Conversa entre amigos: O Luís da “Emilinha”, o António - TopicsExpress



          

Conversa entre amigos: O Luís da “Emilinha”, o António “Mono” e João “ Manso” há dias que não se viam. As conversas tidas entre eles quase sempre pendiam para o futebol. O primeiro era adepto do Benfica, o segundo do Sporting e o terceiro do Porto. Tinham discussões acesas mas nem por isso se chateavam ao ponto de se deixarem de falar. Até diziam que da adversidade nasce a camaradagem. Que estar sempre de acordo é um modo de bajulice. Porque em tudo na vida o ser humano tem posições antagónicas. Se assim não fosse imitávamos os burros porque estes só abanam a cabeça e relincham. Por isso a amizade vinha de longe. Mas neste encontro as coisas estiveram feias. O tema era a política e tal como no futebol cada um tinha a sua cor partidária. Falavam da maneira como decorria a campanha eleitoral e como se apresentavam os candidatos à Presidência da Junta de Freguesia da sua terra. O Luís da “Emilinha” era um fervoroso militante do Partido Comunista Português e para ele nestas eleições a APU era tudo. Que o facto de uns terem tudo, e outros nada ter, estava mal. Aqui era confrontado pelos outros compinchas. Que noutros tempos a APU apostou forte e feio mas derivado a erros na escolha dos seus candidatos levou à desmobilização de uns quantos. Que agora a única solução era alcançar a eleição de um vereador na Junta e Assembleia de Freguesia. O António “Mono”, um socialista dos sete costados, disse que a verdadeira intenção da APU era roubar votos ao PS. Que a terra está um cãos e não se vê um pacto entre ambos para derrubar a Junta de Freguesia. Dizes bem. Argumentava o Luís da “Emilinha”. Já ouvi essa de um camarada teu. O que vós queríeis era o nosso apoio. Porque não apoiais a APU. Ouve lá, disse o António “Mono”! Numa sociedade por quotas vais pôr o sócio minoritário a mandar no maioritário? Acho que não! Agora que digas que se deviam fazer uns acertos, isso devia. Sabes como nós somos. Só fazemos alianças com quem for de esquerda, disse o Luís da “Emilinha”, e como vós sois iguais ao PSD não conteis com nenhuma aliança. Mais vale só que mal acompanhado. Isso, isso, disse o António “Mono”. Repara na satisfação com que está a receber essas tuas palavras o João “Manso”! É só sorrisos a cada frase que proferes. E não é para menos disse o João “Manso”. Cada um cose com as linhas que têm. Sim! Disse o João “Mono”. Ainda bem que falas assim. Realmente mostrais as vossas linhas. E de que maneira! Até já chegais ao desplante de andar de porta em porta a oferecer camisas e esferográficas. Se fosse uma camisola com o símbolo do partido como todos fazem, vá que não vá, porque os outros partidos também fazem o mesmo, agora camisas! Da maneira que isto vai quando se chegar aos últimos dias da campanha ides oferecer fatos, gravatas e até sapatos. E que bem sabe recebê-los, disse o João “Manso”. Tenho falado com alguns que receberam as camisas e dizem que vieram numa boa altura. Eu, rais me parta, se tinha lata para receber camisas numa campanha eleitoral, disse o Luís da “Emilinha”. Que ao vesti-la pela primeira vez ela tivesse um pó igual às urtigas e a comichão fosse tanta que não a suportasse. Também assim não. Retorquiu João “Manso”. Sabeis que as pessoas têm dificuldades e necessitam destas dádivas. Falas assim porque é o teu partido que assim procede. Caso fosse outro criticavas. Rematou Luís da “Emilinha”. Eu digo mais. Foi assim que entrou novamente António “Mono”. Há um bom par de tempo que se mantinha calado mas aqui não resistiu e disse: Ainda há pouco estive com um amigo que me disse que recebeu camisas da campanha do PSD. Foi ao comício do PS bebeu umas cervejas e comeu umas sandes de porco no espeto. Disse-lhe eu: recebes camisas do PSD, comes e bebes no comício do PS e, de certeza vais votar na CDU. Não! Isso não. Disse-me ele. O meu voto está destinado no PS mas por influência da Armanda Fernandez. Então para a Câmara Municipal o teu voto vai para Pedro Pinto, perguntei-lhe? Ainda não sei. Ainda faltam uns dias e até lá vou ver como se comportam, rematou esse meu amigo. Por isso digo que neste tipo de campanha quem assiste não quer dizer que seja um voto garantido. Sabeis o que me disse um amigo, exclamou o António “Mono”, não revelo o nome porque era trair a confiança que deposita em mim. Disse-me que lhe vieram pedir para integrar a lista de um partido, aqui também não digo qual, como devia favores a essa pessoa não pôde recusar e tem trabalhado conforme lhe indicam mas que no dia das eleições vai ser fiel ao partido do seu coração. Disse-lhe: mas assim não vai ser eleito! Não faz mal, respondeu ele. Também não estava em posição de ser elegível. Portanto é como diz o ditado: “não sirvas a quem serviu e não peças a quem a pediu.” E… eles valeram-se da minha fragilidade. Mas eu vou-lhes dar a fragilidade. Portanto pode crer que não voto em quem faço campanha. E com isto terminaram os seus pontos de vista. E quem lê este texto está ciente que o voto garantido é uma falácia. Se fosse de braço no ar sabia-se como tinha sido a votação. Portanto digo. Sou como S. Tomé. Só acredito se vir. Porque andam uns tantos a enganar outros tantos. E não vale a pena contar a história do senhor Silva! Acho que não.
Posted on: Sun, 22 Sep 2013 17:18:47 +0000

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