Compartilho pensando principalmente na necessidade de aprendermos a ler jornal para entender o mundo da (pequena) política e como ele influi no nosso cotidiano. Chamo a atenção, principalmente, para a metade final, sobre o momento oportuno de divulgação, pela prefeitura paulista e com ampla repercussão na mídia, da investigação sobre a corrupção entre auditores fiscais envolvendo a gestão anterior. Incluo o comentário do autor sobre o noticiário da Folha a respeito do mesmo assunto: De Mauro Malin: Estamos assistindo a um striptease político impressionante. Renan Calheiros colocou em votação no Senado projeto que fixa mandato para dirigentes do Banco Central (dá ao banco autonomia). Análise do Estadão: A atitude de Renan foi interpretada pelo Planalto como represália à presidente Dilma Rousseff, que não nomeou o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para o Ministério da Integração Nacional. A vagas era do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que entregou os cargos na Esplanada após romper com o governo. Querem pior? Tem pior. Manchete do Estadão de hoje: Prefeitura descobre fraude na gestão Kassab e irrita PSD. Operação do Ministério Público e Controladoria prende ex-subsecretário de Finanças e 3 ex-chefes de arrecadação. Prejuízo pode chegar a R$ 500 milhões. ***Ação dificulta aliança estadual com PT***. No final da chamada: Feita sem seu conhecimento [de Kassab], a operação desgasta relação do PSD com o PT e dificulta os planos de Lula de formar uma chapa para o governo de SP com Alexandre Padilha e Kassab. Alguém dirá: Não estou entendendo. Acho que fica mais claro quando se lê, na página A23 da mesma edição, que a divulgação de um escândalo envolvendo a gestão Kassab cerca de oito horas após a aprovação definitiva do aumento do IPTU não foi considerada coincidência por vereadores do PSD. Recapitulo: o governo Haddad aprovou na Câmara um aumento do IPTU que forçosamente lhe custa popularidade. Horas depois, divulga para a mídia uma investigação que se processava há meses tendo como alvo a administração anterior (o que, supostamente, lhe rende popularidade). Kassab e seus correligionários interpretam isso como uma grande sacanagem e no mínimo vão cobrar mais caro (politicamente, entenda-se) para formar chapa com o candidato de Lula ao governo paulista. O noticiário da Folha sobre a nova revelação de corrupção na prefeitura de São Paulo traz duas coisas interessantes. Primeira, uma inversão em relação à narrativa do Estadão. Segundo Vera Magalhães, a revelação foi atrasada para não prejudicar a tramitação do aumento do IPTU. Faz sentido. Trata-se de outro imposto, o ISS, mas ligado a legalização de imóveis. Se sai a denúncia antes, o cidadão poderia dizer: vou pagar mais IPTU para esses carinhas roubarem? A segunda coisa é que uma das empresas acusadas de pagar menos ISS do que o devido é a incorporadora Brookfield. Um doce para quem disser o que é a Brookfield. Ninguém se habilita? Então, vai lá: é a antiga Brascan. E daí? O que era a Brascan? Ora, ora, era a velha Light. A Light não era o polvo canadense? O que quer dizer Brascan? Brasil-Canadá. Recordar é preciso.
Posted on: Sat, 02 Nov 2013 14:09:47 +0000
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