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Compartilho o artigo que publiquei no NOVO JORNAL neste domingo: CULTURA BOMBÁSTICA E MEDIÁTICA A secretária extraordinária de cultura é o que comumente chamamos de “artista”. Uma pessoa que está sempre pronta a manipular e a fazer-se notar pelo apego que tem a cargos públicos. É viciada em desfrutar de benesses, como fazer “turismo cultural”, uma modalidade que já esteve em voga e foi denunciada, ainda nos anos 70 do século passado, pelo escritor e pensador alemão Hans Magnus Enzensberger [1929], critico mordaz da indústria cultural e dessa prática que justificava o lazer de muitas celebridades daquela época, o epidêmico “turismo cultural”, ou seja, viagens e encontros financiados pela cultura dos países que se permitiam passear o dinheiro público. Jamais um gestor norte-rio-grandense rodou tanto às custas da cultura e, com um detalhe: sem produzir absolutamente nada em abono desse afã deambulatório. Além disso, é das pessoas mais fantasiosas de quantas tem aportado em nossa pobre e depauperada cultura oficial. Vai procurar lá fora o que não é capaz de encontrar aqui: a confiança dos verdadeiros artistas e dos produtores culturais que se fazem notar por seu talento. Numerosas as justificativas para tal inócua gastança. Para a cultura, pelo menos, que continuará pobre e esquecida, porém usada para justificar gastos e desperdícios descontrolados ou frutos de devaneios que só engordam o ego. Como faz agora a governadora do estado, inscrevendo o seu governo como participante de um evento que acolhe os grandes conglomerados editoriais do mundo, a tradicional Feira do Livro de Frankfurt, em seu gênero um dos eventos mais prestigiosos que há. Uma feira altamente competitiva que agora ganha reforço com a participação do Rio Grande do Norte, onde, como se sabe, há toda uma florescente indústria editorial que só não aparece mais por estratégia, isto é, para não despertar a inveja de outros governantes para um segmento que surgiu de repente entre nós como a “menina dos olhos” da cultura, para a surpresa de alguns. Estava trevariando a criatura que teve a idéia de fazer um governo já combalido passar por mais este constrangimento, uma situação tão esdrúxula: passar recibo de que temos editoras competitivas no Rio Grande do Norte; e não as temos, justamente, por inoperância do governo que se compraz em ações midiáticas sem nenhuma credibilidade ou sustança. Ora, não fez a SECULT simplesmente o dever de casa e o resultado aí está diante de todos: uma política estabanada e sem crédito. É sabido que a maioria de nossas editoras são, na verdade, “selos editoriais”. Não são editoras de verdade, com distribuição, marketing e direitos autorais respeitados. As daqui são sabidamente desprovidas de infraestrutura e de recursos regulares para custear edições, todas elas – inclusive a editora da própria Fundação José Augusto, a Gráfica Manibu – sonegam direitos autorais ou pagam direitos sob a forma de alguns exemplares da obra publicada, quando por lei, nos supermercados, não é permitido passar troco com balas e chicletes... Um estado, enfim, que não pensou em ter uma política cultural seria e sistemática, faz média com a nossa literatura. Um governo que não mantém nenhum prêmio significativo ou bolsas para custear projetos e talentos que não nos faltam, embora, em sua maioria, subestimados, desprezados ou ignorados. A participação do Rio Grande do Norte na Feira do Livro de Frankfurt é uma empulhação para alemão ver. Não tem consistência nem justificativa: é turismo cultural, e nada mais. Não trará nenhum beneficio para o movimento editorial no Rio Grande do Norte, exceto gastos, desperdício e impopularidade para um governo que tem tratado mal a cultura, ou seja, um governo que a tem levando como um trambolho, sem respeito algum pelos princípios que deviam orientar a contribuição do estado à cultura do nosso povo. Faz-se questionável também a liturgia imposta aos vernissages e sessões de autógrafos a que Natal moderna não está acostumada: a cultura com cerimonial, algo que cheira a ranço efetivamente provinciana. Uma pratica que aborrece a todos, em especial aos artistas que se sentem usados e ainda são obrigados a ouvir o mesmo repetido discurso que não mais convence ninguém. O Rio Grande do Norte está de cabeça para baixo, confuso e estupefato. Nada é o que parece e a cada instante tudo se improvisa. Dói constatar: Natal está se cansando de Mossoró. MEU NOVO BLOGUE Estou estreando meu novo blogue, um presente de Toinho Silveira confeccionado por Gildemberg Jadson, da PHD. Ainda sem ritmo, estou comentando o imbróglio chamado Carnatal 2014, a última micareta sobrevivente de uma onda que, aqui, ainda persiste. Pretendo, nele, escrever sobre os temas de sempre, o que inclui política, cultura, idéias, turismo cultural e a crônica dos lugares por onde tenho andado. Quem quiser acessá-lo, eis o endereço: WWW.franklinjorge.br
Posted on: Sun, 29 Sep 2013 19:23:20 +0000

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