Dialogo 58º O Sol já havia se recolhido, eu continuava puxando - TopicsExpress



          

Dialogo 58º O Sol já havia se recolhido, eu continuava puxando meu cavalo pelas rédeas, não podia parar, iriamos morrer os dois fatalmente com o frio da noite, fora obrigado a deixar para trás muitos pertences, inclusive minha tenda, ambos estávamos muito debilitados não tínhamos como carregar tudo aquilo, olhei nos olhos de Crow ele estava pronto para continuar até a hora da morte, assim como eu. A montaria de um Templário moldava-se com os anos de convívio com seu Cavaleiro, no final tornavam-se grandes cavalos guerreiros. O calor infernal fora substituído por um frio insuportável, mas conseguimos aumentar os passos durante um bom tempo na transição de temperatura do cair do sol. Bem longe no horizonte eu conseguia ver luzes brilhantes, sem duvida era Jerusalém. Era uma grande ironia depois de tanta peregrinação pelo deserto, vê-la tão perto e não ter a certeza de que conseguiria chegar até meu destino. Durante todo o dia não cruzamos ninguém pelos caminhos que percorremos, nenhuma ajuda, nenhum auxilio, mas também nenhum inimigo, isso era o bastante. A dor e o frio eram tão intensos que pensei por algumas vezes parar e ficar deitado na areia, mas uma voz no fundo me dizia para continuar, seguir sempre adiante... E assim foi feito, caminhamos, nos arrastamos em direção as luzes foscas e distantes, pensei muito em Lobo e na minha Senhora das Rosas, cada passo que eu dava ficava mais distante de ambos, a cada respiração como se recebesse uma faca no peito, minha ligação era intensa e telepática, um conhecimento além dos tempos, podia sentir sua angustia, sua aflição, ele sabia que estava me perdendo para sempre. Infelizmente eu não podia sentir ela, nem ter a certeza que estava amparada e em paz! Era-me um grande tormento estar do outro lado das águas profundas, sem saber como ela estava? Como estava se virando? Quais companhias a cercavam? Por muitas vezes durante a Cruzada eu me revoltara achando-me um grande tolo por tê-la deixado, poderia ter desacatado o Grão Mestre e deserdado da Ordem. Mas por outro lado eu sabia que meu destino estava atrelado a Ordem dos Cavaleiros Templários, as Cruzadas e a Terra Santa, sentia isso profundamente em meu coração! Voltei no tempo... Vi ela novamente escondida entres as arvores litorâneas, com seus doces olhos brilhantes se despedindo de mim, li em seus olhos toda dor que a dilacerava por dentro, disfarçado pela ternura característica que possuía, o cheiro da maresia confundia-se com o perfume de rosas, um grande cortejo fúnebre que se seguia separando nossos destinos, foi a ultima vez que olhei em seus olhos! Após me arrastar por mais uma eternidade, cai finalmente de joelhos no solo arenoso, apoiado em minha espada, percebi que minha hora estava muito próxima, o guerreiro Crow também deitara na areia, chegara ao seu limite, eu coloquei sua cabeça sobre minhas pernas e afaguei seu pescoço, agradecendo profundamente por tudo que tínhamos vivenciado juntos, por todas as vezes que nos safamos de armadilhas e emboscadas pelas habilidades que possuía, era um cavalo muito esperto e veloz, agradeci do fundo do meu coração por cada batalha que estivemos juntos, com os anos cavalo e cavaleiro se tornam apenas um! E é exatamente isso que nós éramos quando eu estava montando Crow, éramos apenas um! Fiquei feliz de não estar sozinho, estávamos morrendo e ele estava comigo, pedi perdão ao grupo, aos irmãos Templários que vieram comigo na Cruzada, as Cristãs e Cristãos peregrinos, ao meu Velho Irmão Templário, ao Lobo e a minha Senhora das Rosas, eu estava partindo e não podia fazer nada! Abri meus olhos com muita dificuldade, vi luzes se aproximarem rapidamente, eram as luzes que viriam me levar deste mundo?! Apenas ouvi uma vós que disse: “Meu irmão, Lobo Templário, eu estou aqui”... Tudo se tornou escuro num grande vazio negro! FlavioK2 – Lobo Bárbaro Poeta
Posted on: Thu, 22 Aug 2013 00:17:57 +0000

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