas rivais ali recolhidas, todos acreditam nisso, mas a justiça não acreditou, o Ministério Público livrou a tropa da responsabilidade pela execução dos presos que morreram por arma branca e acusou a ROTA de ter executado todos os presos que morreram por disparo na nuca, para sustentar a acusação de execução o exame de balística das armas dos policiais e dos projéteis recolhidos no local ficou parado por 17 (dezessete) anos e nunca foi feito, até que o desgaste da raiadura das armas por ferrugem já não permitiam mais o exame. A tropa foi condenada sem que se saiba quem atirou em quem, acusados de assassinato por terem cumprido seu dever por uma a sentença que só tem uma explicação plausível, a justiça queria condenar a ROTA e não deixou a oportunidade passar, a perícia nas armas e nos projéteis não foi feita por que não era para fazer. É dentro desta realidade que vejo a ação de um Capitão da PM do Distrito Federal, em filme que foi reproduzido largamente na internet e nos noticiários, um grupo de manifestantes tenta se aproximar da área do Palácio do Planalto e do Congresso com uma bandeira, a tropa de choque está em linha num determinado ponto e um Coronel determina que não ultrapassem uma faixa branca, sob pena de serem reprimidos com gás lacrimogênio, tudo certo até aí, o Cap devia transmitir a ordem e manter o controle da situação, ao ser questionado não devia ter alongado nenhum diálogo, e se houvesse insistência e xingamentos devia determinar o recolhimento do elemento por desacato a delegacia mais próxima, sempre resguardando sua autoridade no comando da fração, policial não ri, não bate boca, o choque como toda tropa se move por voz de comando, de preferência enérgica, é uma tropa de ação conjunta, e nenhum de seus componentes deve sair da formação para perseguir nenhum manifestante, isso não é seguro em controle de tumulto, matéria ministrada em teoria e colocada em prática nos treinamentos tanto na escola de sargentos quanto aos que fazem o CFO. Não foi a primeira vez que observei ação semelhante por policiais envolvidos no controle de manifestações recentes, não estavam mais acostumados com esse tipo de missão e devemos dar alguma atenção a esta parte, quando me referi a instruções recebidas em curso de formação me referi à década de 70 quando isso fazia parte do curriculum de oficiais e sargentos, todos recebiam essa instrução na escola, quem ia servir no choque na PM ou na PE no Exército fazia isso semanalmente junto com a ordem unida, não estávamos mais focalizados nesse tipo de manifestações, mas é necessário voltar no tempo e ministrar essa instrução de novo, não tenho a pretensão de dar sugestão a nenhum comandante de unidade, mas é essa a necessidade que vejo, citando mais um fato registrado pela mídia na semana passada: “A televisão mostrou um PM perseguindo um manifestante por quase 100 metros, tive a impressão de que ele iria fazer uma prisão em flagrante, mas não era isso, ele fez uso de um spray no rosto do manifestante e voltou para junto da tropa”, depois soube que era um sargento, sei que muitos vão discordar de mim lendo isto, mas é verdade, a imagem da força no pais todo vem sendo desgastada pela repressão as manifestações, e elas vão continuar acontecendo, não podemos continuar queimando filme, mesmo que seja preciso fazer aquilo que nenhum milico gosta de fazer, treinar de novo tudo que já foi ensinado na escola. 0 comentários Enviar por e-mailBlogThis!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar no Orkut
Posted on: Mon, 16 Sep 2013 11:23:18 +0000

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