Dialogo 84º Fui recolhendo minhas tralhas enquanto fazíamos o - TopicsExpress



          

Dialogo 84º Fui recolhendo minhas tralhas enquanto fazíamos o caminho de volta, demoramos pelo menos uma hora para chegar ao grande salão principal onde as cordas estavam fixadas na saída da fenda pelo cume. Meu Velho Irmão Templário estava tão tenso quanto eu próprio, ele também havia percebido que o lugar era amaldiçoado, tomado por demônios e bestas sombrias, enquanto fazíamos ascensão no longo caminho vertical, podia ver em seus olhos o temor. Mas a escuridão fora sendo dissipada metro a metro pela luz prata da lua cheia que escorria como uma cascata pelo abismo profundo, só então ficamos um pouco mais aliviados, já tínhamos vencido 90 dos 120 metros verticais, era uma questão de tempo até estarmos a salvos no cume, assim esperávamos... Eu tentei não pensar no que vivenciara lá embaixo, para não perder o equilíbrio mental, a longa subida exigia muita técnica e concentração, portanto fixei meus pensamentos apenas na travessia vertical. Meu Velho Irmão também preferiu ficar calado durante a subida, estávamos assustados demais para comentários desnecessários, pelo menos até que estivéssemos a salvo. Uma coisa eu tinha certeza, nunca ninguém estivera no interior daquela montanha, eu fora o primeiro e se dependesse de mim o ultimo a ter estado lá... Faltavam poucos metros para atingirmos o cume, de onde eu estava pendurado podia ver a silhueta no contraste da lua de Lady RedFord debruçada olhando para nós... Eu fui tomado por uma emoção muito grande quando atingi o cume, o ar puro e a luz da lua eram sublimes para os meus sentidos após um longo período de confinamento com pouco oxigênio e ausência de luz, a sensação era indescritível, ganhei o cume primeiro, quando meu Velho Irmão chegou ajudei-o a sair da parede, ambos estávamos exaustos, não só fisicamente, mas principalmente cansaço mental, o lugar tinha devastado minhas forças... Lady RedFord percebeu de imediato que algo muito ruim tinha acontecido comigo lá embaixo, pois não me questionou sobre artefatos, relíquias, manuscritos como sempre fazia quando eu regressava das nossas escavações. Ela apenas disse: “Lobo Templário acalmai seu coração, vejo nos teus olhos que estas exausto, descansai sob o luar”. Foi exatamente o que fiz, deitei-me de costas no chão e fiquei ali parado deixando com que minha visão velejasse pelo mar negro dos céus sob a proteção da grande lua cheia! Meu Velho Irmão deitou ao meu lado, ficamos um tempo quietos sem dizer uma palavra, Lady RedFord percebeu que tínhamos passado maus bocados lá embaixo nas profundezas e respeitou ficando em silencio... Depois de um longo período meu Velho Irmão sentou-se, eu continuei deitado ao seu lado, Lady RedFord saiu de sua tenda e juntou-se a nós, a madrugada já avançava pela noite. Meu Velho Irmão disse: “Lobo meu irmão, contai o que de fato acontecera contigo naquele maldito salão com as três tumbas? O que de fato você viu naquelas tumbas vazias?! Quando o encontrei estava entregue como se tivesse acabado de lutar uma batalha?!”. “Tens razão meu Velho Irmão, horas antes de você me encontrar jogado nos pés de uma das tumbas eu fui atacado por sombras em formas de bestas... Quando desci no ultimo salão estava tudo quieto, fiz a varredura como de costume, havia apenas as três tumbas, quando aproximei-me notei que estavam vazias, porem quando olhei na lapide, vi a escrita entalhada na rocha “Aqui jaz Lobo Templário”, achei que estava delirando, olhei novamente e lá estava, fui em direção as outras tumbas, então fiquei mais chocado ainda, porque estava escrito o teu nome na segunda tumba e o de Lady RedFord na terceira, então fiquei confuso e na sequencia comecei a escutar gritos estrondosos que mais pareciam urros ensandecidos de ódio e raiva”. Continuei a explicar que quando dei por mim estava cercado por centenas de sombras demoníacas que vinham ao meu encontro como relâmpagos, minha espada fora abençoada pela luz de Deus e assim fui dissipando sombra por sombra... Lady RedFord não conseguiu disfarçar o medo que se apossara de seu coração, estava pálida e com os olhos arregalados ouvindo tudo que eu contava... Quando terminei de contar-lhes tudo, ambos estavam com expressões duras em suas faces, eu pedi-lhes que mantivessem a fé a coragem e disse: “Meus amigos, seja lá que maldição que essa montanha guarde em seu interior, não podemos nos esquecer de que ainda estamos presos no topo dela, só desceremos ao amanhecer, então o melhor que temos a fazer é tentarmos descansar para longa descida quando o sol se levantar”. FlavioK2 – Lobo Bárbaro Poeta
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 00:05:53 +0000

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