Descobre que escrever é a única coisa que sabe fazer. Levanta, pega um pouco da preguiça acumulada nos ombros riscados de medo, aquele que escorre da cabeça que só sabe ver desgraça na rotina. E na retina pode se ver sentar novamente com os dedos tamborilando em teclados artificiais, capazes de, no papel, fazer viver de novo. As mãos juntas mostram os grilhões em que se prendeu. Não se sabe fazer mais nada além de divagar e ganhar pouco dinheiro. Mas não há reclamações em amar o inanimado. Amar a própria mente e a capacidade de transpor, em papéis e telas, tudo que se pensa querer. E este raio que sai de nossos braços? Tem-se a ideia e até que a música silenciosa se faça no quadrado em branco, tudo muda. Tudo muda ao trovejar. É quase físico. É quase água. Mais parece cafeína, autodestruição penosa e necessária. Uma droga viciante. Há tesão em escrever, orgasmos que vêm do peito e sobem pela boca como a tara da mais gloriosa prostituta que, ao gozar, iguala prazer e amor em seu possuidor pagante. Isso! O subjetivo me ordena. E, cada dia que passa parece, mais e mais, que meu real dever na Terra é o de escrever. Estou sempre certo disso.
Posted on: Fri, 30 Aug 2013 07:23:07 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015