ELE: Você está triste? (Ficou indecisa entre esboçar um sorriso forçado ou compartilhar sua aflição. Percebera que o seu olhar guardava informações misteriosas como se ela enxergasse o que não tivesse sido feito para ser visto. Tateava, miseravelmente, as delicadezas do absurdo e apertava os dentes com força pela inabilidade de explorá-lo. Ela só possuía palavras e, estas só poderiam se aproximar, timidamente, de algo que não lhe bastava apenas dizer). ELA: Não sei. (Era mais um daqueles momentos de explosão em que sentir não caberia nos sentimentos catalogados. Tinha verbos, mas aspirava cores, tintas. Tinha adjetivos, mas desejava atmosferas, dialetos inexistentes. Procurou alguma árvore que pudesse abraçar, acariciou seu tronco áspero: era aquilo que não podia ser dito. Encaixou a cabeça em um dos galhos como quem procura o amparo de um ombro e sussurrou: “que a sua fortaleza me acalme”. Ela só tinha palavras... estas só poderiam dizer). (Trechos de um texto) Marla de Queiroz
Posted on: Wed, 25 Sep 2013 14:28:01 +0000
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