Como em toda a Angola, a população original da província era - TopicsExpress



          

Como em toda a Angola, a população original da província era constituída por Khoisan (em linguagem corrente muitas vezes chamados "bosquímanos") cujo espaço foi progressivamente ocupado por povos bantu, no decorrer de uma migração que alcançou a região provavelmente entre os séculos XVI e XVII. Devido às suas condições geográficas e ecológicas, esta região nunca chegou a ser densamente povoada. Os Kwanyama tiveram, porém, no século XVIII uma "massa crítica" suficiente para constituir uma unidade política (um "reino" na terminologia colonial) com bastante estabilidade. No século XIX, no quadro da "corrida europeia para África", as áreas ao sul e norte do rio Cunene suscitaram o interesse não apenas de Portugal, mas também da Inglaterra e da Alemanha. Esta última obteve na Conferência de Berlim o território da Namíbia de hoje, que a norte tem como limite o rio Cunene. Portugal, na altura ainda com pouca presença na região, apressou-se a conquistar a área a norte do rio, conseguindo o seu objectivo só em meados dos anos 1920, depois de uma acirrada resistência da parte dos Kwanyama. 3 O facto de o rio Cunene tornar-se assim uma fronteira entre duas colónias pertencentes a duas potências coloniais diferentes não impediu a população Ovambo, dividida por esta linha, de continuar a manter laços estreitos com os seus congéneres da respectiva outra margem. Esta ligação se manteve até hoje, com intensidade variável. Os habitantes da província envolveram-se relativamente pouco na luta pela independência de Angola, mas os Kwanyama conseguiram na fase final da ocupação colonial um empenho algo maior de Portugal no desenvolvimento da sua área, p.ex. pela criação de mais escolas. Desde a independência, a população da província encontra-se num processo de integração social e política que varia bastante de grupo para grupo. Para os Ovambo existe desde há os anos 1960 um contencioso primeiro com o Estado colonial, depois com o Estado angolano independente, pelo facto de ambos terem permitido a apropriação de extensos terrenos, primeiro por colonos brancos, a seguir por parte de políticos ou militares de alta patente - dado que estes estabelecem cercas de arame em volta das suas possessões, impossibilitando deste modo a transumância, vital para povos agro-pastores. Os greves problemas sociais, económicos e ecológicos daí resultantes são em princípio conhecidos 4 , mas até hoje pouco tidos em consideração pelas autoridades políticas.
Posted on: Tue, 16 Jul 2013 00:44:46 +0000

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