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ESTABELECIMENTOS CENTENÁRIOS Quando há anos demos notícia de estabelecimentos centenários, na rua do Souto, mal julgávamos que decorrido alguns tempo essas casas centenárias teriam os seus dias contados. De facto, salvo a honrosa Farmácia Pipa, todas elas seriam absorvidas por estabelecimentos estrangeiros, predominando os espanhóis e, assim aos poucos foram desaparecendo a Casa Carneiro, a Casa Fânzeres e outras mais recentes como a Livraria Pax, e finalmente, embora não centenária, a Casa Esperança, que entre outras estão a ceder os seus lugares a serviços comerciais estrangeiros. Mas não só neste arruamento, o centro comercial do velho burgo bracarense, outras casas estão ameaçadas do mesmo destino. Já se ouve dizer para aí, que uma grande superfície galega está para se instalar na cidade. Será verdade? Pelo menos sabe-se que as obras já principiaram e irão, segundo os " zuns-zuns ", ocupar um espaço, que já pertence a uma firma de pronto a vestir, estabelecida há tempos na cidade, e que dará acesso da Avenida a Liberdade ao Largo Carlos Amarante. Voltando atrás, sabe-se que nos tempos da Revolução Popular da Maria da Fonte, que no século dezanove, desbastou e flagelou a região do Minho, com especial incidência em Braga, já existia a Botica do Pipa, ancestral da hoje Farmácia Pipa. E isto se sabe não só, certamente pelos Arquivos desta velha Casa, mas também pelos registos das Actas Camarárias, que muitas vezes se referem a João Luís Pipa, droguista da rua do Souto, arrematante da Iluminação da Cidade a óleo (Copiador Para a Administração Geral, 1845, Set. 17, fol. 79), e ainda numa acta em que este Senhor pede e se julga com direito a uma indemnização pelos prejuízos causados nos lampiões pela fuzilaria originada pelos revoltosos e forças da ordem, durante as investidas revolucionárias. Também o seu nome aparece como farmacêutico numa vistoria a uma das nascentes de água das Sete Fontes, em 1853. Segundo parece, por averiguações feitas nos livros de emprazamentos, e conforme informação credível, encontraram-se referências a uma botica na rua do Souto por volta dos meados do século XVIII, o que a seu tempo, com mais certeza, será divulgado. Ora com tais referências passou a ser considerada, a Farmácia Pipa como o último abencerragem do século dezoito, farmácia que não escapou à rabugice de Camilo, que a ela se refere numa das suas obras. Mas, por vezes aparece sempre um "ma " que nos leva a destruir um mito. Ora desta vez, surgiu-nos um "mas" que nos leva a concluir que, segundo cremos, nos dá conta de uma casa comercial, ou melhor, também industrial, tão antiga como a Farmácia Pipa (pelo menos nos documentos) e que tal como ela ainda hoje presta os seus serviços. Referimo-nos à Padaria da Régua, ali na rua de São Vitor, quase escondida, num recanto do que resta da velha rua da REGOA, e que com a rua da Seara, deu origem à rua de São Vitor, mandada alargar pelo Arcebispo Dom Luís de Sousa (1677 - 1690). Assim no Livro de Registos da Câmara - (1823 - 1825) - achamos esta nota : " Registo de uma Carta de Exame de Padeira passada em nome do Senado da Câmara a favor de Maria Theresa, casada da rua da Régoa ( sic ) freguesia de São Victor desta Cidade Aos dezasseis dias do mês de Fevereiro de mil oitocentos e vinte e sete anos registei huma carta de exame passada em nome do Senado da Câmara desta Cidade a favor de Maria Theresa casada de São Victor desta Cidade pela qual pode livremente usar do dito ofício Com Loje aberta visto se achar Examinada e aprovada pelo Juiz e Escrivão do dito ofício e com todos os Competentes e Legítimos e Sello do Concelho na forma do Estillo a que me reporto. E eu Feliciano José da Cunha, Escrivão da Câmara o subscrevi Feliciano José da Cunha " Já depois de termos achado a acima nota, viemos encontrar outra referência a esta padaria num livro de registos anterior (1818 - 1823) que mais ou menos está conforme a acima, apenas diferindo na data - 1 de Março de 1820, fol. 74 - e indicando que Maria Theresa era casada com Manuel José Alves . Por tal motivo pode-se afirmar que este estabelecimento ainda é mais antigo do que julgávamos. Fazendo fé nestes registos, quase temos a certeza que a Padaria, ainda hoje conhecida pela Padaria da Régua, na rua de São Vitor, é a herdeira, se não da tal Maria Teresa a que se referem os registos acima, a que se encontra no que resta da rua da RÉGOA, é pelo menos a herdeira do nome, e assim esta Casa atravessou os períodos conturbados das lutas liberais, da Revolução da Maria da Fonte, dos agitados tempos do século dezanove, viu cair a Monarquia, assistiu a instalação da Republica, à primeira e segunda guerra mundial e continua firme no seu escondido estabelecimento a dar o pão fresco e quentinho todas as manhãs. Braga, Junho de 2001 LUÍS COSTA OBS. Isto em 2001 – Doze anos decorridos, tudo piorou. Morreram de morte natural, ASSASSINADAS. Em data que não averiguamos, a padaria da Régua, desapareceu e em 2013- Piorou e tende a piorar, por último lá foi a PHARMÁCIA PIPA, que teve de se deslocar para a periferia, QUE MAIS VIRÁ A ACONTECER. Dizem-me que o mesmo aconteceu com o Instituto Galénico, há tempo. Tudo isto em nome da REGENERAÇÃO do CENTRO HISTÓRICO URBANO. L.C.
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 11:07:42 +0000

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