Do Face de Jerônimo Mesquita ... "Em 1999, tive uma professora cubana no curso de extensão em espanhol do Instituto de Letras da UFBA. Era uma senhora inteligente, educada e altiva, que após um mestrado na Rússia, cursava doutorado na nossa universidade e complementava sua modestíssima bolsa dando aulas de espanhol para estudantes brasileiros. Como defendia Fidel, o regime e a revolução, passou a ser gradativamente hostilizada por parte da turma, especialmente a mais jovem e de melhor renda. Até que conseguiram convencer a coordenadora do curso para uma reunião em que ela seria exposta e sumariamente demitida. Argumentavam absurdos, chegaram a afirmar que ela "não tinha postura de professora" que "falava com sotaque latino", e ainda, pasmem, que "não dominava a língua espanhola". Isto numa classe de primeiro semestre. Eu e um pequeno grupo lutamos em sua defesa, mas nada adiantou. E este foi o último semestre da professora Graziela no curso de extensão da UFBA. É impressionante como a aversão ideológica, a xenofobia exacerbada e o sistemático desrespeito ao povo cubano continua forte no Brasil. Não sei do que eles tem medo. Se o socialismo real acabou, o marxismo anda tão em baixa, o que temem estas pessoas? Que a igualdade e a solidariedade prevaleçam em nossa sociedade, que o amor seja mais forte que o acumulo material, que seja possível um médico de prioridades humanitárias no mundo de hoje? Que bom que as médicas cubanas tem a aparência de uma trabalhadora doméstica brasileira. Que bom que são negras, altivas, vitoriosas. Que bom que esta sociedade até hoje resiste bravamente ao boicote americano, naquela ilha pequena e tão bonita. Que bom que Dilma teve coragem e nos proporcionou este intercâmbio de saúde pública, social e cultural. Já cansei de me envergonhar dessa gente de classe média atrasada, burguesa e fascista. Desses caboclos querendo ser ingleses. Obrigado, Dilma. Obrigado, Cuba. Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia. Quero abraçar forte uma médica cubana assim que tiver oportunidade. E agradecer a infinita generosidade dessa gente para com o mundo inteiro. Dizem que Deus é brasileiro. O papa agora é argentino. Mas o amor, na sua plenitude, aprendemos, dia após dia, a exercitar com o povo cubano"
Posted on: Wed, 28 Aug 2013 18:57:36 +0000
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