E se a Nokia fosse Android? No mundo dos smartphones, há uma - TopicsExpress



          

E se a Nokia fosse Android? No mundo dos smartphones, há uma pergunta que não quer calar: por que a Nokia não adotou o Android em vez do Windows Phone? Muitos jornalistas da área acham que, se ela tivesse optado pelo sistema da Google quando abriu mão do Symbian, estaria de novo na crista da onda. Na época -- aí por 2011 -- o Android já era um SO bem estabelecido, com milhares de aplicativos, ao passo que o Windows Phone dava seus primeiros e solitários passos. Todos, mesmo os que não pensam exatamente assim, vêem por trás dessa escolha a mão de Stephen Elop, primeiro CEO não-finlandês da empresa, recrutado nos quadros executivos da Microsoft. Confesso que, assim que a escolha do Windows Phone como plataforma exclusiva dos smartphones da casa foi anunciada, fui mais uma entre os milhões de usuários revoltados que encheram telas e telas de fóruns com mimimis. Eu gostava muito do Symbian, não gostava nada da Microsoft, achava o Android um sistema promissor e me peguei com uma vaga antipatia por Elop -- a respeito de quem não sabia nada. A Nokia, pensei com amargura, estava indo a passos largos para o brejo. Comecei a mudar de opinião quando, em março do ano passado, usei um Lumia 800. O aparelho era lindo e bem acabado; o sistema operacional (WP 7.2) era interessante, e muito diferente de tudo o que eu havia visto até então. Mas não tinha aplicativos -- e o célebre Fator Wow! não chegou a aumentar muito os meus batimentos cardíacos. Minha conversão ao Windows Phone se deu um ano depois, com o Lumia 920, que roda o WP 8: hoje ele é o celular em que uso o meu número pessoal, ou seja, o meu aparelho de verdade, do coração. Considero o WP 8 o melhor dos sistemas operacionais atuais para smartphones, e o Lumia 920 o melhor aparelho do mercado. Por causa disso, passei a simpatizar com Elop e a achar que ele havia, afinal, feito uma boa escolha. Ainda assim, não estava (e não estou) muito certa se dois ou três modelos Android não fariam bem à Nokia. Essa foi, portanto, a primeira pergunta que fiz ao CEO quando o entrevistei, junto com outros colegas latino-americanos, durante o lançamento do Lumia 1020 em Nova York. Stephen Elop, que é uma pessoa efetivamente simpática, explicou que não. Na verdade, ele não vê grandes vantagens no Android; acha que o mercado deste SO está concentrado nas mãos da Samsung, que vai bem (por mérito próprio e não por mérito do Android), ao passo que os demais fabricantes estão perdidos num mar de mesmice. Com o Windows Phone, a Nokia tem a oportunidade de se sobressair -- e tem, também, uma parceria poderosíssima. Ao contrário de gastar em licenciamento, ela recebe recursos diretos e indiretos da Microsoft, aliada mais confiável do que o Google: quase toda propaganda que a gigante de Seattle faz do seu sistema para smartphones é estrelada por algum Lumia ou Asha. Passa a ter também maior penetração no disputadíssimo mercado norte-americano, mais orientado por operadoras do que por fabricantes (tanto que, depois do 920 para a AT&T, já lançou outros dois modelos exclusivos, o 928 para a Verizon, e o 925 para a T-Mobile). Stephen Elop está convencido de que a Nokia só reconquistará o seu papel de braços dados com a Microsoft e com o seu extraordinário sistema operacional. Eu, que sou fã de longa data da empresa finlandesa, torço agora para que seus smartphones não sejam a Betamax dos novos tempos -- a tecnologia perfeita que perdeu a parada para um produto pragmático. (O Globo, Economia, 20.7.2013)
Posted on: Sat, 20 Jul 2013 07:55:22 +0000

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