Corredores de ônibus Por Marcius Carvalho Consultor em Gestão - TopicsExpress



          

Corredores de ônibus Por Marcius Carvalho Consultor em Gestão Pública Bus Rapid Transit é uma nova modalidade de transporte coletivo em vias rápidas a ser adotada na maioria das cidades-sede da Copa do Mundo. Veja detalhes do projeto de Curitiba, pioneira na construção desses corredores Nos pontos de ônibus da Linha Verde, os dois tubos geminados que abrem caminho ao embarque e desembarque de passageiros são fechados lateralmente por vidros com película especial para redução da incidência de luz solar Desde que o Brasil foi eleito a sede da Copa do Mundo de 2014, nove, entre as 12 cidades-sede, elegeram os corredores rápidos de onibus, chamados de BRT (Bus Rapid Transit), como solução a custos moderados para aliviar seus sistemas de tráfego urbano. Hoje, o BRT já consta do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da mobilidade urbana e prevê R$ 20 bilhões em investimentos do Governo Federal até 2014. Além da rapidez de implantação - que pode ser feita em até dois anos -, outro atrativo do BRT é o custo. De acordo com o engenheiro Wágner Colombini, da Logit Consultoria e autor de diversos projetos internacionais de BRT, quando desconsiderada a necessidade de construção de obras de arte, análises técnicas muito específicas e desapropriações, o valor de implantação chega a US$ 10 milhões por quilômetro. "Um valor bem aquém do metrô, cujo custo de implantação varia entre US$ 100 milhões e US$200 milhões", observa o engenheiro. Esta reportagem apresenta detalhes do projeto de implantação da Linha Verde Sul, a mais nova linha de BRT de Curitiba, a ser concluída em 2016. Com um total de 18 km de extensão, o projeto prevê a ligação dos bairros do Pinheirinho até o Atuba, ao norte da cidade. Ao final das obras, 20 bairros - que antes ficavam separados pela rodovia, agora transformada em avenida e corredor de transporte com dez faixas de tráfego, incluindo canaletas de uso exclusivo para os ônibus biarticulados - poderão ser acessados em todo o seu trajeto. Iniciadas em 2007, as obras de implantação dos 9,4 km previstos na primeira fase foram entregues em 2008 e ligam os bairros de Pinheirinho ao Jardim Botânico, atendendo diariamente 30 mil usuários. Foram investidos R$ 250 milhões no primeiro trecho, com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A construção da segunda fase, que ligará os bairros do Jardim Botânico ao Atuba, deve sair do papel no segundo semestre deste ano e ser finalizada até 2016. Com recursos da AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento), serão investidos mais R$ 192,2 milhões, concluindo, assim, as obras da Linha Verde Sul. Alguns dos corredores de BRT já construídos em Curitiba contam com canaleta exclusiva, pistas marginais e vias locais, formando um trinário Semelhante à primeira etapa, o novo trecho a ser implantado contará com uma canaleta para uso exclusivo dos ônibus, pistas marginais e vias locais, formando um trinário (como já acontecem nos demais eixos estruturais da cidade). Nessa fase, estão previstas ainda obras de ampliação dos viadutos das avenidas Afonso Camargo e Vitor Ferreira do Amaral e a construção de quatro trincheiras. Além do binário formado pelas ruas Agamenon Magalhães e Roberto Cichon, serão implantados binários junto a três estações (Atuba, Solar e Fagundes Varela) e mais seis estações de embarque e desembarque que se somarão às estações PUC, Torres e UFPR, cujas infraestruturas já estavam previstas. "O primeiro grande desafio, que era a transformação do eixo de uma rodovia federal em via urbana para a integração pelo transporte, já foi superado. A próxima etapa agora é seguir com a Linha Verde Sul para além dos limites de Curitiba, ainda ao longo da rodovia federal, promovendo a integração metropolitana", conta Cléver de Almeida, presidente do IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). O projeto que prevê a ligação com o município vizinho de Fazenda Rio Grande, revela o arquiteto, já está em fase de desenvolvimento e negociação com a ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres), com a concessionária OHL Brasil e com a Comec (Coordenação Metropolitana de Curitiba), que responderá pela execução da obra. Projeto Evolução das coberturas "domus" da década de 1970, quando foi implantada a primeira linha norte-sul de BRT, e das estações tubo, da década de 1990, o atual desenho das estações de BRTs se caracteriza por dois tubos geminados, permitindo a circulação dos usuários entre os dois espaços. Para os fechamentos laterais das estações, a opção foi o uso de vidros com película interna capaz de reduzir a incidência de luz solar e aumentar o conforto térmico, além do aço inoxidado e do concreto. A cobertura foi executada com chapas de aço com material isolante. Outro destaque do projeto é o sistema de captação de águas de chuva, que será utilizado para a limpeza dos terminais. "Planejamos a construção das estações levando em conta a possibilidade de o embarque ser feito em nível, mesmo quando o ônibus não estiver na plataforma", explica Lubomir Ficinski, diretor de transportes da Urbs (Urbanização de Curitiba). A intenção é possibilitar que os ônibus alimentadores que vêm dos bairros deixem os passageiros nas estações da Linha Verde Sul, que poderão fazer a integração pela linha Pinheirinho-Carlos Gomes. Devido ao solo de turfa e a necessidade de suportar o tráfego intenso, a base da pavimentação das vias foi executada em concreto com acabamento em asfalto. O pavimento está sendo restaurado nos pontos de coincidência do traçado da rodovia com a nova linha. Também está prevista a construção de trincheiras, espécie de minitúneis, que funcionarão como passagens de níveis ao longo do trajeto. De onde vêm os recursos A elaboração e contratação do projeto do BRT Linha Verde Sul estiveram a cargo da SMOP (Secretaria Municipal de Obras Públicas) de Curitiba, que supervisionará a obra com uma empresa a ser contratada. O gerenciamento do processo está sendo feito pela UGP (Unidade de Gerenciamento do Programa) - que também responde pelo gerenciamento e supervisão ambiental em conjunto com o consórcio Concremat/ Veja. Já os projetos são de responsabilidade do IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). De acordo com Edson Leopoldo Seidel, coordenador da UGP, os recursos para viabilizar a implantação do BRT virão do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), da AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento), do Governo Federal (por meio da Linha de Financiamento Pró-Transporte para Mobilidade Urbana) e do próprio município. A primeira licitação envolvendo o trecho entre UFPR e o viaduto da Avenida Victor Ferreira do Amaral, no valor de R$ 52 milhões, foi vencida pelo consórcio Empo/Marc. "O BID financiou o trecho sul até a Universidade Federal do Paraná e a via principal do Norte está sendo financiada pela AFD. Já as demais vias que fazem parte do complexo estão sendo negociadas junto ao Governo Federal", explica Seidel, lembrando que para todos estes financiamentos também estão envolvidos município e iniciativa privada (para a aquisição dos ônibus). No momento (março de 2011), a licitação do segundo trecho entre a Avenida Victor Ferreira do Amaral e o Conjunto Solar ainda aguarda a conclusão da trincheira da rua Gustavo Ratmann, que está sendo executada com recursos da prefeitura e é contrapartida do financiamento do BID-Pró-cidades. "Isso porque essa trincheira será utilizada como desvio para execução das obras", explica. Já o terceiro trecho, que irá do Conjunto Solar até o Atuba, será licitado após a licitação do segundo trecho. Por fim, a licitação do quarto trecho, que envolve a construção da trincheira e de dois viadutos na avenida Victor Ferreira do Amaral, deve ser realizada após a conclusão das duas trincheiras do trecho 1 (nas ruas Roberto Chichon e Agamenon Magalhães) e da conclusão do trecho 2. BRT de Curitiba tem 18 km de extensão Projeto prevê a ligação dos bairros Pinheirinho até Atuba, ao norte da cidade, interligando 20 bairros Avenida: a antiga BR 116 terá duas pistas marginais, com três faixas de tráfego em cada sentido, duas pistas locais de acesso aos bairros e ao comércio local e ainda faixas de estacionamento nos dois lados Transporte: o projeto prevê a ampliação em 25% da extensão da rede de canaletas, de 72 Km para 90 Km. Reformadas, as canaletas da Marechal Floriano Peixoto passam a fazer parte da Linha Verde, permitindo o deslocamento dos novos ônibus até o centro. Na primeira etapa foram construídas oito estações de transporte: São Pedro, Xaxim, Santa Bernadethe, Fanny, Marechal, PUC, UFPR e Avenida das Torres, que recebem os ônibus alimentadores que cruzam a antiga BR permitindo a troca de ônibus sem pagar nova passagem Travessia e trânsito: a implantação do novo corredor contará com sinalização adequada, gradis no entorno das estações, pistas separadas por canteiros, ilhas de descanso e semáforos, garantindo a travessia segura e confortável para o pedestre. No trecho entre os bairros Pinheirinho e Jardim Botânico, foram construídas três trincheiras e dois viadutos, já existentes, um trinário e quatro binários que permitem a travessia em linha reta e sentido único. BRTs pelo Brasil Segundo o ministro das Cidades, Márcio Fortes, cerca de 70% dos recursos federais serão investidos em sistemas em corredores exclusivos de ônibus, estações de transferência, terminais e sistemas de monitoramento e BRTs. Conheça os projetos de BRTs de nove cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Manaus: parte dos R$ 800 milhões a serem investidos pelo Governo Federal para obras de transporte público na cidade será destinada a obra do BRT Eixo Leste- Centro, de 77,3 km de extensão, que será integrado ao projeto Monotrilho Norte- Centro. Cuiabá: o BRT Aeroporto/CPA fará a ligação de transporte coletivo e viário entre o aeroporto, o centro político administrativo, a região hoteleira e a área central da cidade. Já o projeto do BRT Coxipó/Centro prevê a ligação do transporte coletivo da região Sudeste da cidade com a área central, que fará conexão com o BRT Aeroporto/CPA. Belo Horizonte: a capital mineira implantará seis linhas ao custo total de R$ 783,3 milhões. Serão 40 km de corredores, capazes de atender a uma demanda diária de 900 mil passageiros por dia, beneficiando as regiões Noroeste, Pampulha, Venda Nova, Norte e Nordeste. Porto Alegre: a capital gaúcha implantará o sistema BRT na avenida Bento Gonçalvez com a construção de duas estações (Azenha e Antônio Carvalho). O projeto tem extensão de 9,4 km que liga a zona sudeste ao centro da cidade. As avenidas Assis Brasil e Protásio Alves também serão adequadas para receber o sistema. Fortaleza: a cidade contará com quatro linhas, nas avenidas Alberto Craveiro, Paulino Rocha, Dedé Brasil e Raul Barbosa, permitindo o acesso dessas vias ao Estádio Castelão. Recife: o projeto de implantação do sistema no Corredor Leste-Oeste prevê a ligação da avenida Caxangá, por meio da UR-7 com a Cidade da Copa. Outra linha, a do BRT Norte-Sul, terá 15 km de extensão e se conectará com os projetos Corredor Caxangá Leste-Oeste e Corredor da Via Mangue. Salvador: será implantado uma linha de BRT conectando o Aeroporto Internacional de Salvador à zona Norte da cidade. Rio de Janeiro: a cidade receberá quatro linhas de BRT. O projeto TransOeste seguirá pela avenida das Américas, na Barra da Tijuca, até Santa Cruz e Campo Grande por 56 km. Já o TransCarioca seguirá da Barra da Tijuca até o Aeroporto Tom Jobim, por 40 km. O trecho TransOlímpica seguirá pela Barra da Tijuca até Deodoro, por 31 km, e o TransBrasil pela avenida Brasil até a Washington Luís (Dutra), traçado que ainda está sendo revisado. Curitiba: além da extensão da Linha Verde Sul, as obras na cidade preveem a expansão do sistema existente na avenida Cândido Abreu e a construção de uma nova linha entre o aeroporto Afonso Pena e a Rodoferroviária. Inovações De acordo com o diretor, os materiais especificados para o novo trecho seguem o padrão das estações mais antigas, mas os superam no quesito inovação tecnológica. Entre essas tecnologias estão a implantação de um sistema ecológico de climatização e de um sistema evaporativo, desenvolvido especialmente para a Linha Verde Sul e que permite a renovação do ar a cada 90 segundos. De acordo com Alexandre Fernandes Santos, responsável por esse projeto, a base do sistema evaporativo é formada por um duto que capta o ar externo, passa por um climatizador onde é resfriado e levado, então, por outro duto, ao ambiente interno, chegando com uma temperatura 7°C mais baixa do que aquela registrada no exterior. "Parte da água colocada em contato com o ar não saturado evapora, causando a consequente queda de temperatura", explica Santos, lembrando que o uso da água para provocar o resfriamento em vez de fluidos (como nos sistemas de condicionamento convencionais) não causa danos ao meio ambiente. Outra solução inovadora é o uso de biocombustível à base de soja e sem adição de óleo mineral (diesel) em seis dos 14 ônibus que circulam na frota. "É uma iniciativa inédita na América Latina", lembra o presidente do IPPUC. Inicialmente com um consumo autorizado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) de 20 mil l/mês, o projeto já foi ampliado para 35 mil l/mês e deverá passar para mais de 100 mil l/mês. Até o final de 2012, pelo menos 10% da frota operante na cidade estará circulando com esse tipo de combustível, que permite redução de até 50% de poluentes comparado ao diesel. Toda essa preocupação com os impactos ambientais levou Curitiba a ser premiada com o Sustainable Transport Award 2010. O prêmio é oferecido anualmente aos melhores projetos de transporte público do mundo e organizado pelo ITDP (Institute for Transportation and Development Policy), dos Estados Unidos, e por uma comissão com mais oito instituições internacionais, entre elas o Centro da ONU para Desenvolvimento Regional. Ao alto, panorâmica da linha Verde Azul com pavimento de concreto e acabamento em asfalto. Acima, pagamento prévio da tarifa reduz os tempos de embarque nas estações de BRT em Curitiba Sinalização e paisagismo A sinalização também será um dos pontos altos da Linha Verde Sul. As calçadas amplas, antiderrapantes e em cores diferenciadas têm total acessibilidade, com faixas e placas indicando o trajeto mais seguro a ser feito pelos pedestres. Na lateral, os nomes das estações são estampados em uma coluna de concreto de cerca de 5 m de altura, facilitando a identificação do local. Também estão sendo instaladas 900 rampas de acesso em esquinas e pontos de travessia, além de pisos em relevo nesses locais e no entorno de equipamentos e edificações. Somadas as laterais das pistas, serão 50 km de calçadas e 10 km de ciclovias, seis dos quais de uso exclusivo e quatro de uso compartilhado com pedestres. Entre as intervenções urbanísticas previstas, está a criação de um horto-parque na região do antigo bolsão Salgado Filho, a meio caminho entre os campi das UFPR (Universidades Federal do Paraná) e PUC (Pontifícia Universidade Católica) e a recuperação de 600 m da mata ciliar das margens do rio Belém. Para colorir a paisagem durante o ano todo, serão plantadas cinco mil mudas de árvores de 22 espécies nativas ornamentais e frutíferas, 800 mil mudas de flores e 315 mil m2 em todo o trajeto. "O plantio das árvores de maior porte será concentrado nos entornos das estações para permitir a futura formação de pequenos bosques nesses locais", explica Ficinski. O projeto de iluminação prevê a instalação de 352 superpostes (que iluminam áreas maiores e dificulta atos de vandalismo) de 16 m de altura, 480 postes comuns ornamentais, 608 luminárias de alto rendimento de 400 W e 460 luminárias de 250 W, além de 40 mil m de cabos de iluminação e 26 mil m de fiação. Os antigos postes serão reaproveitados em outras áreas da cidade.
Posted on: Thu, 11 Jul 2013 01:49:25 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015