De acordo com o relatório Liberdade cultural em um mundo diversificado, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a liberdade no campo da cultura é um dos fatores imprescindíveis para o desenvolvimento humano e social de um país, refletindo decisivamente, também, no setor da economia. Referido texto propõe medidas públicas que deveriam ser aplicadas, tanto por nações quanto por comunidades, no sentido de garantir o direito de todo indivíduo manter sua identidade étnica, linguística e religiosa. O citado relatório vai além e enfatiza, com clareza, que a aplicação de medidas protetoras dessa identidade cultural significa a mais decisiva condição para se conseguir o desenvolvimento sustentável, em sociedades de características diversas. Estudiosos constataram, na prática, que o apoio às tradições e costumes de cada povo tem o poder de evitar indesejáveis choques culturais entre as civilizações, a partir da conscientização de quanto é importante o direito à liberdade de expressão e de comportamento, em meio às diversas esferas culturais nas quais ele seja exercido. Dentro desse conceito de ser livre, destaca-se, sobretudo, a não exclusão, ou não discriminação, de grupos étnicos, religiosos e demais minorias do restante da sociedade. Todo tipo de discriminação, quaisquer sejam as alegações em que se baseia, sempre revela uma postura geradora de sementes de ódio e intolerância, indutoras de violência e agressividade, capazes de inviabilizarem encaminhamentos para o consenso de fraternidade entre indivíduos, raças e nações. Os chamados genocídios da cultura não se limitam apenas às tentativas de extermínio das crenças e ideologias. De maneira mais sutil, esse massacre também pode ser observado, em proporção crescente, nas ações tentaculares das multinacionais ligadas, direta ou indiretamente, à indústria cultural. Um dos exemplos flagrantes dessa distorção vem da indústria cinematográfica dos países ricos que, além de causar sérias limitações e prejuízos às suas congêneres de outras nações, exerce profunda influência, em muitos casos, lesiva, sobre os costumes e tradições dos países em que é disseminada em massa. Tal monopolização da mente é responsável por aquilo que se convencionaram chamar de Homogeneização do Imaginário, através do qual ficam comprometidas, sob vários aspectos, a criatividade e a intuição inventiva dos países mentalmente cooptados. No cerne da questão, o que está em jogo é o direito humano básico de produzir suas próprias formas de expressão, habitualmente alicerçadas em atitudes, crenças e ideias estruturadas através dos tempos. Convém ressaltar que essa reivindicada liberdade não se reveste de caráter chauvinista e nem se opõe à comunicação enriquecedora de conhecimentos entre culturas diferentes. É louvável o intercâmbio de experiências e informações, quando esse processo traz benefícios para ambas as partes e permanece isento de intenções capciosas ou propósitos políticos radicais. Caso fossem seguidas as orientações contidas no relatório do PNUD, o desenvolvimento globalizado poderia seguir seu curso a salvo de estigmas ou injustiças, sem a presença de posicionamentos ou interferências radicais. O fundamental consiste nos cuidados e ações despendidos no sentido de preservar a identidade cultural dos povos, sempre se levando em conta o papel que o respeito às tradições possa exercer dentro do desenvolvimento característico de cada nação.
Posted on: Sun, 01 Dec 2013 09:48:53 +0000