“E disse: Lembra-te, Senhor, peço-te, de que andei diante de ti - TopicsExpress



          

“E disse: Lembra-te, Senhor, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e fiz o que era reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo.” (Isaías 38.3) O rei Ezequias não estava disposto a morrer, mesmo quando chegou uma mensagem para ele da parte do Senhor, dizendo: “Põe a tua casa em ordem, porque morrerás, e não viverás.” A mensagem foi dada de forma absoluta e imutável – “tu morrerás, e não viverás”. Mas o rei não entendeu assim, e o resultado mostra que ela foi projetada para não ser assim entendida. Isto não foi mais, de fato, do que a sua doença em sua própria natureza que era mortal, e terminaria fatalmente. Se Deus iria interferir e curá-lo da doença, restaurando-lhe a saúde, era outra questão. Ele sabia que as doenças estavam sob o controle dAquele que as envia – que elas iam e vinham conforme a Sua vontade, e que nada era difícil demais para o Senhor. Havia um desejo natural de viver, e neste caso especial havia razões para confirmarem e aumentarem esse desejo. Na possibilidade de ter a saúde restaurada e a continuação da vida, repousam os fundamentos da esperança. Porque, na incerteza, ele esperava o melhor – vendo o lado claro, mais do que o sombrio, e pensou mais sobre o poder de Deus, do que sobre o poder da doença. E a esperança encorajou a oração. Deus lhe tinha dado a vida, e esta vida ainda permaneceria, e era o seu negócio viver enquanto Deus deixasse ele viver, e usar todos os meios adequados para este fim, e os meios adequados, no seu caso, foram orações e lágrimas. E não houve nenhuma submissão à morte, enquanto havia uma possibilidade de vida. Sua vida lhe foi dada com o encargo de ser guardada, e ele estava ansioso para guardá-la, e para utilizar os meios adequados para mantê-la, até que Aquele que lha havia dado, mantivesse o dom. Ele não estava cansado de viver e, portanto, ansioso para se livrar de suas funções, encargos e responsabilidades. Nem estava tão encantado com o porvir, a ponto de fazer este mundo parecer um espetáculo fugaz, ou um deserto triste. Seu desejo e oração a Deus foi para que ele continuasse a viver. Mas não foi esta sua fraqueza e enfermidade, assim registradas para a nossa advertência e não para o nosso exemplo? Isso certamente é uma importante questão, e merece uma análise cuidadosa, pois até mesmo o piedoso nem sempre sente ou age do modo correto em relação a isto, nem é seguro em todos os casos imitar este exemplo. Jó era um homem piedoso, e ainda assim tinha um grande desejo de morrer, e Ezequias era também um homem piedoso, e por que não poderia ter um grande desejo de viver? A mera natureza humana certamente é capaz de ambos os extremos, e este último, talvez , é muito mais comum do que o anterior. Foi esse desejo de viver vencendo sua enfermidade e fraqueza, reto aos olhos de Deus – como aprovado por Ele? Esta questão deve ser decidida pelas circunstâncias do caso. A oração de Ezequias foi fundada no fato de que tinha empregado a sua vida a serviço de Deus, e para o benefício de seus semelhantes. “Lembra-te, Senhor, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e fiz o que era reto aos teus olhos”. Ele não edificou sobre a sua própria justiça, para que pela mesma fosse justificado diante de Deus, mas pleiteou isto como uma prova de seu interesse na grande salvação. Ele não demandou a vida como uma recompensa por seus serviços, mas ainda em seu estado extremo pleiteou uma lembrança graciosa desses serviços. Ele reformou o reino, removeu os altos, purificou o templo, e reavivou as ordenanças que haviam sido negligenciadas, e que eram melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios, ele tinha se consagrado a Deus com um coração honesto e sincero, não somente nessas coisas exteriores, mas no que respeita a uma vida santa. Tenho andado diante de ti em verdade e sinceridade, e com um coração íntegro e reto – porque a retidão é uma perfeição, a única perfeição que o homem conhece sobre a Terra – e tenho feito o que é bom aos teus olhos. Seu apelo não é fundado sobre belas promessas e boas intenções, mas sobre um coração reto e bom, quanto ao que já havia feito, e não sobre o que tencionava fazer. E o Senhor deu ouvidos e lhe atendeu, e, assim, confirmou a verdade do seu argumento na oração que fizera, e o mesmo profeta que foi enviado com um aviso para se preparar para a morte, foi enviado com a promessa de restauração. “Eu tenho ouvido a tua oração, e vi as tuas lágrimas, eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.” Sua ansiedade de viver, então, não era a sua enfermidade ou fraqueza. Foi o produto legítimo de sua piedade. Deus o aprovou e lhe atendeu, e a concessão do pedido era um sinal de aprovação divina. Nós podemos de fato dizer, talvez, que todo o objeto desta visitação foi para trazer para fora o verdadeiro espírito do homem – o espírito certo que possuía. Portanto, uma doença, em sua própria natureza mortal, é um aviso para colocar a sua casa em ordem. Sua vida valia tão pouco que ele poderia desistir sem luta? Ele temia tanto a dor que poderia procurar um abrigo na sepultura? E para tornar a provação completa, a morte deveria ser trazida muito perto e toda a esperança de sua advertência seria removida, exceto pela interposição de Deus. Deus disse: “Tu morrerás, e não viverás”, e ele não deve se submeter à vontade de Deus? Mas também Deus disse: “A alma que pecar, essa morrerá”, e não convém a cada alma que pecou se submeter à morte eterna? O dito “morrerás, e não viverás”, mostrou o resultado natural da doença mortal; como o dito, “A alma que pecar, essa morrerá”, mostra o resultado natural do pecado, pois “o salário do pecado é a morte.” Mas este último não faz a morte do pecador ser inevitável, há uma condição, muitas vezes expressada e sempre implícita, e milhões de pessoas que pecaram têm sido salvas diante desta ameaça de morte. Portanto, neste caso, a declaração “morrerás, e não viverás”, embora de forma absoluta, não foi assim, de fato. Para a pergunta, não convinha que ele se submetesse à vontade de Deus, e morresse? pode ser respondida, ele não sabia que a sua morte daquela doença era a vontade de Deus, e ele não tinha meios de saber isto. Deus era capaz de restaurá-lo. A própria linguagem que anuncia a sua morte, implica uma condição. Pelo menos, assim ele a entendeu, e o resultado mostrou que foi concebida para ser assim entendida. Houve então fundamento para a sua esperança, e a esperança inspirou a oração. Mas se ele não tivesse orado? E se ele tivesse tomado como certo que era a vontade de Deus que ele deveria morrer, e por isso somente se resignasse à morte? Ora, ele teria morrido. Assim como neste caso: dois dos discípulos estavam indo para uma aldeia chamada Emaús, e Jesus se aproximou e ia com eles. Mas quando eles se aproximavam de Emaús, ele agiu como quem deveria ir mais longe. “Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque já é tarde e o dia está muito avançado. E ele entrou para ficar com eles.” Agora, o que aconteceria se não tivessem lhe convidado? Ele teria ido embora. Mas por que Ezequias desejou viver? Por que essa forte e sincera súplica para a vida? Ele não temia a morte; em qualquer grau e não tinha nenhum motivo para temê-la. Ele estava em paz com Deus, e preparado para morrer, e havia chegado muito perto das portas da morte. Por que deveria ele desejar voltar – para as mesmas cenas tristes novamente – para retornar das próprias fronteiras do céu para a terra de novo? Nenhum homem, por uma questão de fato, vive para si mesmo ou morre para si. Nenhum homem piedoso deseja ou projeta, viver ou morrer. O que pode ser desejável para um homem sozinho num deserto, não é desejável para o homem no meio da sociedade. Ele é interessado em tudo o que respeita a seus semelhantes, e em tudo o que promove a glória de Deus. E este mundo não é apenas um lugar de tribulações, é um campo de utilidade. Há necessidade e espaço suficiente para todos. E vendo o que, pela graça de Deus, ele tinha feito, e que, se a sua vida fosse poupada, ele ainda poderia realizar, então foi parte da sua piedade o desejo de viver em vez de morrer. Então Ezequias louvou ao Senhor com as seguintes palavras que lemos na parte final do cântico que ele compôs após ter sido curado: “Eis que foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados. A sepultura não te pode louvar, nem a morte glorificar-te; não esperam em tua fidelidade os que descem à cova. Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço; o pai fará notória aos filhos a tua fidelidade. O Senhor veio salvar-me; pelo que, tangendo os instrumentos de cordas, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida, na Casa do Senhor.” – Isaías 38:17-20
Posted on: Thu, 28 Nov 2013 14:00:23 +0000

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