Durante uma leitura que tratava da questão transcendental do - TopicsExpress



          

Durante uma leitura que tratava da questão transcendental do homem, uma frase de Carlos Bernardo González Pecotche invadia todo momento minha mente: “Tudo o que o homem não conhece, não existe para ele. Por isso o mundo tem para cada um, o tamanho que abrange seu conhecimento”. Ao longo da história da humanidade, o homem foi adquirindo a capacidade de refletir e questionar os fenômenos à sua volta. Com o advento da ciência, esses fenômenos puderam ser estudados e testados, podendo assim fazer parte de toda a “mala” de conhecimento que carregamos hoje. Todavia, vale salientar que o fato de termos guardado todo esse conhecimento em nossa enorme “mala histórica”, não significa que o mesmo deve permanecer trancado lá para sempre. É importante ressaltar que a todo momento este elemento pode ser retirado da mala, modificado, e guardado novamente. E assim caminha a humanidade, em uma constante evolução científica, baseada no conhecer, no duvidar daquilo que se conhece, e no provar daquilo que é duvidado. Todo o grau de abstração do ser humano advém do que ele conhece, por exemplo, se ele conhece a teoria atômica, o mesmo não precisa ter visto o átomo para saber que ele existe; ele conhece a teoria, e quando olhar a sua volta abstrairá que tudo que constitui a matéria é formado por átomos, por mais que ele não veja o átomo em si. Agora eu pergunto a você caro leitor, se o homem não conhece a teoria atômica, pode ele ter o grau de abstração capaz de imaginar infinitos átomos à sua volta? Não, pois nós só podemos abstrair aquilo que nos é de conhecimento. A capacidade de conhecer e refletir o mundo a sua volta que é dada ao homem é fantástica, admirável, curiosa e demasiadamente dependente do conhecimento que o mesmo possui. Importante ressaltar que o fator responsável por esta capacidade é a consciência. Segundo Ibidem, p.82: “A consciência é estranha ao mundo no próprio ato do seu participar da vida no mundo. Está no mundo, mas não pertence ao mundo.” A capacidade de saber que nós estamos vivendo no mundo e que um dia não existiremos mais, nos leva a questionar sobre a existência da mesma nesse mundo. Pois se a consciência é capaz de questionar a sua própria existência e finitude, então ela se diferencia do mundo, sendo os dois, seres distintos e independentes entre si. Em contrapartida, quando li o pensamento de Epicurus - "Por que eu deveria temer a morte? Se existo, a morte não existe. Quando ela existir, eu não mais estarei aqui. Então, por que eu temeria algo que só existirá quando eu não mais existir?" -, surgiu-me uma enorme dúvida: Seria a consciência transcendental à morte, poderia ela existir em outro mundo? Ou a consciência é apenas fruto da atividade dos diversos neurônios que realizam suas atividades dentro do cérebro e tem o seu fim com a morte? Particularmente, esta última me parece mais plausível. Porém nada impede que a ciência surja com outras possibilidades, pois nada é imutável, o que faz da ciência bela é esta capacidade de considerar um possível fenômeno como verdadeiro, e ter artifícios suficientes para tentar prová-los. Para finalizar, deixo o pensamento de Nietzsche, quando sabiamente pensou: “Não poríamos a mão no fogo pelas nossas opiniões: não temos assim tanta certeza delas. Mas talvez nos deixemos queimar para podermos ter e mudar as nossas opiniões quantas vezes forem necessárias.”
Posted on: Sun, 30 Jun 2013 19:56:58 +0000

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