De Marcelo Ribeiro: "Muitos ficaram atônitos e tentam, as vezes em desespero, dar explicações e produzir sentidos para não perder a segurança dos argumentos e nem a obsolescência dos conceitos. É claro que outros buscam, simplesmente, produzir significados para melhor nortear as pessoas. Há também os políticos que estão ainda tremendo... De toda a forma, o fenômeno que o Brasil viveu e ainda vive, neste ano da graça de 2013, abalou os cânones sociais e institucionais. Certamente a sociedade e o jeito de se fazer política e produzir políticos não serão os mesmos. Isto, entretanto, não significa que a sociedade brasileira vai melhorar no sentido de atender as reinvindicações pleiteadas pelo próprio movimento. O que importa mesmo, e que para mim o que é palpável, é que a experiência de viver a explosão desse movimento foi e ainda é altamente educativa. Não sei se haverá continuidade e quais os desdobramentos exatos, mas a tomada de consciência de milhares de pessoas que estiveram nas ruas por todo o Brasil ou que puderam acompanhar todo esse processo foi algo transformador. Talvez a falta de uma ideia norteadora faça com a emoção tomada pelas massas se dissipe em alguns dias, mas certamente ficará a experiência educativa e o aprendizado da coletividade, no sentido de reconhecer sua força e capacidade de poder sonhar, trasmudar e lutar, mesmo quando tudo possa parecer tão morno, tão acabado, tão definido, tão dado... Afinal, fatalidade é acreditar nos fatos. Para estes, o mundo é dado e pronto. É sem graça, é morto afinal. E foi o curso do movimento, como a água do Velho Chico que corre debaixo da Ponte, que soube “virar a mesa” e demonstrou que o Vale acordou e engrossou as marchas e brados do Brasil. Quem foi que disse que a cultura “coronelesca” do Sertão é absoluta?! Aqui também se faz, se vive e se pratica democracia."
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 22:21:43 +0000
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