Dilma flerta com o PIB Revista Carta Capital - - TopicsExpress



          

Dilma flerta com o PIB Revista Carta Capital - 25/11/2013 PODER A presidenta busca um novo canal de diálogo com os grandes empresários e prepara bondades para os menores POR ANDRÉ BARROCAL Dilma Rousseff chamou o empresário Abílio Diniz ao Palácio do Planalto e teve com ele uma longa conversa na segunda-feira 18 sobre a economia e o futuro do País. A presidenta tinha ficado apreensiva ao ler uma entrevista do presidente do conselho da BRF publicada recentemente por Carta Capital. O governo, dizia Diniz, é fechado, comunica-se mal e ignora as queixas do setor privado. Cansado, esteja não estaria mais disposto a dialogar, só a criticar. Não é todo dia que um homem de negócios do peso de Diniz, e que, além disso, nutre simpatia pelo governo, fala esse tipo de coisa em público. A leitura despertou na presidenta a sensação de terem sido infrutíferos os seus esforços ao longo de 2013 para tentar melhorar a relação com o empresariado. Um cenário angustiante para quem sonha em renovar o mandato daqui a menos de um ano. Mais inquietante ainda é o fato de ela assistir ao ex-aliado Eduardo Campos fazer uma pré-campanha presidencial na qual busca se aproximar de banqueiros, fazendeiros e empresários, na esperança de receber apoio, inclusive financeiro, na eleição. Preocupada e a cada dia com menos tempo e opções para seduzir os empresários. Dilma topa nomear um representante do setor como ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. O cargo ficará vago em breve com a saída de Fernando Pimentel, que disputará o governo de Minas Gerais pelo PT. Para a vaga, a presidenta cogita outro mineiro. Josué Gomes da Silva, dono da indústria têxtil Coteminas. Filho do ex-vice-presidente José Alencar. Silva representaria a volta do setor produtivo ao posto, como aconteceu nos dois mandatos de Lula. Em meio às dificuldades com o grande capital. Dilma também resolveu apostar numa aproximação com o pequeno. Na terça-feira 19. ela lançou cm Campinas, interior de São Paulo, um portal federal na internet destinado a facilitar os negócios de menor porte. No Empresa Simples, será possível abrir e fechar firmas em até cinco dias, além de encontrar clientes e fornecedores. O site receberá investimentos de 30 milhões de reais e entrará em operação no segundo semestre de 2014. Já que não conseguimos atrair os grandes empresários, vamos tentar atrair os pequenos, diz, sem meias-palavras. o ministro Guilherme Afif, da Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Ex-presidente da Associação Comercial de São Paulo e ele mesmo empresário, Afif pertence ao primeiro partido a declara r apoio oficial à reeleição da petista. Criação do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. o PSD anunciou a decisão na quarta-feira 20, em uma reunião de seus dirigentes com Dilma. No encontro, ela defendeu o apoio aos pequenos empresários como uma medida alinhada ao modelo de desenvolvimento do governo. O Brasil tem dois pilares sociais: o trabalho e o empreendedorismo, discursou. O universo empresarial de menor porte, sugerem alguns dados, pode ser uma base social e eleitoral importante, como crê o Planalto. Os pequenos estabelecimentos respondem por 40% dos empregos e da massa salarial no Brasil. O País conta hoje com 3.5 milhões de microempreendedores individuais, dos quais 10% são egressos do programa Bolsa Família. De olho neste público e com a necessidade política de contornar a má vontade do grande empresariado, Dilma está inclinada a patrocinar a aprovação de mudanças no Estatuto da Micro e Pequena Empresa. A lei de 2006 confere vários direitos e benefícios ao segmento. Há u m a no, a Câmara dos Deputados discute modificações no texto. Uma proposta com alterações tem uma votação marcada para a terça-feira 26 cm uma comissão especial. Dilma indicou disposição favorável ao projeto em duas conversas com o relator, deputado Cláudio Puty, do PT, na terça-feira 19. Eles se falaram pessoalmente no avião presidencial que a levou de volta a Brasília após o evento em Campinas e, mais tarde, por telefone. Segundo Puty, ela está entusiasmada com a ideia de promover um amplo processo de desburocratização das atividades privadas. Só há um problema - e nada trivial. Além de regras para descomplicar a vida das empresas, o texto contém medidas capazes de diminuir a arrecadação de impostos do governo federal, dos estados e das prefeituras. O projeto cria um regime tributário especial para o comércio exterior das pequenas empresas, amplia a lista de setores que poderiam pagar impostos de forma unificada por meio do chamado Super Simples e revisa o enquadramento dos contribuintes nas alíquotas deste último tributo, entre outras coisas. Em consequência, a presidenta pediu a Receita Federal que faça cálculos sobre o impacto do projeto na arrecadação. Quer ter números à mão antes de assumir uma posição em definitivo. Por via das dúvidas. encomendou a Afif estudos sobre como o texto poderia ser dividido em dois. Um só com as medidas desburocratizantes, outro com as tributárias. A presidenta foi tomada recentemente por uma preocupação especial com os assuntos fiscais. Como Carta Capital relatou há três semanas, organismos financeiros estrangeiros estão mais severos com o Brasil, e há no governo quem veja um ataque especulativo e preveja o risco de terrorismo mercadista em plena eleição. As críticas nutrem-se do estado das contas públicas, que estariam descontroladas, embora, como demonstram Luiz Gonzaga Belluzzo e Júlio Sérgio Gomes de Almeida à página 48. haja um excesso no pessimismo ortodoxo. Para não dar munição aos críticos. Dilma está decidida a impedir, por ora, a aprovação no Congresso de qualquer aumento de gastos ou redução de receita. Na terça-feira 19, a mandatária reuniu-se com presidentes e líderes de partidos aliados e arrancou um compromisso por escrito contra propostas do gênero. Um dia depois, os parlamentares aprovaram um projeto que desobriga Brasília de cobri r, em 2013, o paga mento de juros da divida não efetuado por estados e municípios. Proposta pelo Planalto em abril, a lei tem tudo para alimentar disparos do mercado contra o governo. E a razão para isso pode ser encontrada na avaliação de um grande empreiteiro. Os presidentes de Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht estiveram nas últimas semanas em audiências individuais no Planalto. Falaram sobre o País e a relação governo-PIB. Para um deles, o mercado não engole duas perdas no governo atual: de lucro, fruto da queda da taxa de juros do Banco Centra ledos bancos estatais, e de influência, com a nomeação para o comando do Banco Central de um funcionário de carreira, e não de um dos seus, como tinha sido nas gestões Lula e Fernando Henrique Cardoso. A saída precoce de Antonio Palocci do governo em 2011, por denúncias de corrupção. teria reforçado o sentimento de desamparo por parte do mercado. Palocci era visto pelo sistema financeiro como um aliado. Alguém capaz de defender ideias mais favoráveis à banca do que as empunhadas pelo ministro da Fazenda. Guido Mantega, considerado um inimigo. Alvo de ataques frequentes por parte de porta-vozes do chamado mercado, Mantega enfrenta mais um disparo. Marcelo Fiche, seu chefe de gabinete, teria recebido propina de uma empresa contratada pelo ministério. A acusação, feita em reportagem da revista Época, levou Mantega a acionar a Polícia Federal para investigar o caso. Fiche tirou férias para se dedicar à própria defesa e dificilmente voltará ao posto. Dilma não tem. porém, planos de demitir Mantega. Não quer dar esse gostinho ao sistema financeiro. Independentemente do pessimismo alimentado pelos investidores, nacionais e estrangeiros, um dos empreiteiros disse acreditar que o setor produtivo tem motivos para se queixar. Como sugeriu Abílio Diniz a Carta Capital, reclama-se da incapacidade do governo de se comunicar bem até quando toma medidas acertadas e da falta de atenção. Despertar o espírito animal dos empresários, presidenta, faz parte da alquimia da política. não da ciência da gestão..
Posted on: Tue, 26 Nov 2013 02:26:16 +0000

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