Duas décadas de desigualdade e pobreza no Brasil medidas pela - TopicsExpress



          

Duas décadas de desigualdade e pobreza no Brasil medidas pela Pnad/IBGE1 1 Introdução Em 2012, o produto interno bruto (PIB) per capita da China voltou a se destacar no cenário internacional, registrando expansão real de 7,3%, enquanto o produto por pessoa no mundo não cresceu mais do que 1%. No mesmo ano, o PIB per capita brasileiro mal se alterou. Subiu apenas 0,1% em termos reais. Ao mesmo tempo, os microdados de mais de 360 mil pessoas entrevistadas em todo o país na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que acaba de ser divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informam que a renda domiciliar per capita, já descontada a inflação, cresceu 8% no Brasil em 2012, mais do que o PIB per capita chinês. O descolamento entre o PIB calculado nas Contas Nacionais e a renda informada pela população em pesquisas domiciliares não é novo. Em outro comunicado como este, lançado em dezembro último, Neri (2012) já apontava a distância entre o “pibinho” que se projetava para aquele ano e o expressivo crescimento em 12 meses dos valores, então disponíveis até outubro, de rendas do trabalho (6,8%), da previdência (6,1%) e do Programa Bolsa Família (12,2%). Mostrava-se que o fenômeno observado nas Pnads do período 2004-2011 poderia se repetir na nova edição que já tinha ido a campo, mas só seria divulgada em setembro de 2013. Mesmo para quem já acompanhava esses números, a ampliação da discrepância entre o PIB e a renda domiciliar da Pnad 2012 surpreende. Enquanto o PIB brasileiro cresceu 0,9% em termos reais, a renda total das famílias cresceu 8,9% a mais do que a inflação. Este comunicado apresenta as primeiras análises do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir dos microdados da Pnad 2012 do IBGE, concentradas em indicadores de pobreza, desigualdade, acesso a bens e, claro, crescimento da renda per capita e seus determinantes, com destaque para a educação. Os novos dados da Pnad são confrontados com sua série histórica desde 1992, período em que a metodologia se mantém, o que permite analisar duas décadas de evolução da pobreza e da desigualdade segundo a renda domiciliar per capita, que o IBGE não calcula em sua síntese de indicadores, mas serve de base à literatura social e a importantes políticas públicas. Como já sugeriam antes da Pnad os dados mensais da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que o mesmo IBGE realiza nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, a intensa queda da desigualdade de renda domiciliar per capita experimentada pelo país na última década se desacelerou em 2012. Por outro lado, os microdados mais recentes da PME, que já avança até agosto de 2013, permitem-nos mostrar que a queda da desigualdade continua e volta a ganhar força nos últimos meses, ao menos segundo a maior fonte de renda (o trabalho) nas principais áreas onde se concentra a população do país. O crescimento da renda em 2012 foi excepcionalmente forte em todas as camadas da pirâmide social brasileira. Dividindo a população em dez partes iguais ordenadas pela renda domiciliar per capita, a menor taxa de crescimento observada foi a do segundo grupo mais rico, de 6,5%. O maior crescimento foi o dos 10% mais pobres, cuja renda cresceu 14%, já 1 Este Comunicado do Ipea é baseado em texto homônimo de Marcelo Côrtes Neri, Fabio Monteiro Vaz e Pedro Herculano Cavalcanti Ferreira de Souza. Ele foi realizado nos três dias após a publicação dos microdados da Pnad 2012. Agradecimentos especiais à assistência e comentários de Marcos Hecksher, Luísa Melo, Alexandre de Carvalho, Rafael Braga e Sergei Soares. 4
Posted on: Tue, 01 Oct 2013 22:42:52 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015