DE MÉDICO E DE LOUCO... Demorei um pouco para começar a formar - TopicsExpress



          

DE MÉDICO E DE LOUCO... Demorei um pouco para começar a formar uma opinião sobre a recente polêmica envolvendo a categoria dos médicos e alguns atos do governo. Bem, venho construindo um ponto de vista sobre um assunto bastante complexo, e procuro ser cuidadoso para não ser maniqueísta, pois o maniqueísmo sempre distorce as realidades e impede que reconheçamos virtudes e falhas de ambos os lados. Considerando a complexidade e as múltiplas facetas do tema, vou me restringir à minha decepção com a FENAM (Federação Nacional dos Médicos) e a vinda de profissionais de outros países. Foram muitas as discussões em torno da vinda de médicos estrangeiros ao Brasil e a FENAM e algus médicos se opuseram a ideia. Quando lançado o programa Mais Médico, pelo governo federal, fez-se uma grande campanha, inclusive de descrédito dos médicos cubanos. Certamente, por pessoas que ignoram o que é a medicina em Cuba, pois é o país com o maior número de médicos por habitante e com excelente formação e preparo. Digo isso por experiência, pois estive lá e conheci na prática o trabalho dos médicos cubanos em duas ocasiões diferentes, e confesso que me encantou. Vejam bem que não estou discutindo a política cubana, mas me atendo à questão dos médicos. A FENAM, apesar de negar, orientou aos médicos que se inscrevessem no Mais Médico, ainda que não fossem aceitar viver em cidades pequenas das regiões norte e nordeste do país. Num primeiro momento preencheu-se 150% das vagas, ou seja, desacreditaram o governo em relação às afirmações de que não havia profissionais suficientes que quisessem se embrenhar pelos mais longínquos rincões brasileiros. Muito me entristeceu quando recebi a notícia de que a cada 5 médicos cadastrados inicialmente, 4 desistiram. Não confirmaram seu cadastro. Fiquei muito decepcionado, pois creio que aqueles que fizeram suas inscrições somente para desacreditar o projeto, no mínimo, faltaram às aulas de ética na faculdade. Estão brincando e fazendo pouco caso com a vida alheia. Refiro-me às populações de regiões onde não há um único médico. Atitude incompatível com pessoas que têm em suas mãos a vida alheia. Repudio esses profissionais que demonstraram enorme senso de corporativismo, entretanto, péssimo caráter. Porém, é importante separarmos o joio do trigo, ou seja, não generalizarmos. Tenho ouvido e lido muitas críticas aos médicos, o que acho extremamente injusto, pois colocamos todos no mesmo balaio. E apesar de terem sido alguns milhares, que tiverem essa atitude deplorável, tenho certeza de que muitos não concordam. Creio que todos os profissionais têm o direito de escolher onde atuar, contudo, se não querem viver em locais inóspitos devem abrir mão dessa reserva de mercado. Anos atrás algo parecido ocorreu na Venezuela e médicos cubanos chegaram ao país. Conheci alguns, que passavam férias em Cuba. Hoje o programa é considerado imprescindível e a população venezuelana não abre mão desses médicos, inclusive aqueles que, em princípio, eram contra. Vejo que, no Brasil, estas discussões sempre ganham um tom maniqueísta, a ponto de que os que são oposição ao governo atacam sem racionalizar qualquer medida ou ação tomada pelo poder público, seja municipal, estadual ou federal. O mesmo ocorre com os que são a favor, ou seja, defendem qualquer medida ou ação sem refletir sobre ela. Deixemos de lado a endemonização de Cuba pelos meios de comunicação brasileiros, deixemos de lado nossas simpatias e convicções políticas e pensemos como povo e no povo. Médicos estrangeiros, preferencialmente os cubanos, que têm uma formação diferenciada no que se refere ao atendimento a comunidades pobres, trarão grandes benefícios às populações carentes e os reflexos se darão até nas grandes cidades, pois muitos se tratarão nas regiões onde vivem sem precisar buscar recursos em outros lugares. Ainda que hospitais e postos de saúde sejam ruins, que falte infraestrutura e equipamentos, teremos profissionais capacitados, que na Venezuela se instalaram até em grandes favelas. Médicos que vivem nas comunidades pobres e atendem em torno de mil famílias, realizando visitas em domicílio e a medicina preventiva. A ação antiética da FENAM abriu 70% das vagas que têm de ser preenchidas o mais breve possível, pois há muita gente perdendo a vida enquanto discute-se questões pseudo ideológicas, como a vinda de cubanos. Essa é a pedra de sapato e o horror de muitos, médicos cubanos. Santo egoísmo! Santa ignorância! Essa gente precisa de atendimento, O que menos importa é a nacionalidade de quem vai atendê-los. Que venham os cubanos, portugueses, espanhóis, vietnamitas, sei lá. Que venham de qualquer lugar. Louco é quem nega esse direito a quem precisa!
Posted on: Thu, 08 Aug 2013 10:39:13 +0000

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