Comandos, Drones e Espiões Amir Labaki Queimou o filme de - TopicsExpress



          

Comandos, Drones e Espiões Amir Labaki Queimou o filme de Barack Obama, nem sequer completou-se um semestre de seu segundo e último mandato à frente da Presidência dos EUA. A gota d’água foi a revelação por Edward Snowden da pervasiva rede de espionagem eletrônica de telefones e computadores de cidadãos mundo afora (Brasil incluído, como destacou a edição de “O Globo” do último domingo) estabelecida pela Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) durante o governo George W. Bush e mantida intocada por seu sucessor do Partido Democrata. Mas a batata de Obama já assava há algum tempo e viu-se ainda mais chamuscada com o mais recente trabalho do repórter investigativo Jeremy Scahill, o mesmo correspondente da “The Nation” que revelou durante a era Bush a escala sem precedentes da utilização de soldados de aluguel pelos EUA, no livro “Blackwater – A Ascensão do Exército Mercenário Mais Poderoso do Mundo” (Companhia das Letras, 552 págs, 2008). Seu novo petardo, entitulado “Dirty Wars”(Guerras Sujas), saiu por lá no mês passado em livro e como documentário. A versão impressa tem por subtítulo “The World is a Battlefield” (O Mundo é um Campo de Batalha). Dirigido por Richard Rowley, o filme tem Scahill como protagonista, acompanhando sua pesquisa sobre as atividades do Comando Conjunto de Operações Especiais (JSOC, na sigla em inglês) em ações secretas em países como o Afeganistão, o Iêmen, o Iraque e a Somália. Scahill narra o documentário, nas palavras do crítico Stephen Holden do “The New York Times”, “como uma detetive durão seguindo pistas num filme noir”. O tom do livro, por sua vez, deve menos ao universo de Philip Marlowe do que ao estilo incisivo de um mestre da reportagem investigativa americana como o veterano Seymour M. Hersh – que, aliás, o leu e recomenda, “pelos detalhes convincentes e pelas muitas informações novas”. As estruturas narrativas também diferem, como é natural quando se têm um documentário de quase uma hora e meia e um tijolaço impresso de 680 páginas (Nation Books, disponível em e-book). O livro dedica suas primeiras 60 páginas para um breve historico das políticas americanas frente ao terrorismo e da ascensão da JSOC, entre 1979 até os ataques de 11 de setembro. O filme logo nos atira na morte violenta de duas grávidas e um policial afegão numa pequena cidade em fevereiro de 2010. A versão oficial de que foram vítimas do Talibã ruiu por terra quando a investigação de Scahill identificou os responsáveis como membros de uma das patrulhas noturnas levadas a cabo pelos comandos americanos. Central em ambas obras é a reconstituição de duas mortes por ataques com “drones”, os aviões não-tripulados que se tornaram o armamento de uso predileto pela administração Obama. O clérigo radical muçulmano Anwar al-Awlaki, considerado o “bin Laden da internet”, e seu filho Abdulrahman, mortos no Iêmen com duas semanas de diferença em 2011, eram ambos cidadãos americanos - os primeiros assim executados sem prévio processo legal. “Dirty Wars”, nas páginas e nas telas, apresenta “a história de como os EUA vieram a abraçar o assassinato como parte central de sua política de segurança nacional”, como explica Scahill na nota ao leitor com que abre o livro. É, prossegue ele adiante, “a história da expansão das guerras secretas americanas, do abuso do privilégio executivo e dos segredos de Estado, do recurso a unidades militares de elite que respondem apenas à Casa Branca”. A Guerra ao Terror, de Bush a Obama, tornou o mundo um potencial campo de batalha para os americanos. Em consequência, resume Holden na resenha citada, “mais que liquidar, (...) a luta tem espalhado e começou a alimentar um ódio crescente aos EUA que teria deliciado Osama bin Laden”. Execuções por “drones” e comandos secretos, de um lado, espionagem planetária das comunicações mesmo privadas, de outro: eis o admirável mundo novo parido pela “América” obcecada com o terrorismo após a queda das Torres Gêmeas. Fechando o círculo, não surpreende que um dos repórteres responsáveis pelo “furo” de Snowden, Glenn Greenwald, elogie “Dirty Wars” pela “importância sem paralelo para compreender-se a destruição que tem sido semeada em nosso nome”. Desde que o filme teve sua pre-estreia em janeiro passado no Sundance Festival, a pressão pública e política levou Obama a declarar em maio que restringirá os ataques com os “drones”. Quanto à espionagem, ele escorregou no calor da hora, ao dizer que se se almeja segurança absoluta, não pode haver privacidade total. Prosseguindo nessa linha, a grande obra de seu segundo mandato promete ser a reabilitação de George W. Bush. 12/07/2013 https://facebook/DirtyWars
Posted on: Sat, 13 Jul 2013 21:39:52 +0000

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