"Como uma tradição que nasceu pequenina, proibida, mal-vista - TopicsExpress



          

"Como uma tradição que nasceu pequenina, proibida, mal-vista conseguiu sobreviver por tantos séculos e atingir tamanha proporção a ponto de representar um país? Respondo que a capoeira resiste pelo resultado do trabalho de cada grupo de capoeiristas, em cada lugar onde ela esteja. Por que ela é diferente em cada região. É angola, é regional, é do negro, do rico, do indígena (dá-lhe Silvio!) e do estudante. Como acontece em grupos que se unem por interesses em comum, assim é também no Grupo Raça: garotos e garotas que descobrem, em sua maioria, ainda muito jovens, o prazer de jogar capoeira. Há hierarquia sim, e ela existe para que sejam respeitados os mais experientes, chamados mestres. Para que os recém-iniciados compreendam que é possível, pelo seu próprio esforço, atingir o mais alto grau da hierarquia da capoeira. Mas na roda esse conceito cai por terra. Entrou na roda, comprou jogo, é pra fazer bonito. Ao som do berimbau, não há vencedores, e o mais bem preparado é quem se destaca. Não existe diferença entre o mais rico e o mais pobre, ali não se sabe quem veio do morro ou do centro. É preciso executar o golpe, ou vai levar rasteira, fazer feio. O povo da rua vem ver. E o povo da feira vem também assistir. Pra ver martelo subir, o adversário cair na desequilibrante, o abadá branco sujar. Ao final, quando parece ao forasteiro que aquilo é briga feia, hora de chamar a polícia pra apartar, eis que todos se abraçam, o pandeiro toca solto e a mulherada cai no samba. É capoeira regional, de Bimba, do Mestre Medicina, de Geladeira. É a capoeira de Camacan que mostra seu potencial. Compreendi também que cabe ao comunicólogo, especialmente ao fotógrafo, expor aos olhos do mundo a beleza de tal gesto". (Janete Kozak)
Posted on: Mon, 19 Aug 2013 15:09:39 +0000

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