EUA condenam Manning por denunciar crimes de guerra Tribunal de - TopicsExpress



          

EUA condenam Manning por denunciar crimes de guerra Tribunal de exceção montado por Obama considera Manning culpado de “espionagem” por ter cumprido com as obrigações legadas em Nuremberg e exposto massacre de civis no Iraque Por trazer a público, através do site “WikiLeaks” e dos principais jornais do mundo, que reproduziram, os crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão, e a ingerência de Washington em toda a parte, o soldado Bradley Manning foi condenado por “espionagem” por um tribunal militar de exceção montado pelo governo Obama, e ficou sujeito a 136 anos de cárcere. A extensão da pena ainda será definida nas próximas semanas. Apesar de a Casa Branca ter pedido, a juíza do caso, coronel Denise Lind, decidiu por absolver Manning da acusação mais absurda, a de “ajudar o inimigo” - por cumprir com as obrigações legadas pelo Tribunal de Nuremberg. A condenação de Manning a 20 de 22 acusações expressa bem o estado policial que cada vez menos disfarçadamente impera nos EUA. Não são julgados nem condenados os pilotos do Apache que executam, às risadas, dois jornalistas da Reuters e outros civis desarmados, e em seguida um iraquiano, numa van, junto com os filhos, que socorre as vítimas e por isso também é morto – o famoso vídeo do “assassinato colateral” de 2007 e da frase “quem manda trazer suas crianças para o campo de batalha”. Não é julgado nem condenado W. Bush, que assassinou 1,5 milhão de iraquianos com sua guerra pelo petróleo, desencadeada com a mentira das “armas de destruição em massa”. Que torturou dezenas de milhares de iraquianos durante a ocupação, parte deles em Abu Graib. Não, nessa “maior democracia do mundo”, quem é levado a julgamento e condenado é quem denuncia os crimes de guerra e a tortura. Assim, Obama comete contra Manning o que Nixon fracassou diante de Daniel Ellsberg, o denunciante da década de 1960 que divulgou os “Papeis do Pentágono” sobre a guerra do Vietnã: uma condenação por espionagem. Logo Obama que espiona, comprovadamente, o planeta inteiro, diariamente. Mas, como é revelador o surgimento de Edward Snowden, o porteiro da Casa Branca está perdendo a guerra para abafar a verdade. Manning foi mantido preso por semanas em uma jaula no deserto do Iraque, foi levado aos EUA e torturado durante 10 meses numa base e acabou por completar três anos na prisão, mas não se dobrou. Estava ereto e encarou a juíza ao ouvir a sentença. Nesse tempo, tornou-se herói para milhões nos EUA e no planeta inteiro. Já o primeiro presidente negro tem muitas razões para não querer denúncias na sua porta: ele também é um criminoso de guerra, com suas execuções com drones, “terças da morte” e outras atrocidades. De seu asilo na embaixada do Equador em Londres, o fundador do “WikiLeaks”, Julian Assange – cujo nome foi citado dezenas de vezes durante o “julgamento” por suposta “conspiração” – assinalou que é a primeira vez que um denunciante nos EUA é condenado por espionagem, e que se trata de um “perigoso precedente” por comparar “difusão de informação à espionagem” e um exemplo do “extremismo da segurança nacional”. A organização “Veteranos pela Paz” levou cartazes de apoio a Manning, saudando-o por expor os crimes de guerra. A entidade de defesa dos direitos civis ACLU ressaltou que “o governo está tentando intimidar quem quer que possa considerar revelar informação valiosa no futuro” sobre as violações da lei internacional. Para a ACLU, “vazamentos à imprensa de interesse público não deveriam ser processados sob a Lei de Espionagem”. A Anistia Internacional declarou que “é difícil não tirar a conclusão de que o julgamento de Manning foi para enviar uma mensagem: o governo dos EUA irá atrás de você”. Assange lembrou que o programa presidencial de Obama em 2008 enaltecia a função dos denunciantes (“whitleblower”) como “juízes das instituições”, mas que depois de eleito já processou por vazamento de informações mais pessoas que todos os presidentes do país anteriores juntos. “Os ataques contra Manning não são um sinal de força, mas de fraqueza”, ressaltou o fundador do “WikiLeaks”, que denunciou que esse “nunca foi um processo justo”. JULGAMENTO-FARSA O julgamento já havia sido considerado pelo jurista Michael Ratner, do Centro pelos Direitos Constitucionais como um “julgamento-farsa” e um “teatro do absurdo”, por ter testemunhas não identificadas e provas secretas, e devido à Defesa não poder convocar funcionários do governo para depor. Uma situação tal que a defesa optou por um julgamento feito exclusivamente pela juíza, abrindo mão de um júri que seria escolhido a dedo pelo Pentágono, isto é, por Obama. Em sua declaração ao tribunal, Manning assumiu para si toda a responsabilidade pelas denúncias e esclareceu como, de um soldado inexperiente e sem perspectivas, se alçou à condição de um dos mais altivos seres humanos da atualidade. Obrigado por suas funções a ter contato com a realidade crua dos crimes de guerra, ele transformou sua consciência e decidiu agir. Na corte, falou sobre seu inconformismo com a “sede de sangue” das tropas americanas e sua “obsessão em capturar e matar alvos humanos em listas”. “Eu queria que o público americano soubesse que nem todos no Iraque e no Afeganistão são alvos que precisam ser neutralizados, mas pessoas que estão lutando para viver no ambiente de panela de pressão do que nós chamamos de guerra assimétrica”, afirmou. ANTONIO PIMENTA
Posted on: Sun, 04 Aug 2013 03:35:45 +0000

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