Conheçam melhor o presidente da Câmara dos Vereadores do Rio e - TopicsExpress



          

Conheçam melhor o presidente da Câmara dos Vereadores do Rio e entendam por que naquela casa nada vai pra frente. De cabelos grisalhos e aparência simpática, o vereador Jorge Miguel Felippe (PMDB), de 62 anos, passaria despercebido na multidão. Avesso à ribalta, o presidente do Legislativo carioca é discreto. Por isso, poucos colegas falam dele abertamente. Depois de 34 anos de carreira política e seis mandatos como vereador, tornou-se o braço-forte do Executivo na Câmara, zelando para que os projetos do prefeito Eduardo Paes passem sem apertos pela Casa. Mas, graças à Lei de Acesso à Informação, implementada no ano passado na primeira gestão do próprio Felippe como presidente, é possível descobrir em seu gabinete um lado ainda menos conhecido do vereador: entre seus 33 funcionários, estão sua irmã, Samira Tuffy Felippe; sua ex-nora, Carla Celestino Costa; além de dois fornecedores de serviços e dois doadores de recursos para a sua última campanha. Presidente da Câmara pelo terceiro biênio consecutivo, Felippe é um homem pragmático. Desde 1979, quando ingressou na Casa como primeiro suplente, aos 28 anos, pelo antigo MDB, passou por outras três legendas (PDT, PSDB e PFL), antes de voltar ao PMDB, integrando a oposição por dois mandatos e a base governista por outros quatro. Com trabalhos sociais, consolidou sua base de votos na Zona Oeste — área das maiores zonas eleitorais. Na última eleição, recebeu 37.520 votos. Nascido e criado em Bangu, ele construiu ali sua carreira política. Seu primeiro slogan de campanha foi: “É necessário que se diga que os subúrbios também fazem parte desta Cidade Maravilhosa”. Bacharel em direito, professor de português e história, foi presidente da associação comercial do bairro e, mesmo quando não foi eleito vereador, em 2000, graças à sua influência na região, foi nomeado subprefeito pelo então prefeito Cesar Maia. — Prometi um cargo a quem tivesse dez mil votos. Ele teve mais de nove mil. Nunca me virou as costas, mesmo nos momentos mais difíceis — diz Cesar, hoje vereador de oposição. Apesar da longa carreira como vereador, Felippe tem uma produção pouco expressiva: aprovou 63 leis, boa parte delas dividindo autoria com outros colegas. Dessas, 22 criaram datas comemorativas ou nomes de ruas. A primeira, em 1979, foi para mudar o nome de uma praça, em Padre Miguel, de Caixa D´Água para Deputado Waldemar Vianna de Carvalho. O político foi um dos fundadores da Mocidade Independente de Padre Miguel. Na lista das leis de Felippe, havia, principalmente no passado, muitas proposições voltadas para os taxistas, como a de 1982, que aboliu as cores de seus uniformes. Na última legislatura, um de seus projetos criou metas para turnos estendidos na rede municipal de ensino. — Além da criação de leis, o vereador tem o papel de articulador político e provedor de desenvolvimento para sua a região de origem. Jorge tem uma longa tradição nesse campo, fazendo o equilíbrio entre a prefeitura e a Câmara, levando benefícios à Zona Oeste — disse o sociólogo e cientista político Paulo Baia. Como vereador, Felippe recebe um salário de R$ 15 mil e declarou na última eleição um patrimônio de R$ 387,2 mil, mas não tem casa própria. No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o imóvel que aparece vale R$ 180 mil e é um prédio de três andares em Bangu. Lá, dizem moradores da região, é onde funcionava, até a penúltima eleição, um centro social. O prédio, segundo a Secretaria municipal de Urbanismo, consta como uma edificação em construção, sem habite-se. O vereador, que estaria morando num apartamento alugado na Barra, é pouco visto nos arredores. Nas paredes, há dezenas de pichações. Na entrada, atrás de uma grade enferrujada, uma placa indica o caminho onde deveriam ser feitas inscrições para cursos. Agora, um galpão do lado do edifício é o local onde são oferecidas aulas como dança, ginástica e capoeira. Felippe afirma que cede o galpão à comunidade para atividades e eventos. Mas não é o que dizem os vizinhos: um deles afirma que as atividades são capitaneadas por correligionários do vereador. Casa da mãe foi base de campanha O presidente da Câmara não quis receber O GLOBO e sequer falar pelo telefone. Preferiu enviar uma nota oficial na qual afirma que o prédio foi fechado depois que o TRE se declarou contrário ao funcionamento desse tipo de atividade no local. Ele afirmou ainda que a construção está em processo de registro de reconhecimento de propriedade e será regularizada posteriormente. E é perto do prédio, a cerca de 200 metros, que está outra base importante para a carreira de Felippe: a casa de sua mãe, Noêmia, que também foi usada como local de reuniões na última campanha. Uma das maiores incentivadoras do filho, graças à idade avançada ela já não é tão vista fora da residência quanto em outros tempos. Funcionária da Fundação Leão XIII, do governo estadual, ela consta no site do órgão como a chefe do Centro Social Pedro I, em Realengo. No entanto, funcionários dizem que, por ser idosa, ela praticamente não aparece por lá. De acordo com a assessoria da Leão XIII, Noêmia trabalha no local, mas estaria de licença por ter contraído dengue. Na última segunda-feira, Noêmia não recebeu O GLOBO, alegando, através de uma empregada, que estava descansando. À tarde, Wanderley Dias dos Santos, auxiliar de gabinete de Jorge Felippe, esteve na casa dela. Segundo o vereador, o auxiliar cumpria tarefas relacionadas ao exercício do mandato. Além da mãe na Leão XIII, o presidente da Câmara ganhou nos últimos tempos uma relação bem próxima com outra fundação, só que esta da prefeitura: a Rio Zoo. Na presidência, está há mais de dois anos o seu irmão, Sérgio Luiz Felippe. E o curioso: Monica Valéria Blum Rocha, presidente do órgão em 2010, agora é funcionária do seu gabinete, no cargo de consultora, com salário de R$ 8.692. Felippe, por sua vez, afirma que não exerce influência na Rio Zoo. Ele diz que a escolha de seu irmão se deu por sua experiência administrativa em órgãos da administração estadual e municipal. O gabinete de Felippe, aliás, merece um capítulo à parte. Ele tem a seu serviço a irmã Samira Tuffy Felippe. Outra que está por lá é Carla Celestino Costa, sua ex-nora, com vencimentos de R$ 5.524. Já o assessor-chefe é um ex-vereador, que não conseguiu se reeleger: Rogério Bittar, ganhando R$ 13.736. Daniele Castro Lomba e Carlos Darvin dos Santos Braga, auxiliar e oficial de gabinete, foram doadores de campanha, com valores de R$ 10 mil. Já Neuzice Sousa Santos e Leonardo Soares Barbosa, que trabalharam com ele na campanha, ganharam cargos com salários de R$ 5.524 cada. O vereador diz não ver problemas em trabalhar com a equipe. “Não há impedimento legal”, diz ele na nota. Sobre a irmã, afirma que “Samira é servidora estatutária da Câmara e (...) não ocupa cargo comissionado”. Sobre Neuzice e Leonardo, diz que os dois foram nomeados após concluírem a prestação de serviços relativos à campanha eleitoral. Agora, Felippe é tido como um forte candidato a um dos cargos no Tribunal de Contas do Município, com salário de R$ 25,3 mil, rumo que já tomou um ex-presidente da Casa, Ivan Moreira. A partir do ano que vem, cinco dos sete conselheiros se aposentam. Ele não fala sobre o futuro: “As próximas três vagas são de livre escolha do prefeito”. Loja de Bijuterias faz a limpeza do Zoo Dirigida por Sérgio Luiz Felippe, irmão do presidente da Câmara, a Fundação Rio Zoo tem em vigor um contrato para lá de exótico para limpeza e conservação do Zoológico do Rio. Contemplada em junho do ano passado com R$ 654 mil, através de dispensa de licitação, por seis meses de serviços, a Comando Alfa Materiais Acessórios Equipamentos e Serviços venceu, em novembro de 2012, um pregão para mais um ano, com pagamento previsto de R$ 1,29 milhão. Nada de mais, não fosse um detalhe: a sede da empresa é uma loja de bijuterias localizada na Rua do Catete. Uma consulta à Receita Federal torna a contratação um mistério ainda maior. Fundada em 29 de julho de 2009, a empresa tem como atividade principal o “comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios”. E, entre as atividades secundárias, não consta nenhuma de conservação e limpeza: há “comércio varejista de embarcações e outros veículos recreativos”; “construção de edifícios”; “outras atividades de ensino não especificadas anteriormente”; “atividades de estética e outros serviços de cuidados com a beleza”; e, por fim, “cabeleireiros”. De acordo com o site Rio Transparente, da prefeitura, entre os contratos assinados pela Fundação Rio Zoo em 2012 e ainda em vigor, o da Comando Alfa só perde para o da Dinâmica Patrimonial, responsável pelo serviço de segurança, que tem valores previstos de R$ 1,689 milhão. Sócio da Comando Alfa, Ianco Seljan afirmou que o estatuto social prevê uma série de atividades, inclusive a prestação de serviços de limpeza. Já a Fundação Rio Zoo afirmou que contratou a empresa para substituir emergencialmente a Locanty Soluções, que teve os contratos com a prefeitura suspensos, acusada de oferecer propina para obter benefícios em licitações. Disse ainda que o segundo contrato, realizado por pregão, também foi assinado depois de um processo licitatório. A fundação afirmou ainda que os contratos foram analisados pelos órgãos de controle do município. FONTE: oglobo.globo/rio/presidente-da-camara-braco-direito-de-paes-emprega-aliados-8043839
Posted on: Mon, 12 Aug 2013 01:13:56 +0000

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