Como dizia Saramago, quem escreve teima em fazer da literatura, - TopicsExpress



          

Como dizia Saramago, quem escreve teima em fazer da literatura, vida. Anacrônica de segunda cheia de sol e calor, na expectativa da frente fria subir aqui para o nordeste paulista. ANACRHÔNICAS DA FRANCA DO IMPERADOR número TRINTA E QUATRO 2013 TROCANDO FRALDAS Com a chegada da minha neta Olívia, meu genro teve que tornar-se especialista na troca de fraldas e outras atividades ligadas à novidade que é ter uma filha, como arrotarem depois da mamada. Ele não sabe ainda o que o espera na adolescência da menina, mas cada coisa a seu tempo. Crianças pequenas não esperam hora nem escolhem lugar, é ali mesmo e os pais que se virem. Lembro o apuro que passamos numa colônia de férias, muitos e muitos anos atrás no litoral norte paulista. Depois de um dia perambulando pelas praias ensolaradas, todo mundo mais vermelho que um camarão e meu filho, andando pelo restaurante, começa a soltar pequenas bolotas, como um cabrito. Atalie viu e saiu correndo atrás com um saco plástico apanhando um a um, como deveriam fazer hoje as milhares e milhares de pessoas que levam seus cachorrinhos para passear e sujam as calçadas, sem recolher o material inservível. Ou seria reciclável? Mas o pior aconteceu comigo, quando moleque com seus oito, nove anos. A professora proibiu-me de ir ao banheiro. Naquele tempo, as mestras eram rígidas e parece que desconheciam também o funcionamento intestinal de meninos esfomeados. Fiquei preso até o final da aula, no velho Coronel Francisco Martins. Quando o sinal tocou, saí em carreira desabalada afora, rumo a minha casa na rua José Bonifácio. Passei pela casa do Nelsinho e do Nilson Salomão mais rápido que o Usain Bolt. Mas o inevitável aconteceu. Quando estava passando pela fábrica de calçados HB, que ficava na esquina da rua do Comércio com José Bonifácio, como dizem os mineiros, “o trem desceu”. Não consegui mais segurar. Para minha sorte, o destroço prendeu na barra da calça comprida “rancheira” da Alpargatas, que eu mal tinha começado a usar, pois calça Lee ou Levis era coisa de gente rica na época. Fui mancando devagar, para o “trem” não descarrilar na calçada ou na rua. Mas desgraça pouca é bobagem. Um vizinho, o industrial de calçados Geraldo Bombicino, vinha subindo apressado, mas felizmente só cumprimentou e passou em direção à rua do Comércio. Mas outra vizinha e amiga da minha mãe me viu mancando e logo veio assuntar. “O menino machucou? Caiu? O que foi, deixe-me ver o que houve”. E eu despistando a mulher cheia de boa vontade, louco para entrar em casa e livrar-me daquele “trem”. No final, conseguí convencê-la e entrei aliviado, são e salvo. Não estava livre de limpar o “trem”, claro, como deveriam, repito, fazer as “mamães” dondocas e irresponsáveis que deixam as ruas emporcalhadas por seus mimados “filhinhos” caninos. Mauro Ferreira é arquiteto
Posted on: Mon, 26 Aug 2013 13:17:14 +0000

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