Dica de hoje, 9/6 (dia Nacional de Achieta, dia do Porteiro e dia - TopicsExpress



          

Dica de hoje, 9/6 (dia Nacional de Achieta, dia do Porteiro e dia do Tenista): na dica de hoje, abrdaremos um outro tipo de paralelismo, diferente daquele em que você já está craque, objeto de minha dica de 28/4. Naquele dia, falamos de paralelismo sintático. Hoje, o tema é… ******************************* …paralelismo SEMÂNTICO. ******************************* Primeiramente, recordemos o paralelismo sintático. Em 28/4 eu havia explicado que, em construções com duas partes ou mais, você buscasse "combinar" o material sintático existente em cada uma delas. Refiro-me a tempo verbal, estrutura das orações, entre outros. Havia apresentado o seguinte exemplo: "Fui à escola bem cedo e observando a paisagem ao longo do caminho". Há aqui duas estruturas com mesmo nível sintático: duas orações que se coordenam por meio de conjunção coordenativa aditiva "e": (a) ir à escola; e (b) observar a paisagem. A quebra do paralelismo SINTÁTICO estava nos diferentes tempos verbais dos verbos que apareciam em cada parte, quais sejam, "ir" e "observar". Para consertar a inadequação, bastou colocar o verbo "observar" no mesmo tempo que o "ir", assim: "FUI à escola bem cedo e OBSERVEI a paisagem ao longo do caminho". A dica de hoje tratará de outro tipo de paralelismo, o SEMÂNTICO. Othon Moacyr Garcia fornece exemplo bem interessante em seu “Comunicação em prosa moderna”, que deixa claríssimo o problema da falta de paralelismo semântico. Veja: ******************************* Fiz duas operações: uma em São Paulo e outra no ouvido. ******************************* A frase está gramaticalmente boa, mas as partes sintaticamente paralelas – onde eu fiz minhas operações – não se combinam semanticamente falando. Uma refere-se a lugar geográfico e a outra, a lugar no meu corpo. Othon ensina, ainda, que “na poesia, é comum encontrarmos ruptura de paralelismo semântico, sobretudo naqueles autores, como Carlos Drummond de Andrade, de cuja obra transpiram ironia, sátira ou humor: ‘Cardíaco e melancólico, o amor ronca na horta entre pés de laranjeira entre uvas meio verdes e desejos já maduros.’ (Em “O amor bate na aorta)’” Observe que “uvas meio verdes” não está semanticamente paralelo a “desejos já maduros”, mas ficou brilhante!!!!! Não poderei falar em quebra de paralelismo semântico sem citar Machado de Assis, em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", em que, igualmente, usa de ironia, no trecho já famoso "Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis". Também brilhante!!!! Só que Drummond e Machado podem, nós não podemos! “As simple as that”. Não tente citar ironias em sua redação de concurso, mesmo achando que está dando uma de inteligente ou de Drummond e Machado. Nada disso. Evite a quebra do paralelismo semântico, a não ser que esteja 101% seguro do brilhantismo daquilo que estará sustentando, e, mesmo assim coloque entre aspas se for se arriscar, combinado? Veja o exemplo abaixo, inadequado: ***************************** Sem concentração nos estudos e dinheiro no bolso, a aprovação em concurso público no Brasil, embora possível, é tarefa desafiante nos dias atuais. ***************************** O Examinador poderia alegar falta de paralelismo semântico na comparação feita entre o aspecto que diz respeito ao esforço intelectual do candidato e sua condição financeira. Talvez o exemplo acima pudesse ser salvo, a depender de sua argumentação. É por isso que digo que seu contexto é que definirá a adequação. Nenhuma regra pode ser engessada, deve ser flexível, cabendo ao candidato o poder do julgamento. Veja agora a frase acima no contexto abaixo: ******************************* A aprovação em concurso público, no Brasil, não é tarefa fácil. É certo que o ingresso no serviço público está cada vez mais democrático. Se, na primeira metade do século passado, ser diplomata ou juiz demandava do candidato à carreira ser titular de sobrenome da alta sociedade, hoje, este critério não mais se aplica, porque dependerá, em especial, da capacidade intelectual do interessado alcançada por meio da dedicação aos estudos; entretanto, preparar-se para o certame público exige do aspirante dispor de vultoso recurso financeiro. A exigência põe em dúvida o caráter democrático dos concursos, haja vista a realidade brasileira, em que prevalece a desigualdade social. Como se vê, sem concentração nos estudos e dinheiro no bolso, a aprovação em concurso público no Brasil, embora possível, porquanto democrática, é tarefa desafiante ainda nos dias atuais. ***************************** É isso! Bom domingo a todos e até a próxima dica. -- Claudia Assaf dicas-da-diplomata.br
Posted on: Sun, 09 Jun 2013 12:55:50 +0000

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