Depois de alguns séculos, a Igreja Católica fez “mea culpa” - TopicsExpress



          

Depois de alguns séculos, a Igreja Católica fez “mea culpa” de seus erros. Coube a missão ao papa João Paulo II. Por todo esse tempo, a Igreja afirmava, dentre outras coisas, que Inquisição aconteceu numa época em que não estava bem definida a divisão entre Igreja e Estado; rebelar-se contra a Igreja era o mesmo que rebelar-se contra o Estado; que, diante das circunstâncias, a Inquisição não poderia deixar de acontecer. A seguir, a síntese da argumentação da Igreja, para justificar ou esclarecer a Inquisição: “A Igreja e o Estado se uniam de tal forma que ambos defendiam a fé cristã. O que surgisse contrariando essa unidade de fé, era tanto uma ameaça para o Estado (rebeliões, crimes etc), quanto uma ameaça para a Igreja (heresias, blasfêmias etc.)… “Na Idade Média, a revolta contra Deus não era menos digna de castigo do que a revolta contra o próprio soberano. Tanto os soberanos como os vassalos consideravam a conservação da religião católica, a única verdadeira e divina para eles, como um bem social, muito mais importante do que todos os bens naturais. A legislação dos países da Europa era baseada numa íntima aliança entre a Igreja e o Estado; qualquer desobediência contra a religião era punida segundo as leis civis.” Como o mundo medieval dependia da Igreja Católica e a vida era ordenada conforme o catolicismo (a liturgia, o calendário, o toque dos sinos etc.), é natural que aquilo que de alguma forma contrariasse a religião, a política, a sociedade, não fosse bem quisto. Enfim, é preciso ter claro e firme o entendimento da ligação entre Igreja e Estado como um passo para se compreender a Inquisição. letraseciencia.blogspot.br/2012/08/os-tribunais-da-santa-inquisicao-parte-1.html Os historiadores apresentam a Inquisição de modo diferente. Não há nenhum registro de que a instituição do Tribunal do Santo Ofício tenha participação direta do Estado. Todos os atos foram de iniciativa dos papas. A Igreja era submissa ao Estado ou este submisso à Igreja? A Igreja, tida como divina, tinha a prevalência, indicava rumos. Afinal, os infalíveis “vigários de Cristo” estavam no seu comando. Vejamos matéria publicada pela revista Veja sobre o perdão do papa: “A Inquisição é um capítulo doloroso do qual os católicos devem se arrepender”, afirmou João Paulo II no primeiro ano de seu pontificado, em 1978, como que antecipando o revisionismo que se seguiria. O primeiro alvo direto foi o obscurantismo científico: ele redimiu o italiano Galileu Galilei e o polonês Nicolau Copérnico, que derrubaram a cosmologia cristã ao descobrir que a Terra não se achava no centro do universo. “Galileu, fiel e sincero, mostrou-se mais perspicaz do que seus adversários teólogos”, disse. Reabilitou também o inglês Charles Darwin, pai da teoria de que o homem é parente longínquo do macaco – e, portanto, não descende dos personagens bíblicos Adão e Eva. “Hoje, os novos conhecimentos e as descobertas obtidas em várias disciplinas nos levam a reconhecer na teoria da evolução mais que uma hipótese”, afirmou. Depois de admitir que os “hereges” estavam certos, o papa publicou em 1998 a encíclica Fides et Ratio, que procura conciliar fé e razão e é considerada pelos teólogos uma espécie de testamento intelectual do pontífice. Fora do âmbito da ciência, João Paulo II pediu desculpas pelo fato de a Igreja Católica ter compactuado com a escravização de africanos e índios, e por não ter tido um papel mais efetivo na luta contra o nazismo. Foram, ao todo, mais de 100 pedidos de desculpas. O auge da expiação ocorreu na missa que deu início à Quaresma do ano 2000. “Perdoamos e pedimos para ser perdoados”, proclamou João Paulo II na Basílica de São Pedro, passando em seguida a listar os atos a ser perdoados – entre eles, pecados contra a unidade cristã (perseguição a protestantes e ortodoxos), uso da violência “a serviço da verdade” (cruzadas e Inquisição) e a marginalização das mulheres… Usou de eufemismos e individualizou pecados. “Pediu perdão na voz passiva”, como definiu em um artigo a revista americana U.S. News & World Report. Às vítimas do holocausto, João Paulo II expressou em 1998 o arrependimento de que os cristãos não tivessem mostrado a necessária “resistência espiritual” diante da perseguição nazista. Aos povos nativos das Américas, pediu desculpas pelos “desatinos” dos missionários. Às outras religiões cristãs, “perdão, em nome de todos os católicos, pelos erros causados a não-católicos ao longo da história”. veja.abril.br/especiais/papa/p_044.html O papa diz com clareza que a Inquisição foi um erro. Foi um erro dos papas e não da Igreja? Como se pode deglutir essa dicotomia? Ou não representam os papas o próprio Cristo? Os papas são ou não são infalíveis? A Humanidade continuará com essas indagações por muitos e muitos anos. No seu pedido de perdão, João Paulo II abraça a tese evolucionista da criação, dando razão a Charles Darwin. Admite que o homem é parente longínquo do macaco e que, portanto, não descendemos de Adão, como diz a Bíblia. Com isso, aceita a tese da grande explosão, o big bang, que deu origem ao Universo. Talvez essa posição seja motivo para novos pedidos de perdão, no futuro.
Posted on: Mon, 12 Aug 2013 19:38:16 +0000

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