De onde vem o medo da morte: "Os egípcios da Antiguidade - TopicsExpress



          

De onde vem o medo da morte: "Os egípcios da Antiguidade desenvolveram um sistema bastante explícito e detalhado. Pirâmides, tumbas, múmias, objetos mortuários, escritos funerários e o Livro dos Mortos todos testemunham um otimismo fundamental perante a morte. A morte era uma questão central na cultura egípcia. Seu Livro dos Mortos, à semelhança de seu equivalente tibetano, traçava as linhas mestras de um amplo sistema mortuário, embora quase sempre sob a forma de prescrições para as práticas fúnebres. Esse sistema ensinava – ou pelo menos destinava-se a ensinar- uma abordagem relativamente integrada que permitiria aos membros individuais pensar, sentir e agir em relação à morte de maneira considerada apropriada e eficiente (Kastenbaum, 1983:152). A preocupação com a morte se refletia na arte, na religião e nas ciências dessa cultura. A idéia da transcendência está contida nos seus mitos como o da renascença do deus Osíris, o qual foi morto por Seti e seu corpo retalhado, e que retorna à vida através dos poderes da deusa Ísis que reúne as partes dispersas do seu corpo. Mas, ao mesmo tempo em que é facultada a alma o acesso à imortalidade, dando a esperança da continuidade, essa mesma imortalidade dependia da observância de determinadas regras instituídas pela casta sacerdotal, que de certa forma passa a intermediar esse acesso. No momento da morte, a alma era levada à presença de um tribunal na presença dos deuses, Tot, Anúbis e Osíris, e lá suas ações eram contabilizadas através da balança da deusa da justiça, onde o coração do morto seria pesado, tendo como contrapeso a pena de uma ave. Os egípcios acreditavam que este órgão continha todas as virtudes e vícios da alma. As almas generosas teriam, naturalmente, um coração leve e a alma dos maus seriam pesadas e se fossem condenadas, acabariam devoradas pelo deus monstro e não poderiam renascer. Observamos com isso que a morte, antes considerada um fenômeno natural e aceita sem apreensões e medos, passará a ser temida devido a sua associação com prováveis penalidades que o morto teria que arcar após o seu transpasse e conseqüente julgamento. Como visto, os egípcios davam grande importância à sobrevivência do corpo. Na morte, acreditava-se que o ka (a personalidade espiritual ou um duplo do corpo terreno) e o ba (a alma verdadeira, que era representada como um pássaro com cabeça humana) partiam. Mais tarde, o corpo necessitaria do ka. Os egípcios pensavam que deveriam preservar o corpo para que os espíritos dos mortos pudessem habitá-los novamente no futuro. (Kramer, 1988:106). Claramente, o fato mais significante sobre as atitudes dos egípcios em relação à morte é a ênfase na questão do julgamento. Esse será o primeiro tipo de medo que se desenvolverá com relação à morte, ou seja, o medo da pós-vida e que está associado psicologicamente com o medo de castigo e rejeição quando relacionado com a própria morte ou o medo da retaliação e/ou perda de relacionamento quando associado com a morte de Outros. Posteriormente, no decorrer do desenvolvimento da civilização Ocidental surgirão outros tipos de medos, tais como os que Kastenbaum (1983:46) vai denominar de medo da extinção exemplificado, primariamente, através do medo básico da morte ou destruição do ego.
Posted on: Sun, 29 Sep 2013 20:42:23 +0000

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