Confesso que ainda não compreendi o estupor público no que se refere aos incidentes ISOLADOS de violência e vandalismo nas manifestações. O povo, do ponto de vista geral, é receptáculo das alterações sociais e culturais do ambiente em que está inserido. O mesmo vale para o cidadão isoladamente. Em um populismo social, como o instaurado no Brasil, em que o Estado assume o papel de único provedor dos direitos sociais, nada mais natural que a ineficácia dessa estrutura de promoção causar a revolta dos “governados”. Nesse contexto, chega a ser óbvio que o descaso com a administração da coisa pública reflita em desrespeito ao patrimônio público; que as políticas repressivas de segurança pública se convertam em confrontos nas ruas; que as promessas vazias da classe política causem impaciência, nervosismo e revolta. Longe de mim apoiar a manifestação de mesquinhez em que consiste a depredação de patrimônio público e particular por algumas pessoas de pouca inteligência nos protestos. Mas não posso deixar de considerar que essa é uma reação previsível em um povo que não tem educação de qualidade, e cujos outros direitos sociais são promovidos somente na mídia, em outdoors e em campanhas políticas, virtualmente. Não se pode condenar totalmente um cidadão que emprega o vandalismo como forma de manifestação. A destruição do Brasil é o único tipo de manifestação pública que ele conhece, através dos maus exemplos provenientes dos administradores da coisa pública, aliados à inércia da população e do eleitorado. Até AGORA!!! Isso, também, pode mudar. Permaneçam nas manifestações, e tornem-se outro tipo de exemplo para essas pessoas. Essas, realmente, são as mais necessitadas. Demonstrem, orientem, incluam e respeitem. Talvez eles sejam cidadãos que tem mais a reagir que nós. Talvez tenham sofrido mais essa decadência na promoção dos direitos sociais. Afinal, creio que é mais fácil recuperar um vândalo que um político.
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 18:39:11 +0000
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