Devido à tentação de muitos em filmar os manifestantes mais exaltados -- filmar para quem, caras-pálidas? Ajudar a mesma polícia que escancarou o estado-barbárie em que vivemos na quinta-feira? --, republico o panfleto do território livre distribuído na terça-feira: [Na mídia circulam críticas sobre a violência praticada por jovens que paralisaram São Paulo com dois grandes atos contra o aumento da tarifa de transporte, na última semana. Criticam as palavras de ordem pichadas nos muros de uma cidade onde a existência é refém da barbárie e do interesse privado. Criticam, ainda, o fogo ateado em estruturas da Polícia Militar, uma instituição impregnada pela corrupção e pelo autoritarismo, da qual a juventude só pode lembrar com ódio. Criticam, enfim, qualquer ato que expresse a radicalidade da juventude. Nós reconhecemos como completamente legítimas as respostas e os métodos de luta desses jovens. Se querem considerar a violência que parte dos jovens, deviam considerar antes aquela violência promovida historicamente contra a juventude. Qual violência maior senão a submissão a empregos medíocres e instáveis, sem perspectivas de um futuro seguro? Quando muito, sugam inutilmente os melhores anos da nossa vida! Qual violência maior senão a exclusão habitacional, que força a maioria de nós a viajar em péssimas condições horas a fio todos os dias? Qual violência maior senão a exclusão social via inflação de todos as coisas básicas? A violência hoje empregada pela juventude contra a polícia e contra os símbolos da sociedade capitalista não é apenas uma resposta à repressão imediata do Estado -- que tenta liquidar qualquer foco de resistência na cidade --, mas é, principalmente, o retorno, contra tudo o que está instituído, da violência imposta a nós todos os dias.]
Posted on: Sun, 16 Jun 2013 16:17:35 +0000
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