DISTIMIA O que é Distimia? A Distimia (F 34.1 – CID 10) é - TopicsExpress



          

DISTIMIA O que é Distimia? A Distimia (F 34.1 – CID 10) é um quadro depressivo crônico, incluído nos Transtornos Persistentes do Humor. Pode durar meses ou anos. Alguns distímicos sentem-se assim toda a vida chegando a achar que eles “são assim mesmo”, sem considerar a Distimia como um estado patológico e sim uma forma particular e natural de ser. A maioria dos distímicos não consegue dizer quando se perceberam deprimidos pela primeira vez. O termo Distimia, que vem do grego e significa “humor perturbado”, é atualmente usado em substituição a denominações antigas, como Neurose Depressiva, Depressão Neurótica, Melancolia e Transtorno Depressivo de Personalidade. Também é chamado hoje Distimia Depressiva. A Distimia pode conduzir a prejuízos sociais graves, como malestar familiar, insucesso conjugal, inadaptação ao emprego e outras formas graves de disfunção social. Por isso, atualmente muitos especialistas consideram a distimia como uma perturbação psiquiátrica grave, já que, se não tratada, representa à sociedade custos elevados em termos de sofrimento individual, baixa produtividade e tempo perdido no trabalho. Quais são os sintomas da Distimia? Os pacientes que sofreram de Distimia desde a infância ou adolescência tendem a acreditar que esse estado de humor é natural deles, faz parte do seu jeito de ser e por isso não procuram um médico, afinal, conseguem viver quase normalmente. A característica básica deste transtorno é o fato do indivíduo apresentar um humor deprimido durante grande parte do dia, na maior parte dos dias. Os sintomas devem durar por pelo menos dois anos para justificar o diagnóstico de Distimia, porém as pessoas podem ter curtos períodos de humor normal. Para preencher o diagnóstico de Distimia os pacientes, além do sentimento de tristeza prolongado, precisam apresentar dois dos seguintes sintomas: - Oscilações do humor (irritado ou deprimido) - Dificuldade em aproveitar o lado bom da vida - Dificuldade de concentrar-se ou tomar decisões - Transtornos do sono, que não é reparador. Acordar várias vezes à noite e sentir-se cansado pela manhã. Insônia ou sonolência - Dificuldade de concentração e de memória, mesmo para atividades lúdicas (assistir um filme, por exemplo) - Somatizações (ex.: dores de cabeça, fadiga crônica) - Desesperança - Aumento ou diminuição do apetite - Sentimentos de incapacidade e menos valia - Em crianças: irritabilidade, manhas - Em adolescentes: isolamento, rebeldia, abuso de drogas, irritabilidade. Por conta da Distimia a pessoa é naturalmente aborrecida, e qualquer evento que não a satisfaça plenamente terá um efeito avassalador sobre seu estado de humor. Como a vida em sociedade e em família implica em reciprocidade de comportamentos, não tardará que as outras pessoas, de fato, motivadas pela chatice e azedume do mal humorado, adotem comportamentos preventivos e evitativos, agravando ainda mais os atritos nas relações. A Distimia comumente associa-se a um estresse continuado e ocorre em pessoas submetidas e propensas a tensões constantes. Os distímicos são muito exigentes consigo próprios e com os outros e não aceitam limitações, pessoais ou alheias. Qualquer situação os deixa estressados e são verdadeiras “máquinas” de produzir estresse em quem às cerca. Assim, a Distimia é causa frequente de mal estar pessoal e familiar. Os distímicos são “amargos”, constantemente estão irritados, agressivos, polêmicos. É como se tratasse de uma pessoa alérgica a tudo, só que, ao invés de reagir às coisas do ambiente com crises alérgicas, reage aos acontecimentos com mau humor. Tem pouca tolerância com o ambiente; seja com as pessoas, com os acontecimentos, com os objetos, com o clima, com a política, com a sociedade, com a economia, com o trânsito, com as filas, enfim, com o mundo. Estudos mostram que o sentimento de inadequação e desconforto é muito comum, a generalizada perda de prazer ou interesse também, e o isolamento social manifestado por querer ficar só em casa, sem receber visitas ou atender ao telefone nas fases piores são constantes. A irritabilidade com tudo e impaciência são sintomas frequentes e incomodam ao próprio paciente. A capacidade produtiva fica prejudicada bem como a agilidade mental. Os portadores de Distimia têm pouca tolerância às frustrações. Vivem confusos, porque não tem uma reação previsível aos fatos. Acontecimentos pequenos podem ser maximizados, ou problemas graves não serem percebidos, causando uma verdadeira apatia, quase uma sedação. Com isso, geram confusão, pois os outros não têm um parâmetro que lhes indique o que agrada ao distímico ou não. Essas pessoas são consideradas mal humoradas, instáveis, tristes, pessimistas, difíceis de satisfazer. O desenvolvimento profissional pode ser prejudicado pelos desentendimentos com os colegas. Como têm baixa autoestima e muita autocrítica, não conseguem confraternizar e usam qualquer pretexto para evitar situações de contato social. Como consequência, distímicos reagem negativamente no trabalho, nas atividades sociais e afetivas, o que retroalimenta a solidão e o pessimismo. Distimia gera retração, isolamento social, rejeição, desculpas para o isolamento, um círculo vicioso que prejudica a qualidade de vida como um todo. É importante considerar a forma autodestrutiva que alguns distímicos adotam para alívio de seu sofrimento, como, por exemplo, o uso álcool e drogas ou o comer compulsivo, levando-os a serem tratados como alcoólatras, drogados ou obesos, sem levar em conta a depressão de base que os levou a essas doenças. O fato de uma pessoa ter Distimia não impede que ela desenvolva depressão. Nesses casos, denominamos a ocorrência de depressão dupla e quando acontece o paciente procura, muitas vezes, pela primeira vez o psiquiatra. Como a Distimia não é suficiente para impedir o rendimento, apenas prejudicando-o, as pessoas não costumam ir ao médico, mas quando não conseguem fazer mais nada direito, vão ao médico e descobrem que têm Distimia também. Quais são as causas da Distimia? Não se sabe com segurança a causa exata da Distimia. Existem os que defendem causas endógenas, constitucionais, internas. Outros apontam predisposições hereditárias e também há os que atribuem a razões familiares, como: > Relações familiares insatisfatórias na infância > Pais agressivos, distímicos > Famílias com pessoas que sofrem de Depressão, Pânico, TOC > Famílias com maior incidência de distúrbios de personalidade, abuso de álcool e drogas > Famílias com doenças incapacitantes (cegueira, surdez, amputações, etc) Geralmente há uma conjunção de fatores que levam, não só às formas mais ou menos prolongadas ou intensas da Distimia, como quanto à característica própria de expressão da doença em cada indivíduo. Na Distimia há uma falha nos mecanismos de regulação da serotonina, um neurotransmissor que modula as mudanças de humor. O déficit de serotonina está presente em uma serie de transtornos, como: > Anorexia > Depressão > Fobias > Obsessões > Bulimia > Crises de Pânico, etc. A Distimia é um transtorno menos grave que os citados, mas sua duração causa inúmeros dissabores, além de poder desencadear fenômenos mais graves, como a Depressão Maior e Crises de Pânico, por exemplo. Estudos indicam que os distúrbios relacionados com o déficit da serotonina afetam 30% das pessoas. A Distimia seria o distúrbio mais frequente. Estima-se que 3% da população geral sofrem deste distúrbio. Como tratar a Distimia? O problema prático mais contundente da Distimia é em relação à possibilidade da pessoa ter ou não uma visão crítica sobre sua situação existencial de mal humorado. Além disso, é fundamental que a pessoa portadora desse transtorno esteja ou não satisfeita com sua maneira de ser e a forma como conduz a sua vida. Quando a pessoa sofre com sua maneira instável de ser, lamenta pelo seu mau humor, e gostaria até de melhorar, dizemos que ela é ego distônica com sua personalidade ou descontente consigo mesma. Ao contrário, quando mesmo diante do apelo de todos para que mude sua maneira de ser, quando opiniões sobre sua chatice são unânimes e ela própria não se considera mal humorada, chamamos de ego sintônica à sua maneira de ser. Assim como tem sido extremamente raro a pessoa reconhecer ser pessimista (quase todos pessimistas se acham realistas), também os mal humorados costumam negar sua chatice crônica, buscando justificar no cotidiano e nas circunstâncias as causas para seu azedume. Essas justificativas vão desde uma simples dor de dentes até um pneu furado. Existem pessoas que sofrem a dor em sua exata proporção (evidentemente não estão felizes), e aquelas que procuram distribuir seu infortúnio ao ambiente em sua volta. A relação estabelecida comumente entre a Distimia e a maneira de ser inerente à pessoa, bem como as inúmeras somatizações que os afetam, faz com que o distímico submeta-se a verdadeiras peregrinações médicas e variados tratamentos que não consideram a especificidade da Distimia. A Distimia, assim como outros tipos mais clássicos de depressão, tem tratamento eficaz à custa de psicoterapia e antidepressivos (inibidores seletivos de recaptação de serotonina). A associação de medicamentos antidepressivos com psicoterapia tem apresentado muito bons resultados. Entretanto, isoladamente, um e outro não funcionam a contento. Embora os antidepressivos corrijam o distúrbio biológico, o paciente precisa aprender novas possibilidades de reagir e estabelecer relações interpessoais mais saudáveis. A psicoterapia sem respaldo farmacológico é contraproducente, porque cobra uma mudança de comportamento que a pessoa é incapaz de atingir por causa de sua limitação orgânica. Entretanto, a maior dificuldade está em fazer o paciente entender e aceitar que é mal humorado e, mais que isso, que deve submeter-se a tratamento. E este tratamento não servirá apenas ao próprio paciente, com objetivo de melhorar sua qualidade de vida, mas, sobretudo, às demais pessoas que com ele convivem. A atividade física constante e bem orientada também precisa ser adotada como auxiliar do tratamento, pois auxilia na liberação de serotonina. Fonte: CHAPPA, Herbert J. Distimia y Otras Depresiones Crónicas: Tratamiento Psicofarmacologico y Cognitivosocial. Madrid: Panamericana, 2003 LANG, Susan S. e THASE, Michael E. Sair da Depressão – Novos Métodos para Superar a Distimia e a Depressão Branda Crônica. São Paulo: Ed. IMAGO, 2004 MORENO, Ricardo Alberto, CORDAS, Taki Athanassios, NARDI, Antonio Egídio, et al. Distimia: do Mau Humor ao Mal do Humor - Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Ed. Artmed, 3ª edição, 2009
Posted on: Thu, 22 Aug 2013 01:52:04 +0000

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